A Lenda de Candyman
Original:Candyman
Ano:2021•País:EUA Direção:Nia DaCosta Roteiro:Nia DaCosta, Jordan Peele, Win Rosenfeld Produção:Jordan Peele; Ian Cooper; Wind Rosenfeld Elenco:Yahya Abdul-Mateen II; Teyonah Parris; Nathan Stewart-Jarrett; Colman Domingo; Vanessa Williams; Tony Todd e Virginia Madsen |
Dentro do universo do terror no Brasil não é difícil se deparar com traduções de títulos originais um tanto quanto suspeitas. Algumas transformam motosserras em serras elétricas enquanto outras dão continuações para filmes que sequer existiram.
No caso de A Lenda de Candyman, novo filme da diretora Nia DaCosta, o título brasileiro acaba por somar ainda mais para a releitura de uma história de horror que pulsa dentro da nossa sociedade atual. Mas afinal de contas, o que é uma lenda? Por definição, lenda é uma narrativa fantasiosa transmitida pela tradição oral através dos tempos. De caráter fantástico e/ou fictício, as lendas combinam fatos reais e históricos com fatos irreais que são meramente produto da imaginação aventuresca humana. Uma lenda pode ser também verdadeira, o que é muito importante.
E é por isso que uma simples palavra, como lenda, se torna tão importante para esta narrativa. Ao assinar o roteiro ao lado de Jordan Peele e Win Rosenfeld, Nia DaCosta toma a decisão de contar uma lenda moderna, uma que parece permear toda a história de um povo e assombrar até aqueles que se recusam a dizer certas coisas em voz alta. É importante que uma lenda seja verdadeira, e é ao nos mostrar essa importância que DaCosta nos presenteou com um dos filmes de terror mais interessantes deste ano.
Dizer que A Lenda de Candyman é um remake seria completamente injusto com a proposta de DaCosta. O longa funciona na verdade como uma continuação direta do filme de 1992, O Mistério de Candyman, dirigido por Bernard Rose e produzido por Clive Barker. Acompanhamos o casal Anthony McCoy (Yahya Abdul-Mateen II) e Brianna Cartwright (Teyonah Parris), em 2019 no bairro de Cabrini-Green.
Anthony é um artista plástico famoso por suas pinturas que retratam o racismo nos Estados Unidos, e se encontra em um crise criativa, que coloca em jogo seu relacionamento com Brianna, uma jovem diretora de galeria de arte em ascensão. É durante um jantar na casa do casal que Anthony entra em contato pela primeira vez com a lenda de Candyman, apresentada para ele através do irmão de Brianna, interpretado por Nathan Stewart-Jarrett. Aqui, o filme toma uma escolha estética bastante interessante: a lenda contada nesta versão é justamente a história de Helen Lyle e de todo o desenrolar dos fatos que acontecem no filme de 1992, tudo isso narrado visualmente com um magnífico teatro de sombras. Somos apresentados muito mais à lenda de Helen Lyle do que de Candyman propriamente dita, mas é ao tentar entender quem está por trás desse personagem que Anthony mergulha em sua obsessão pela lenda.
O primeiro ato do filme convida o espectador a desbravar a história do assassino junto com McCoy. A direção de DaCosta brilha ao apresentar a cidade do ponto de vista do protagonista, que tenta entender nela suas raízes e seu papel dentro desse conto. É em uma de suas explorações que Anthony conhece William Burke (Colman Domingo), que diz ao protagonista que viu Candyman quando era criança, e conhece o passado sangrento que o assassino carrega.
É uma pena que a loucura artística de Anthony não tenha sido melhor explorada. Apesar de ter um papel importante no primeiro ato do filme, ela não funciona como fio condutor na nova versão de Candyman, sendo deixada de lado da metade do filme para frente. Ao expor sua obra em uma galeria de arte, Anthony convida as pessoas a dizerem o nome do assassino cinco vezes em frente a um espelho, é claro que uma das consequências dessa ação é o icônico e aguardado retorno de Candyman.
A fotografia tem uma papel crucial para a construção narrativa do filme; é através dela que DaCosta parece nos fazer questionar as estruturas convencionais que nos cercam. Planos espelhados, prédios invertidos, um assassinato gravado através da janela de um apartamento de luxo, é como se fosse difícil tanto para estes personagens quanto para nós espectadores existirmos neste espaço. É justamente nessas colocações que A Lenda de Candyman ganha tanta força e mostra que DaCosta, Peele e Rosenfeld estavam propondo uma reflexão muito mais provocativa sobre o racismo, que aqui é questionado não apenas no dia a dia, mas também em suas estruturas e raízes.
É a partir desse momento que A Lenda de Candyman começa a mostrar seu ponto mais forte, mesmo que ele não seja tão bem executado na prática. Dentro da loucura de Anthony somos forçados a olhar o reflexo do personagem e nos questionar: afinal, quem é Candyman?
Se no filme original existia a certeza de que Candyman era sim um vilão vingativo, neste ela também existe – mas não antes de de ele ser uma vítima das estruturas que o filme tenta expor e denunciar. É por isso que o espaço, os espelhos e as construções são tão importantes para o filme, pois estamos vendo aqui uma lenda que é um fruto direto da nossa sociedade, e somos forçados a refletir sobre ela e tentar entender porque permitimos que ela permeie por tanto tempo.
A Lenda de Candyman consegue levantar todos esses pontos e ainda nos dar um banho de sangue: são inúmeras sequências de mortes extremamente bem executadas, com direito até mesmo a homenagens ao filme original. Apesar disso, a execução do longa não é redonda; as escolhas narrativas são importantes mas infelizmente são um tanto quanto mal encaixadas no ato final, deixando uma sensação de que o filme precisava de um pouco mais de tempo para amarrar suas pontas soltas para o espectador ter tempo de digerir aquilo que está sendo mostrado em tela. É ao apostar em grandes sequências de reviravoltas no ato final que A Lenda de Candyman deixa um pouco a desejar, mas nada que tire o brilho final da obra como um todo.
A Lenda de Candyman não é um filme perfeito, mas é um filme necessário e corajoso. Se for para ser classificado como um remake, é o tipo de remake que deveria ser feito com mais frequência. Existe um respeito pela obra de 92 e ele também se utiliza da história original como uma base para uma releitura importante para os dias atuais.
É um filme bem executado, com excelentes atuações e momentos de terror bastante genuínos. Peca em alguns pontos de sua narrativa mas ainda consegue manter um bom nível durante boa parte de sua duração. A Lenda de Candyman nos oferece um olhar no espelho e nos convida a enxergar os horrores deste reflexo, porém é justamente ao forçar o nosso olhar para estes horrores que seremos capazes de compreendê-los e assim, finalmente, perder o medo de dizer seu nome em voz alta.
Filme nojento, desprezível e quase criminoso. Trata pessoas brancas como se fossem demônios desalmados. O original dá um banho nesse lixo que só se interessa em montar uma guerra racial em nossa sociedade e pra piorar fazem um desserviço á Tony Todd colocando ele apenas nos segundos finais do filme! Confesso que não consigo entender essas 4 caveiras que vocês deram pra esse estrume de filme, daria 1,5 só pela violência do filme que é bacana.
Sabe quando se diz que o horror é o gênero que melhor sabe transmitir em tela as ansiedades da humanidade? É isso o que Candyman faz, meu caro,e vc não tá vendo pq tá bem seguro aí na sua bolha super confortável. Te convido a olhar em volta, porque a guerra racial já existe 😉
O problema é que essa droga de filme força muito a barra, ele trata o racismo da sociedade em 2020 como se fosse exatamente que nem o racismo nas décadas de 50 ou 60 que eram bem mais graves. Só gente cega pra achar que nada mudou daqueles tempos pra cá, apesar de que provavelmente terá aqueles chorões de plantão (sempre tem eles) que vão dizer “ainda á muita coisa á melhorar”
O racismo é grave pra caralho hoje ainda, João. E sim, ainda há muito a melhorar. A choradeira que tô vendo no seu comentário não é de negros, não.
Recomendo ver as críticas dos usuários do imdb desse filme, não encontrei uma ÚNICA crítica positiva, no máximo nota 5 e olha que eu procurei bastante as críticas nessa página. Os argumentos são os mesmos que os meus como o fato de o filme ser apenas um veículo para mensagens sociais ao invés de se focar em ser um filme de terror e também o fato de que o filme é racista só que contra brancos (caso você não saiba existe racismo contra brancos sim). O que vai dizer agora? O mesmo argumento que todo lacrador de Internet usa hoje em dia? De que essas dezenas (se não centenas) de pessoas são supremacistas brancos e racistas? O filme é sim racista e perdi todo o respeito que eu tinha pelo Jordan Peele graças a esse filme.
João, te convido a se retirar daqui. O racista aqui é você, e você não é bem-vindo.
Pô cara, na paz assim, bem ruim essa sua leitura hein, vc reviu o filme antes de escrever? Tem zero pontas soltas no final. Vale a pena rever, pareceu um filme deliciosamente sério na real.
E tudo que envolve ele ser artista é bem interessante, muito mais do que a romântica e desejada “loucura do artista”.
A gente vai continuar pra sempre falando as mesmas coisas dos mesmos jeitos?
Se um filme como esse não pode nos levar a tentar acessar lugares inexplorados de nossa própria existência, pra que falar disso?
Só pra repetir de novo e de novo os mesmos comentários, pensar as mesmas coisas, viver as mesmas vidas?
Pra que? Que porre
Sabia que ia me acusar de racista, esse pessoal é muito previsível, eu acuso o filme de ser racista (que é mesmo!) e agora eu sou o racista? Patética.
Ela fez bem em te mandar sair daqui. Eu, no lugar dela, teria mandado você se matar. Racista de merda.
Não é a toa que tem “Stupid” no seu nome. Vaza daqui doente. Vai enxergar “racismo” no teu mundinho da lacração em que tudo é “tóxico” e “problemático”.
Da para assistir sem ter assistido o primeiro?
Fala Leandro, dá sim! Inclusive o filme faz um resumo do primeiro
Verei com certeza. Todos falando bem😁