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Layers of Fear - The Masterpiece of a Schizophrenic Art
Original:Layers of Fear - The Masterpiece of a Schizophrenic Art
Ano:2020•País:UK
Autor:Cecil Everton•Editora: Independente

“O que faremos quando falharmos?”
O Artista e sua jornada à decadência.

O título carrega o nome da obra que catapultou a desenvolvedora de jogos polonesa Bloober Team para os holofotes mundiais, um meio termo entre os indies e a indústria AAA (triple A) – jogos de grandes investimentos e faturamento; e que posteriormente veio a lançar Observer (jogo de terror psicológico que explora uma atmosfera sombria cyberpunk), Blair Witch e, um dos jogos mais comentados de 2021, The Medium. É exatamente sobre esse jogo que essa obra se trata: Layers of Fear, um jogo de horror psicológico sobre a perspectiva de um artista que precisa voltar ao seu lar para terminar sua obra prima, mesmo mediante as tragédias que acometeram sua vida e arrastaram para um pesadelo toda sua família. Esse livro-ilustrado não é uma obra licenciada e tem a autoria de Cecil Everton, que pouco se tem referências a não ser de outra obra de qualidade semelhante sobre o universo de Resident Evil.

Diferente da obra na qual se inspira, trata-se nada mais e nada menos que um livreto em preto em branco com diversos screenshots do show ou de alguns itens do mesmo em uma resolução sofrível ordenadas para emular a passagem de tempo dentro do jogo em si, com enxertos de textos sobre a desventura em um vórtice de loucura e obsessão da figura intitulada apenas como “O Artista” e os efeitos nocivos na vida da “Esposa” e sua filha, “A Garota”.

“… What drives the artist into insanity and becoming alcoholic? Let’s explore the past of the artist.”

É compreensível que o autor tente traduzir as pistas textuais ou por vezes os símbolos e selos imagéticos do jogo em palavras narradas de romance de um tom vitoriano, mas, pelas curtas incursões, não lhes dão muito espaço para desenvolver a empatia, funcionando mais como um folhetim barato ou ainda uma transmídia impressa bem aquém do produzido pelo estúdio do jogo.

A linearidade escolhida pelo autor da obra é uma tentativa de orientar o leitor que talvez não tenha contato anterior com o jogo, uma vez que jogos de explorações espaciais e narrativas de ambiente possuem linhas temporais diversas, que, apesar de conduzir um fio comum, são desenvolvidas em paralelos e movidas pelas ações do jogador, o que não é a mesma natureza da leitura linear única de um livro tradicional.

Infelizmente, como artifício gráfico o organizador/autor da obra usa cópias da tela do jogo redimensionadas, contendo textos escritos em tipografia ilegível, além do uso lúdico de tipografia excessivamente cursiva, transformando fragmentos poéticos em garranchos indecifráveis, um desserviço às duas obras.

Para completar, ele entrega todos os pontos chaves do mistério da obra de forma franca e direta, o que, teoricamente, não deveria ser o problema para quem unicamente comprou o livreto como um acessório ao universo, mas também não faz aviso algum aos incautos que possam achar que ele se trata de algo complementar, ou ainda uma extensão do jogo, como um apêndice da história ou uma história em paralelo. Talvez a intenção do autor tenha sido sustentar-se como transcriação do jogo para outra mídia, mas, tendo em vista obras de similares intenções como os da série Assassin’s Creed (por Oliver Bowden, editora Galera Record no Brasil) e o formidável Bioshock Rapture (por John Shirley, editora Novo Século no Brasil ), essa tentativa não alcançou, nem próximo, o êxito.

Layers of Fear – The Masterpiece of a Schizophrenic Artist não consegue ser nem mesmo um acessório de curiosidade do jogo, resumo ou homenagem. É mal diagramado, um encadernamento simplório e ainda levou consigo um excelente título para uma obra séria.

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