Insanos (2001)

5
(7)

Insanos
Original:Requiem
Ano:2001•País:França
Direção:Hervé Renoh
Roteiro:Hervé Renoh
Produção:Olivier Delbosc, Marc Missonnier
Elenco:Patrick Dell'Isola, Moussa Maaskri, Julie-Anne Roth, Jo Prestia, Marc Chapiteau, Jean-Louis Loca, Simon Eine, Mathieu Busson, Jacques Seiler, Lucie de Saint-Thibault

“Há 13 anos, eu morri e nasci.”

Fora de catálogo desde a extinção das locadoras, Insanos apresenta em seu ambiente gótico uma história envolta em religiosidade e vingança. Tem início com a confissão do protagonista, em destaque acima, e o assalto a uma residência, onde mãe e filha servem de pretexto para que o pai seja obrigado a acompanhar bandidos mascarados até alguns objetos valiosos, como uma cruz, entre outros artefatos religiosos.

Se a violência da invasão doméstica já não fosse suficiente, a mulher ainda é estuprada e morta ao lado do marido, sob os olhares amedrontados da filha. Um dos bandidos, Christian (Patrick Dell’Isola), tenta impedir o assassinato da menina, mas é surpreendido pelo disparo da arma do líder da empreitada, Marcus (Moussa Maaskri), que, com uma única bala, vara o corpo dela e ainda acerta o peito de seu defensor.

Milagrosamente, Christian sobrevive ao golpe e realiza um acordo com a polícia: se entregar seus cúmplices, não será preso e poderá ter uma nova chance. Assim, com sua morte aparente, ele coloca seus companheiros na cadeia e vai para um monastério, tornando-se um frade.

Treze anos após o ocorrido, com a ajuda de um quinto elemento denominado Golias, os quatro bandidos – Marcus, Gippé (Jo Prestia), Poupousse (Marc Chapiteau) e Rafik (Jean-Louis Loca) – conseguem fugir da penitenciária, mas o carro de fuga enguiça próximo ao monastério de Christian. Nesse mesmo dia, chega ao local uma jovem, Carla (Julie-Anne Roth), que busca refúgio por apenas uma noite, mas que terá problemas com os terríveis criminosos.

Um detalhe interessante: desde o momento em que se conheceram até o assalto, os criminosos sempre usaram máscaras. Eles não sabem que Christian está vivo e nem nunca viram seu rosto, mas ele sabe quem são eles. O carro quebrado próximo ao monastério poderia até ser uma coincidência divina, algo como o longa Aniversário Macabro, de Wes Craven, mas o filme deixa claro que não é. Trata-se de uma terrível vingança, mas que promete surpreender o espectador em seu ato final.

Dirigido por Hervé Renoh, o longa Insanos traz uma atmosfera sombria, envolvida em neblinas – na concepção simbólica da incerteza -, e trabalha seu contexto na impotência diante da maldade humana. Marcus é a representação do Mal absoluto. Filho de um cruel açougueiro, ele não sente medo de enfrentar a ira divina quando dispara diversas vezes contra a imagem de Jesus crucificado, exigindo a intervenção d´Ele numa possível defesa a favor dos frades.

Faz parte de seu repertório de crueldades o momento em que ele resolve crucificar um dos frades, dizendo: “Uma dúvida que eu sempre tive: os pregos foram colocados na palma da mão ou no pulso?” Merecem destaque as cenas em que ele exige que um dos seus comparsas corte a garganta de um frade como se fosse um porco, do mesmo modo como fazia seu pai, e também quando ele arranca um dos olhos do diretor da penitenciária com um prego.

Além da violência, o filme promove uma mensagem importante sobre a crença que todo homem precisa ter para se tornar completo. Não importa a religião que você segue, e sim o poder de sua dedicação a ela, já que qualquer uma pode trazer as respostas que você procura.

Se encontrar Insanos em alguns streaming por aí, dê uma oportunidade a uma produção despretensiosa, violenta e com bastante conteúdo reflexivo.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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