Violência Gratuita
Original:Funny Games
Ano:1997•País:Áustria Direção:Michael Haneke Roteiro:Michael Haneke Produção:Veit Heiduschka Elenco:Susanne Lothar, Ulrich Mühe, Stefan Clapzynksi, Arno Frisch, Doris Kunstmann e Frank Giering |
Ao longo de sua carreira, o diretor austríaco Michael Haneke se tornou conhecido pela sua visão pessimista da vida e por abordar de forma visceral a violência. Em Violência Gratuita, filme de 1997, Haneke vai muito além da criação de um retrato que reflete a crueldade das pessoas. Ele faz uma análise cínica da sociedade, tão atemporal que 25 anos após sua estreia e com um remake horrendo e totalmente desnecessário – que é melhor nem mencionar – cá estamos nós refletindo sobre essa desconstrução ácida e sádica dos filmes violentos de padrão hollywoodiano.
No longa, uma família em período de férias na Áustria, em uma elegante casa à beira de um lago, é surpreendida por dois jovens sádicos e desequilibrados. Eles mantêm mulher, marido e filho como reféns e estabelecem uma condição: submetendo-os a um macabro jogo de dominação, apostam que, dentro das próximas doze horas, toda a família estará morta!
A direção utiliza de forma inteligente o recurso de quebra da quarta parede (quando um dos personagens olha para a câmera e fala diretamente com o público), convidando o espectador a tornar-se cúmplice das ações cometidas pelos dois lunáticos. É essa acidez que faz esse ser um dos trabalhos de Haneke que mais divide opiniões, ou você ama ou você odeia. E sim, muitos odeiam. O chamado à autocrítica faz alusão ao nosso próprio papel cotidiano como meros espectadores de inúmeras injustiças diárias: será que realmente não podemos mudar o que acontece à nossa volta? No filme não. Totalmente inertes e coniventes, nos tornamos, praticamente, um terceiro elemento da gangue.
Realmente o que conferimos ao longo dos 112 minutos de trama é uma violência gratuita, porém, há um distanciamento da violência gráfica do que nos vem à mente quando falamos em filmes de tortura. Em vez de estar no rol de Jogos Mortais, O Albergue, Mártires ou Doce Vingança, as referências aos clássicos Laranja Mecânica e Psicose são bem mais evidentes.
Por mais que possam surgir reclamações sobre as excessivas doses de ironia e seu ritmo lento, o fato é que é impossível sair inalterado da projeção. A criação de tensão, o sofrimento que se torna ainda pior quando não existe um motivo evidente, as suspeitas de um final totalmente imprevisível e até mesmo o sentimento de culpa que o longa consegue despertar, tornam essa uma obra que merece ser conferida. Lembrando claro, que estamos falando do original, não do remake. (dá uma chance, Gabriel Paixão!)
Este filme é demais, muito bem feito.
Parabéns pelas críticas 👏🏻
Apesar de reconhecer toda a ousadia desse filme, ele não me pegou. Não é um filme que eu gostaria de reassistir, mas a crítica está muito bem escrita, se eu não tivesse assistido possivelmente essas reflexões a cerca da obra me ajudariam a encarar o filme um pouco melhor.
Amo esse filme. Mas, na minha opinião, a obra-prima de Haneke é a “trilogia da frieza”, composta pelos três primeiros filmes de sua carreira. Arrisco dizer que é minha trilogia preferida do cinema.