The House
Original:The House
Ano:2022•País:UK, EUA Direção:Emma De Swaef, Marc James Roels, Niki Lindroth von Bahr, Paloma Baeza Roteiro:Enda Walsh Produção:Charlotte Bavasso, Christopher O'Reilly Elenco:Claudie Blakley, Stephanie Cole, Matthew Goode, Mia Goth, Mark Heap, Ayesha Antoine, Jason Barnett, Jarvis Cocker, Wayne Forester, Tommy Hibbitts, Helena Bonham Carter, Paul Kaye, Will Sharpe, Susan Wokoma |
Vendido pela Netflix para seus assinantes como uma comédia dark, essa junção de três histórias interligadas pela mesma casa trará ao espectador uma sensação de constante desconforto e alguns sorrisos nervosos, mas nunca risadas… Se o leitor der uma chance e se deixar levar por essa animação em stop motion, ao contrário, irá assistir uma fábula sombria, calcada no fantástico e no absurdo, usando e abusando de um clima de permanente estranhamento.
É difícil definir um gênero específico, mas as histórias estão muito mais atreladas a um tipo de suspense fantástico do que propriamente a comédia. Esqueça as produções de Tim Burton (por exemplo, O Estranho Mundo de Jack) e do Estudio Laika (Boxtrolls, Coraline, entre outros) por causa do tipo de animação com uma pegada fantástica. Aqui, principalmente nos dois primeiros contos, a tensão e a inquietude dão o tom e é difícil saber qual é o melhor. O terceiro, mais convencional e tentando passar uma mensagem positiva, não tem esse mesmo clima e serve para fechar o contexto, de forma satisfatória mas não extraordinária, como o longa vinha entregando.
Falando um pouco sobre o enredo, a primeira história mostra no passado uma família humilde que recebe uma estranha proposta de um milionário arquiteto para residir em uma nova casa. A segunda história, nos tempos atuais, tem um novo proprietário (que fez uma ampla reforma na casa) tentando vendê-la enquanto estranhos acontecimentos ocorrem envolvendo insetos e visitantes inoportunos. Por último, a terceira história nos remete a um futuro onde a água já tomou parte do planeta e mostra as tentativas da dona em manter a casa em pé para conseguir alguma renda com a locação de quartos, enquanto tudo em sua volta dá sinais de que esse objetivo não será atingido.
O primeiro episódio cresce num tom de suspense quando a família se muda para a casa nova e a influência dessa sobre os adultos. A história é contada sobre a ótica da filha do casal, com momentos que poderiam ter saído de um filme de David Lynch. Já o segundo nos remete mais fortemente a aquele estranhamento que citei logo no início, com um desfecho assustador. Esses dois episódios conseguem nos transportar para um mundo surreal e extremamente pessimista, mostrando como a ganância e solidão podem afetar as pessoas. Infelizmente, o terceiro conto, apesar de bem executado, muda o tom e dá um pouco de esperança para a jornada. Essa guinada abala um pouco a estrutura que vinha se delineando e faz esse trecho final do longa parecer falso, perdendo um pouco da autenticidade que vinha demonstrando.
De qualquer forma, em que pese esse pequeno tropeço no último segmento, de modo geral a condução do filme é primorosa, a técnica de stop motion é muito bem aplicada e o filme não vai decepcionar quem procura animações adultas de qualidade.
The House me surpreendeu. Muito bom.