O Lobo de Snow Hollow
Original:The Wolf of Snow Hollow
Ano:2020•País:EUA Direção:Jim Cummings Roteiro:Jim Cummings Produção:Kathleen Grace, Matt Hoklotubbe, Michael J. McGarry, Natalie Metzger, Matt Miller, Benjamin Wiessner Elenco:Jim Cummings, Riki Lindhome, Robert Forster, Chloe East, Will Madden, Annie Hamilton, Jimmy Tatro, Hannah Elder, Kelsey Edwards |
Jim Cummings ainda não é uma referência como cineasta. Com alguns papéis isolados, como sua atuação curiosa em O Mistério de Block Island, e diversos curtas como diretor, ele tinha em seu currículo até então apenas dois longas: o obscuro No Floodwall Here, de 2010, e o muito bom Thunder Road, de 2018. Ainda assim, o interesse em assistir a seu segundo filme autoral foi condicionado ao trabalho anterior e principalmente à presença do veterano Robert Forster em seu último papel – o ator, de uma filmografia recheada de atuações como generais, detetives e policiais, faleceu em outubro de 2019, sem ter tido a chance de ver o resultado de O Lobo de Snow Hollow. Se tivesse visto, estaria satisfeito por ter seu nome associado a essa estranhamente divertida produção.
Embora seja classificado como comédia com elementos de terror, o humor é involuntário, quase incidental. É possível que você ria de algumas cenas, mas muito mais pela construção de um protagonista enfervecido e psicologicamente problemático do que pelas situações criadas. Nota-se novamente que Cummings dá um trato especial aos diálogos como fizera em Thunder Road e que remetem aos bons tempos de Quentin Tarantino, favorecendo o excelente enredo sem transbordar preciosismo.
Na cena inicial, um casal – PJ (Jimmy Tatro) e sua namorada Brianne (Annie Hamilton) – aluga um chalé em um lugar gélido e remoto. Depois de um desentendimento com moradores em um pub local, eles vão curtir a noite juntos no recanto alugado, fazendo uso de ofurô enquanto o rapaz planeja pedi-la em casamento nesse momento especial. Seria lindo se momentos depois a garota não fosse encontrada em pedaços, sem parte de órgãos, em um rastro de sangue sobre a neve, além de uma imensa pegada de animal.
O acontecimento surpreende a polícia da sonolenta Snow Hollow, tamanha a violência. É o pontapé inicial que irá abalar o recém recuperado policial John Marshall (Cummings), que faz acompanhamento em um grupo de Alcóolicos Anônimos para controlar o vício e o descontrole emocional. Filho do xerife Hadley (Forster), que encontra-se doente e prestes a entregar a ele a ocupação, John não quer acreditar no que andam dizendo sobre uma fera ser a responsável pelo ataque.
Enquanto John é um vulcão prestes a entrar em erupção e que precisa manter o controle para não perder a filha Jenna (Chloe East), ele é o oposto de sua parceira Julia Robson (Riki Lindhome), que faz uma investigação mais centrada com o apoio dos demais agentes. Sem esconder a ameaça, novas vítimas irão acontecer, sempre com extrema violência, com mordidas e partes do corpo ausentes. Os locais começam a acreditar que se trata de um lobisomem, diferente de John que não imagina uma força sobrenatural atuando na região gélida. As investigações para a identificação do assassino, pelas características apontadas no depoimento de uma moça importunada em um restaurante, levarão o protagonista a seu extremo, e a solução do mistério irá contar com um pouco de sorte.
Os fãs de produções triviais de lobisomem irão se decepcionar com O Lobo de Snow Hollow. É um filme muito mais voltado à mente perturbada do protagonista do que aos ataques de uma fera à solta, mas isso não diminui sua força narrativa. O próprio enredo é favorecido pelas explosões de John Marshall, sua frustração no que envolve a cidade e a relação com o pai e a filha, em detrimento de um filme de subgênero. Isso não quer dizer que não se trata de um filme de monstro, bastando apenas que você saiba identificá-lo.
O filme tem potencial, com boas mortes, bons efeitos e um considerável gore, mas a revelação do “lobo” no final estraga tudo. Dá a sensação de você ter sido enganado! Um final decepcionante.