Escape Room 2: Tensão Máxima (2021)

3.8
(6)

Escape Room 2: Tensão Máxima
Original:Escape Room: Tournament of Champions
Ano:2020•País:EUA, África do Sul
Direção:Adam Robitel
Roteiro:Will Honley, Maria Melnik, Daniel Tuch, Oren Uziel, Christine Lavaf, Fritz Böhm
Produção:Neal H. Moritz
Elenco:Taylor Russell, Logan Miller, Deborah Ann Woll, Thomas Cocquerell, Holland Roden, Indya Moore, Carlito Olivero

A incômoda sensação de claustrofobia proposta, aliada ao cronômetro em contagem regressiva, deu às salas de fuga os elementos necessários para a diversão. Partiram da China e Taiwan para alcançar a América apenas em 2012, com a notada inspiração no cinema de horror, mais precisamente nas franquias Cubo e Jogos Mortais. A retribuição à fonte viria em 2017 com o lançamento de 60 Minutos para Morrer, de Will Wernick, que, embora até se aproxime dos jogos, demonstrou fragilidade em seu enredo bastante óbvio e sem ousadia. Foi a vez, então, de Adam Robitel dar a sua contribuição ao estilo, e o fez em uma produção homônima muito bem realizada, propondo um jogo de sobrevivência e inteligência, com personagens mais carismáticos que o filme anterior. Com uma boa divulgação na CCXP e salas criativas que exploravam limites opostos, Escape Room se saiu bem na bilheteria, além de instigar o público a aguardar uma possível continuação.

Já em fase de pré-produção desde 2019, os realizadores, principalmente Robitel e os roteiristas, Will Honley, Maria Melnik, Daniel Tuch e Oren Uziel, tiveram que imaginar maneiras ainda mais intensas e criativas para conduzir o espectador a experiências novas e divertidas. “Fizemos fogo, gravidade, gelo, frio, gás, então precisamos nos superar agora“, disse o cineasta em entrevista ao Bloody Disgusting, supondo o quanto eles estariam sendo desafiados a criar torturas físicas e psicológicas em ambientes diferentes e mais ousados. E talvez o principal de tudo: estabelecer uma boa conexão com o longa original ao resgatar os personagens sobreviventes, a tímida e inteligente Zoey (Taylor Russell) e o sortudo Ben (Logan Miller).

Convencido pela garota sobre expor a empresa Minos Corporation, eles partem para Nova York a partir da pista principal, configurada pelo símbolo que representava coordenadas do que deveria ser a sede. Encorajada por sua terapeuta (Lucy Newman-Williams), embora não confiante para vencer seu medo de avião – contrariando o que a própria disse ao final do primeiro filme -, Zoey e Ben partem de carro até um galpão, sem pedir a ajuda de investigadores, policiais e até familiares que pudessem dar suporte à aventura. Lá, são roubados por um ladrão local e o perseguem até a estação de metrô, em um episódio similar ao que fora visto na abertura de Espiral. Como no filme de Darren Lynn Bousman, a sequência inspira questionamentos sobre inúmeras possibilidades (os tais “e se”) das intenções dos organizadores do jogo não obtiverem sucesso. E se, Zoey e Ben não perseguissem o rapaz, mesmo envolvendo o colar de importância familiar?…entre outros.

Como visto no trailer, ambos se encontram em um vagão com outras pessoas, no início do “torneio dos campeões”, um jogo que, diferente dos anteriores, não permitiu que eles decidissem sobre querer ou não participar. Essa primeira “sala”, apesar de exagerada em sua estrutura e ameaça elétrica, traz um nível bem interessante de tensão à medida em que os participantes precisam associar as letras que faltam nas propagandas presentes no local ao suporte dos passageiros para conseguir moedas. Além de Joey e Ben,  Rachel Ellis (Holland Roden), que sofre de analgesia congênita, Brianna (Indya Moore), o padre Natan (Thomas Cocquerel) e Theo (Carlito Olivero) correm contra o tempo para encontrar a saída, em um elevado nível de adrenalina e ótimos efeitos especiais.

É só a primeira das necessárias fugas, em jogos de criatividade e inteligência, até que Zoey se lembre do que fizera no anterior para sobreviver.  Outras irão envolver cenários interessantes como o do banco, sem que acionem o sistema de segurança, e a da praia, com areia movediça. Nem todos os personagens irão sobreviver às ameaças, e quem você imagina que poderia estar morto talvez não esteja. “Se você não viu, pode não ter acontecido“. E esse a quote que traz a grande surpresa de Escape Room 2: Tensão Máxima (Escape Room: Tournament of Champions), em uma solução bastante improvável apenas para trazer algumas explicações desnecessárias sobre o “mestre do jogo” e um sequestro.

Com uma primeira metade muito mais eficiente, o roteiro apela no último ato para a imprescindível aceitação do absurdo. É preciso muita boa vontade do infernauta para aceitar a imensa organização da Minos – a empresa tem uma estrutura quase sobrenatural -, além de várias facilidades que contribuem para as coisas acontecerem do modo como foram vistas. E é curioso quando uma própria personagem percebe tardiamente que dadas situações foram fáceis demais, servindo como um breve momento racional e ao mesmo tempo como uma voz da consciência do espectador.

Ao final, a sensação é a de ter testemunhado um jogo visualmente agradável, desde que você tenha boa vontade e paciência, e passível de estimular novos filmes, como a franquia Premonição. Tendo consciência da proposta, sem exigir muita lógica, Escape Room 2 pode figurar como o terror-pipoca de 2021, ainda que o filme não demore muito para encontrar uma saída dentre suas recordações.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

2 thoughts on “Escape Room 2: Tensão Máxima (2021)

  • 10/04/2023 em 03:15
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    Filme horroroso, até começa bem porém vai ficando cada vez pior com o passar do filme, prefiri bem mais o primeiro que pelo menos não tinha coisas tão absurdas quanto esse segundo.

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  • 05/10/2021 em 16:43
    Permalink

    Me falta essa “boa vontade” de aceitar o absurdo, o exagero, mesmo na ficção.
    Assim como eu me senti em “O Homem nas Trevas 2”, o sentimento se repetiu aqui.
    Não consegui mais levar à sério o que eu estava assistindo, mas acabei aceitando. É um filme-pipoca mesmo. Entretenimento.
    Valeu a diversão.

    Ah, e fiquei feliz em ver Isabelle Furhman no filme.
    Gosto muito de “A Orfã” e estou ansioso em ver ela interpretando Esther novamente na vindoura prequel.

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