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Dicionário dos Demônios
Original:The Dictionary of Demons
Ano:2022•País:EUA
Autor:M. Belanger•Editora: Darkside Books

Demônios. Presentes nas mais diferentes culturas, nas mais diferentes crenças, desde que as histórias foram difundidas mundo afora. Na antiguidade, eram entidades que podiam ser tanto boas quanto más. No Islamismo e Judaísmo são, em geral, criaturas subalternas do Criador. Já na era cristã o conceito de demônio começou a ser modificado, tornando-os criaturas essencialmente maléficas cuja existência é abominada. Nos tempos medievais, qualquer pessoa – ou melhor, mulheres – que não estivesse de acordo com o que prega a sociedade e os bons costumes era acusada de bruxaria, de ter feito pacto com o diabo, de ser serva de satã. Até pouco tempo atrás, se alguém estivesse com uma doença desconhecida, seja física ou mental, estava possuído. Deficiências eram consideradas obras do demônio, atitudes repreensíveis, tatuagem, música “pesada”, palavrões, rebeldia, filmes de terror… Tudo culpa de algum demônio. Quanta responsabilidade a deles, não?

Graças a essa ideia tão profundamente enraizada e essa má fama, tais figuras se tornaram constantes no mundo do horror, é claro. Até hoje filmes sobre exorcismos e possessão são extremamente populares. O desconhecido, a possibilidade de algum mal controlar seu corpo e vontades, ou ainda, te oferecer tudo que quiser em troca de sua alma, essa sensação de medo e excitação é o que faz objetos como tabuleiros ouija, feitiços e invocações serem tão populares.

Independentemente de acreditar em demônios, seres infernais, espíritos do mal, forças superiores (ou inferiores), ou o que seja, conhecimento é poder e nunca é demais. Pensando nisso, a DarkSide Books, em comemoração aos seus dez anos de existência, trouxe Dicionário dos Demônios, uma enciclopédia que vai te educar sobre demonologia de A a Z. Afinal, se tem alguma coisa que O Exorcista – entre outros filmes do gênero – ensinou, é que saber o nome da entidade é o primeiro passo para se ter algum domínio sobre a mesma, seja para bani-la, invocá-la, ou para proteção.

A ideia surgiu a partir de uma conversa da autora M. Belanger com um padre que com frequência é chamado para realizar limpezas e dar bênçãos a pessoas que acreditam serem atormentadas por espíritos malévolos. O padre citou o quanto é difícil achar um lugar que liste nomes de demônios, algo importante em seu trabalho, e bam! Belanger, sacerdotisa e pesquisadora do oculto e paranormal, era a pessoa certa no lugar certo. A obra é literalmente um dicionário escrito de forma minuciosa e com linguagem acessível, o mais completo possível sobre os mais diferentes demônios, seus poderes, tipos, títulos, hierarquias e subordinações, quando existem. Também abrange obras e figuras importantes que dizem respeito à demonologia, como por exemplo o Rei Salomão e Aleister Crowley.

Além das figuras infernais listadas em ordem alfabética, há ilustrações incríveis por toda a obra e textos informativos. Um deles, logo no começo, é sobre a importância dos nomes, outro é sobre toda a pesquisa feita para essa obra – que, vale citar, foi publicada pela primeira vez há dez anos, então é uma edição duplamente comemorativa e atualizada – ganhar vida e inserção de novas informações. Os textos complementares presentes ao longo do livro abordam várias curiosidades, como a existência dos Sentinelas, os arcanjos e também o fato de Satã operar em nome de Deus, e não contra ele, até isso ser distorcido pela igreja por mera conveniência.

A recomendação da autora, a qual eu fortemente reitero, é fazer uma primeira leitura despretensiosa, lendo sobre os nomes que mais te chamarem a atenção. Afinal, é um dicionário com mais de 500 páginas. Tentar ler todos os nomes de uma vez logo na primeira vez acaba se tornando exaustivo, por mais bem escrito e interessante que o assunto seja. Outra dica é ler a introdução sobre a obra e todos os outros artigos complementares presentes e, caso não conheça algum nome ali citado, procurá-lo no dicionário.

Dicionário dos Demônios não tem a intenção de ser um compilado sobre como fazer invocações e feitiços, de modo algum. Não é um grimório, não é um guia de feitiços e invocações, não é um livro demoníaco com o objetivo de corromper almas puras. É uma obra feita para agregar conhecimento e cultura, seja você religioso ou não, ideal para estudiosos e entusiastas do assunto, para curiosos e para quem simplesmente se interessa nas mais diferentes leituras. É escrito de uma forma que todos possam ter acesso, sem termos acadêmicos específicos que dificultem a leitura para leigos. Os textos presentes são cheios de informações históricas e fatos que desmistificam muita coisa das crenças populares atuais sobre bruxaria, satanismo, demônios e afins, assim como os dados presentes nas descrições de cada nome, livro ou pessoa citada.

É impossível listar tudo em apenas um livro, mas dizer que se trata de “demonologia de A a Z” não é exagero. Do Testamento de Salomão à Goécia, de nomes infernais bem conhecidos como Belzebu a nomes curiosos como Vírus (sim, existe um demônio com esse nome. Parece bem coerente), encontramos praticamente qualquer coisa sobre seres infernais no mesmo lugar. Caso sinta falta de algo, não se preocupe. A bibliografia presente no final, além das já listadas ao longo do livro, é uma verdadeira biblioteca demoníaca para quem se interessou e tem a intenção de se aprofundar ainda mais nesse mundo.

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