O Mestre dos Desejos 4
Original:Wishmaster 4: The Prophecy Fulfilled
Ano:2002•País:Canadá, EUA Direção:Chris Angel Roteiro:John Benjamin Martin, Peter Atkins Produção:Gary Howsam, Gilles Paquin Elenco:Tara Spencer-Nairn, Michael Trucco, Jason Thompson, John Novak, Victor Webster, John Benjamin Martin, Kimberly Huie, Mariam Bernstein, Jenny Pudavick Ernesto Griffith |
A única motivação para assistir ao filme O Mestre dos Desejos 4 está em seu título original, Wishmaster 4: The Prophecy Fulfilled. A possibilidade de que finalmente saibamos o que acontece se a pessoa que desperta o Djinn fizer os três desejos traz a razão necessária para lhe dar uma chance. Mas não engane pelo título: trata-se de um filme tão ruim quanto o anterior, feito somente para os corajosos que queiram ver uma história de amor e erotismo camuflada em um conto de terror dos mais sem graça. A direção é do mesmo Chris Angel que cometera O Mestre dos Desejos 3 e também o péssimo Fear 2 – Uma Noite de Halloween, e que depois dessas experiências ruins foi trabalhar apenas na edição cinematográfica, o que já é uma benção.
Com roteiro de John Benjamin Martin, que faz uma porrada de scripts para a TV, o quarto filme nem precisa dispor de muitas linhas. O chorão Sam (Jason Thompson) e sua esposa Lisa (Tara Spencer-Nairn) encontraram a casa perfeita. Depois de fazerem sexo, em uma sequência Cine Privê, eles saem de moto e sofrem um grave acidente não filmado devido aos recursos modestos. Sam fica paraplégico e passa a se sentir sexualmente inútil, enquanto Lisa busca o apoio do advogado Steven (Michael Trucco) para que consigam uma boa indenização. Ele tenta seduzir a mulher através de um artefato que esconde uma opala de sangue, fazendo com que Lisa liberte o demônio Djinn antes de manter sua fidelidade pelo marido.
O demônio desperta, sem grandes efeitos gosmentos, realiza um desejo mortal para ele e resolve assumir sua forma. Diferente do que acontecia até no terceiro filme – e foram filmados juntos, por incrível que pareça -, o Steven demoníaco sabe onde reside Lisa e tem sua memória de advogado mantida. Ele, então, realiza dois pedidos dela, conseguindo uma boa indenização pelo acidente, e fazendo Sam voltar a andar, restando apenas um pedido para que a raça de demônio Djinn habite a terra. E a garota realmente faz o pedido: que ela pudesse amar Steven como ele realmente é. O problema está exatamente nisso. Como fazer para que Lisa fosse capaz de amar sua forma demoníaca? Além disso, o demônio começa a se sentir atraído pela garota ao ponto de tentar desvendar o amor antes de concretizar o terceiro perdido.
Sim, trata-se de uma propaganda enganosa. Diferente do que o título sugere, os pedidos não serão realizados, elevando reflexões sobre o amor entre a Bela e a Fera e o interesse pela aparência, pelo ideal. Enquanto Sam se mostrava depressivo pela sua condição e, mesmo depois que readquire a capacidade de andar, continua se lamentando, Lisa ainda aposta na relação dos dois, apenas se entregando ao advogado quando não há mais alternativas. Assim, quem espera uma história de horror nos moldes dos dois primeiros filmes, encontra em O Mestre dos Desejos 4 uma proposta romântica, que poderia ilustrar uma novela da Record até nos efeitos especiais. Mesmo pressionado pela sua raça, o Djinn insiste em tentar realizar adequadamente o pedido de Lisa, o que torna a possibilidade inviável.
Se aqui não há um arcanjo Miguel para apoiar a heroína, surge um novo elemento para trazer um pouco de emoção ao filme. Um caçador celestial (Victor Webster) aparece para matar Lisa para evitar que seu terceiro pedido seja realizado, isto é, mais um rapaz com uma espada enorme correndo atrás da mocinha; mas, desta vez, faz o jogo entre O Exterminador do Futuro 1 e 2, alterando a função do anjo, entre protetor a perseguidor. Logo o Djinn estará lutando para defender Lisa, olha a ironia, pois precisa que ela viva para a concretização de seu pedido. Em O Mestre dos Desejos 2, Morgana até sofreu um atentado a tiros, mas não se fere porque está protegida pela maldição do gênio maligno; no terceiro, Diana tentou se jogar do prédio e acabou sendo salva antes de cair já com o corpo do inimigo.
Há quem defenda O Mestre dos Desejos 4, colocando-o como uma produção melhor que os dois filmes anteriores, o que convém ser um absurdo. Com cenas apenas à luz do dia, é um filme mal realizado, apelativo e com diversos furos em relação ao que fora apresentado antes. No final, por exemplo, Sam faz um pedido para o Djinn – uma entidade que até então ele desconhecia -, querendo dispor da arma que possa matar o demônio. Tal arma, com efeito do Chapolim, aparece (alguém pediu uma espada mágica?), contrariando uma das regras da raça dos Djinns que é nunca um pedido envolver sua eliminação direta ou indiretamente. Talvez alguém possa dizer que são vários tipos de Djinns nos filmes, mas eles devem ter regras únicas, não?
Ao final, analisando toda a franquia, pode-se enaltecer apenas os dois primeiros filmes, mas com uma larga vantagem ao original. Muitas mudanças em uma mitologia simples, incoerências, cenas de exposição de corpos apelativas e o terror completamente deixado de lado. A saga dos Djinns como uma entidade demoníaca se encerra de maneira medíocre, sem empolgação como acontecera com a primeira experiência. Se pudesse pedir algo ao Djinn, talvez seja a vontade de esquecer as continuações e ficar apenas com o primeiro, que, mesmo não sendo perfeito, divertiu e apresentou ótimas referências ao gênero.
Assisti as continuações por curiosidade. Este aqui talvez seja mais “sangrento” que o anterior, porém, consegue ser inferior. Me senti assistindo um filme estilo “cine privê” de terror kkkkk. Bagaceiro e muito fraco. Fechei a “quadrilogia”, porém, ainda continuo com a mesma opinião: só vale mesmo o original. Sequências genéricas que em nada acrescentam a mitologia de um monstro divertido e subestimado.