Chamas da Vingança
Original:Firestarter
Ano:2022•País:EUA Direção:Keith Thomas Roteiro:Scott Teems, Stephen King Produção:Jason Blum, Akiva Goldsman, Elenco:Zach Efron, Ryan Kiera Armstrong, Sydney Lemmon, Michael Greyeyes, Gloria Reuben, Kurtwood Smith, John Beasley, Tina Jung, Hannan Younis, Gavin Maciver-Wright |
Em 1980, Stephen King já era considerado um grande autor, afinal seu livro de estreia, Carrie (1974), havia sido adaptado ao cinema em 1976 por Brian de Palma, sendo um grande sucesso de bilheteria. Em sua carreira como escritor ele também já tinha lançado sete livros até o início daquela década e alguns destes seriam inclusive eternizados como clássicos absolutos, como O Iluminado (1977) e A Dança da Morte (1978).
Suas histórias aterrorizantes e fantásticas estavam em evidência a cada publicação e sua mente se mostrava afiada na criação de novas tramas em tempo hábil. Foi assim que nasceu em 1980 o livro “Firestarter”, ou, como chamamos aqui no Brasil, “A Incendiária”, ou nos cinemas como Chamas da Vingança. Nessa obra King retorna a um de seus assuntos favoritos com crianças e jovens que apresentam poderes paranormais, só que, ao contrário de Danny Torrance, de O Iluminado, e de Carrie, nessa história, nossa protagonista tem seus poderes pirocinéticos fabricados por laboratórios americanos.
Essa trama chamou a atenção do jovem diretor Mark L. Lester, que resolveu apostar numa adaptação cinematográfica da obra em 1984, dando um dos primeiros papeis da carreira de Drew Barrymore, ao interpretar a protagonista Charlie, a jovem garota com poderes. Infelizmente esse filme não teve tanto destaque quanto outras adaptações de King e há muitas críticas a ele, tanto na sua parte técnica, quanto em relação às atuações do elenco, que não eram tão convincentes quanto deveriam. Parecia ser um caso de mais uma boa história sendo mal adaptada. Entretanto, anos depois, esse mesmo filme conseguiu uma certa base de fãs saudosistas, ganhando um bom status entre os filmes B. Talvez seja por isso que um remake acabou sendo uma ideia viável, sendo ventilado por muito tempo entre os fãs de Stephen King e se tornando realidade quase 40 anos depois.
Keith Thomas é responsável por trazer um novo olhar para essa obra oitentista abordando toda a trama, que tinha anteriormente um tom mais aventureiro, de uma forma mais calorosa e sentimental. Aqui a personagem de Charlie (Ryan Kiera Armstrong) tem uma família muito mais presente e seus pais são peça chave para humanizar a personagem.
Logo nos créditos entendemos que esses poderes surgiram na garota através de experimentos que seus pais, Andy (Zach Efron) e Vicky (Sydney Lemmon), sofreram no período da faculdade. Ao passar por uma demonstração de drogas experimentais, os jovens acabaram desenvolvendo alguns poderes que foram de imediato fracos e se condensaram com o nascimento da garota Charlie.
Já fica claro no início do filme que, desde o nascimento da garota, essa família está em fuga, mudando de identidade e de cidade para preservar a segurança da criança, que não está ciente da perseguição, mas sabe desde sempre do seu potencial poderoso. Esse início serve para que a criação de empatia seja gerada e isso foi feito com maestria com ótimas atuações de todo o elenco.
Quando a ação começa de fato, aquela família já é importante e não há grandes mistérios em relação a suas habilidades. Andy é um mentalista que consegue entrar na mente das pessoas, mas acaba sofrendo dores de cabeça muito fortes ao usar seu poder; Vicky tem um leve poder de telecinese; e a nossa protagonista é a versão cinematográfica melhorada da Fênix Negra do X-Men.
Em meio a uma grande perseguição, com direito a um vilão que parece ser caricato mas acaba se mostrando mais complexo no desenvolver da história, temos um excelente filme de aventura, que pode também ser visto como uma obra sobre as relações familiares e sua importância no nosso desenvolvimento.
Stephen King falou em uma entrevista que viu apenas uma vez o Firestarter dos anos 80 e que esse remake ele acabou assistindo umas quatro vezes e, vendo-o agora, consigo entender o motivo dessa sua fala. É emocionante ver a trajetória dos personagens e, mesmo sabendo para onde eu seria levado – afinal a trama é bem fiel ao livro -, ainda consegui me emocionar e me surpreender com o modo como cheguei até o final.
O poder de Charlie tem todo o preparo de algo grandioso e sentimos isso em cada surto que a garota tem, seja na cena da escola onde ela explode uma parte do banheiro por raiva ou na cena onde sem querer ela acaba incinerando um gato desavisado. Quando chegamos ao final apoteótico da obra, me senti vendo um filme de herói, com direito a grandes cenas de ação e explosões bem visuais. Como um grande fã de Stephen King posso dizer com toda certeza que aqui temos um grande exemplar de uma boa adaptação da obra do mestre.
Para quem gostou do filme uma boa notícia: é possível que a história de Charlie se desenvolva em uma trilogia. Caso vocês queiram ver também essa e outras críticas em vídeo, ficarei muito honrado em receber vocês lá no meu canal no Youtube, o Cripteca.
“Para quem gostou do filme uma boa notícia: é possível que a história de Charlie se desenvolva em uma trilogia”
Não sei, sequências são mais garantia de decepções do que de acertos no cinema fantástico.
Eu também gostei.
Fiquei mais interessado em ver esse filme,pois vi que a crítica americana achou o remake inferior ao filme dos anos 80,sem contar que se o próprio King achou o remake melhor que o filme original,é mais um motivo pra conferir esse filme.