Filhos do Privilégios
Original:Das Privileg
Ano:2022•País:Alemanha Direção:Felix Fuchssteiner, Katharina Schöde Roteiro:Felix Fuchssteiner, Katharina Schöde, Sebastian Niemann Produção:Markus Zimmer Elenco:Max Schimmelpfennig, Lea van Acken, Tijan Marei, Milena Tscharntke, Lise Risom Olsen, Roman Knizka, Horst Janson, Nadeshda Brennicke |
Esse filme alemão disponibilizado na Netflix tem um início interessante ao mostrar um menino e sua irmã mais velha sendo perseguidos por uma entidade disforme, culminando na morte trágica da garota. Pula-se alguns anos e o menino agora é um jovem que está finalizando o ensino médio e se depara novamente com esse ser, enquanto ainda tenta se recuperar do trauma da infância. Há uma dúvida inicial se os acontecimentos sinistros que envolvem o protagonista são reais ou fazem parte de algum distúrbio emocional que ainda persiste em sua mente.
Há que se perdoar uma avalanche de clichês enquanto a história ainda caminha redondinha (bullying com o protagonista por ele ser considerado esquisito, dificuldade de se relacionar com a menina por quem ele é apaixonado, a outra irmã que é popular na escola, a melhor amiga sempre ao seu lado etc.), contudo, ao introduzir os elementos fantásticos no contexto, o roteiro perde a direção e vaga sem rumo nem lógica durante o restante da projeção.
Para que se tenha uma vaga ideia, mas sem dar nenhum spoiler caso o leitor venha a se aventurar a ver o longa, o restante da trama envolve uma conspiração totalmente inverossímil, fungos raros, exorcismo, paranoia, drama adolescente, possessão, romance, entidade demoníaca, carros turbinados, viagem no tempo… epa, espere aí, essas duas últimas não fazem parte da lista, mas poderiam fazer, pois o filme se transforma numa bagunça, totalmente sem controle até um final mal feito e constrangedor.
Não é somente a mistura indigesta de temas que causa assombro (no mal sentido). A forma como cada ponto é entrelaçado não se sustenta, fazendo com que personagens tomem decisões estapafúrdias e situações sejam mal alinhavadas. Em determinado momento, um personagem entra numa instalação, descobre parte do mistério da trama e sai normalmente com as bênçãos dos antagonistas… impossível de ser levado a sério!
Os atores são até esforçados (Max Schimmelpfennig e Lea van Acken estiveram na série Dark), mas estão completamente perdidos em meio à trama fora do tom; a fotografia clean que parece comercial de margarina e a direção (de duas pessoas, Felix Fuchssteiner e Katharina Schode) que se mostra ineficiente ao não conseguir amarrar os surtos do roteiro.
Imagino que diferença seria se o mesmo argumento fosse escrito e dirigido em tom satírico pelo espanhol Alex de la Iglesia, de O Bar (2017), A Comunidade (2000) e Perdita Durango (1997)… aí seria outra história…