Fahrenheit 451
Original:Fahrenheit 451
Ano:1966•País:UK Direção:François Truffaut Roteiro:François Truffaut, Jean-Louis Richard, Ray Bradbury Produção:Lewis M. Allen Elenco:Julie Christie, Oskar Werner, Cyril Cusack, Anton Diffring, Jeremy Spenser, Bee Duffell, Alex Scott, Michael Balfour |
“Temos todos de ser semelhantes. A única maneira de sermos felizes é se todos formos iguais. Por isso que temos que queimar os livros.” – Capitão Beatty.
Ray Bradbury (1920 / 2012) é um cultuado escritor de Ficção Científica com várias de suas obras adaptadas para o cinema. Uma delas é “Fahrenheit 451”, livro distópico escrito em 1953 e transformado em filme em 1966 pelo diretor francês François Truffault, numa produção inglesa estrelada por Julie Christie e Oskar Werner.
Num futuro próximo, uma sociedade governada por um regime totalitário que não quer que os cidadãos tenham liberdade de pensamento, impõe leis rígidas contra a leitura de livros e revistas, que segundo eles, causam a infelicidade das pessoas. Então, nesse cenário opressivo, os bombeiros possuem uma função inversa: em vez de apagar incêndios, eles são treinados para localizar livros escondidos e queimá-los.
Guy Montag (Oskar Werner) é um bombeiro que fala pouco e executa sua função com disciplina, recebendo elogios do rígido Capitão Beatty (Cyril Cusack) para uma possível promoção, e despertando a ira do ciumento colega de trabalho Fabian (Anton Diffring). Montag é casado com Linda (Julie Christie, de cabelo comprido), e sua vida é uma rotina sem emoções, com sua esposa ingerindo drogas narcotizantes fornecidas pelo governo e sendo consumidora de programas estatais patéticos de televisão que mantém as pessoas pacatas e obedientes.
Tudo começa a mudar depois que Montag conhece a professora de crianças Clarisse (também Julie Christie, de cabelo curto), que é sua vizinha e sempre se encontram no trem monotrilho a caminho de casa. Clarisse faz parte de um grupo secreto de pessoas que adoram livros e tentam se esquivar do controle opressivo do governo. O bombeiro passa então a questionar seu trabalho e se aproximar da leitura, tendo que decidir entre sua vida monótona de cidadão disciplinado e obediente, ou lutar pela liberdade se dedicando para que os livros continuem existindo.
Fahrenheit 451 é uma crítica social sempre muito válida e atual, no sentido de evidenciar o quanto nocivo pode ser qualquer regime político que queira controlar a liberdade de pensamento das pessoas e suas relações sociais. É também uma declaração de apoio e admiração à literatura, aos livros e revistas que são indispensáveis no cotidiano da humanidade, registrando informações, ideias e histórias para divertir, emocionar e passar conhecimentos.
Entre as curiosidades vale citar que os créditos de abertura são todos narrados, sem nada escrito na tela. O título do filme é uma referência à escala de temperatura Fahrenheit, com o número 451 sendo a quantidade de graus onde o papel dos livros incendeia (algo equivalente aos 233 graus Célsius, uma escala mais conhecida e utilizada). Na comunidade secreta das chamadas pessoas-livros, onde seus integrantes escolhem um livro para decorá-lo com o objetivo de voltar um dia a ser impresso num mundo mais livre, temos obras como “As Crônicas Marcianas”, do próprio Ray Bradbury, e “Histórias de Mistério e Imaginação”, do cultuado escritor de horror Edgar Allan Poe.
Se eu fosse uma pessoa-livro, e pensando em nossa literatura fantástica nacional, escolheria para decorar o livro de lobisomens “Jarbas”, de André Bozzetto Junior, uma overdose de horror sangrento e tripas dilaceradas, e certamente quando fosse declamar o livro, teria que vomitar sangue.
Entre os filmes baseados em histórias de Ray Bradbury podemos citar Veio do Espaço (1953), O Monstro do Mar (1953), Uma Sombra Passou Por Aqui (1969), Um Grito de Mulher (1972), No Templo das Tentações (1983), A Ameaça Que Veio do Espaço (1996) e O Som do Trovão (2005).
Fahrenheit 451 foi lançado no Brasil em DVD pela “Silver Screen”. E em 2018 foi lançada uma nova versão, dessa vez priorizando os elementos de ação, com direção de Ramin Bahrani e com Michael B. Jordan.