#SemSaída (2020)

4.4
(5)

#SemSaída
Original:No Escape
Ano:2020•País:EUA
Direção:Will Wernick
Roteiro:Will Wernick
Produção:Sonia Lisette, Will Wernick
Elenco:Keegan Allen, Holland Roden, Denzel Whitaker, Ronen Rubinstein, Pasha D. Lychnikoff, George Janko, Siya, Daniyar, Dimiter D. Marinov, Emilia Ares

E mais uma vez a busca desesperada por views e um alcance maior de popularidade nas redes sociais impulsionam uma produção de terror. Depois de filmes como Não Desligue – como uma vingança a essa falta de empatia virtual – e O Manicômio – pela proposta de realizar um desafio investigativo -, vem esse thriller, com referência a Jogos Mortais e O Albergue, e que também envolve a febre das “salas de fuga“. #SemSaída (no original No Escape, e também encontrado como Follow Me) mistura todos esses universos e ainda lembra outras produções, principalmente uma específica dos anos 80 e que não pode ser lembrada por se tratar de um imenso spoiler. Embora seja algo que duvido que irá surpreender alguém…

O popular Cole Turner (Keegan Allen) está completando dez anos de sucesso nas redes sociais. Desde a apresentação de sua intensa rotina à experiências radicais, ele é um rosto bastante conhecido pelo modo descontraído como reage a desafios, brinca em situações inusitadas e está sempre atraindo fãs e investidores. Como comemoração da marca, ele pede que o público lhe traga sugestões que realmente irão desafiar seus limites numa experiência real e intrigante. Assim, ele topa viajar para Moscou, numa sugestão de seu amigo Dash (George Janko), que conhece o rico empresário Alexei (Ronen Rubinstein) na concepção de “escape rooms” personalizadas. Para a brincadeira, ela leva também os amigos Thomas (Denzel Whitaker – não é filho do Denzel Washington e nem do Forest Whitaker, mas deu a si esse nome ao atuar com os dois atores na carreira), Sam (Siya) e a namorada Erin (Holland Roden, da série Teen Wolf e que curiosamente está em Escape Room 2).

Ao chegar a Rússia, curtir uma balada dançante e quase se envolver numa briga, Cole demonstra estar curioso pelo jogo proposto, mas receoso para não decepcionar sua namorada, que o sente se afastando aos poucos. Ele então é conduzido com os amigos ao local onde começará o “escape room“, sendo já avisado que o ambiente terá inúmeras câmeras e elas estarão direcionadas para a rede social dele, permitindo que o público não perca um segundo sequer de sua experiência. Então, ele e os amigos são separados e deixados nas celas escuras de uma prisão russa, e Cole, como protagonista, deve realizar os puzzles para conseguir escapar e libertar seus amigos. Logo no primeiro desafio, ele deve procurar uma chave, abrindo um cadáver verdadeiro, em uma sala de necropsia.

Já seus amigos estão presos à armadilhas de tortura em suas próprias celas: Dash está numa “donzela de ferro“, Thomas com os braços presos a cordas que os estão esticando, Sam está em uma cadeira elétrica e Erin, numa caixa de vidro, na cena que ilustra a capa do filme. Enquanto busca ajeitar engrenagens e separar líquidos para alcançar uma medida, aos poucos ele e os amigos começam a sentir que aquele jogo pode não ser assim tão amistoso, principalmente quando Dash revela não ser tão próximo assim de Alexei. Parece que a busca pela fuga desse jogo pode testar mais do que seus desafios, mas a sua capacidade de sobrevivência. “O jogo me transformou. E vai também mudar você.“, adianta Alexis em dado momento.

Para aceitar o que se propõe, é preciso que o público não tenho muito conhecimento do gênero e não seja daqueles que gostam de especular, tentar prever ações e como tudo irá terminar. Nem é preciso se atentar muito a detalhes, porque boa parte das pistas são atiradas na face do espectador desde os primeiros momentos. Uma das falas de Alexei – não irei colocá-la aqui por razões óbvias – já evidencia o que o destino reserva ao protagonista, mas o roteiro ainda insiste em tentar camuflar o que realmente acontece, como se tapasse o sol com uma peneira rasgada. Talvez por essa toda fragilidade do enredo que o filme não mereça uma recomendação, passando longe de seu objetivo de recordar o subgênero “torture porn” e também de surpreender o infernauta.

Com uma direção até correta de Will Wernick – que, se a câmera detalha o cadáver aberto para encontrar uma chave, ela se esconde nas sequências de tortura -, pode ser que você se envolva por #SemSaída pela simpatia do protagonista, pelos aspectos técnicos – como o visual da prisão e dos demais ambientes – e pelo modo como termina, sem possibilidade de continuação. Mas tenha consciência do que você pode encontrar pelo caminho para não se surpreender negativamente, tendo a impressão que fora enganado.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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