Fear the Walking Dead – 7ª Temporada (2021-2022)

3.8
(4)

Fear the Walking Dead - 7ª Temporada
Original:Fear the Walking Dead - Season 7
Ano:2022•País:EUA
Direção:Michael E. Satrazemis, Sharat Raju, Ron Underwood, Heather Cappiello, Lennie James, Edward Ornelas, Gary S. Rake
Roteiro:Charlie Adlard, Dave Erickson, Robert Kirkman, Tony Moore, Alex Delyle, David Johnson, Jacob Pinion, Nick Bernardone,
Produção:Kenneth Requa, Greg Nicotero, Justin Boyd, Alex Delyle
Elenco:Alycia Debnam-Carey, Colman Domingo, Danay Garcia, Rubén Blades, Lennie James, Jenna Elfman, Alexa Nisenson, Maggie Grace, Mo Collins, Karen David, Kim Dickens

A temporada das expectativas frustradas: é assim que a sétima de Fear the Walking Dead pode ser definida. Sabendo que a série costuma realizar mudanças constantes em sua narrativa, pela própria liberdade que a ausência de uma HQ dispõe, e pelo final apocalíptico proposto na sexta temporada, ficou uma sensação clara de que poderia ter sido melhor. Contribuem para essa decepção o cartaz da temporada que coloca em combate Victor Strand (Colman Domingo) e Morgan Jones (Lennie James) e uma guerra sugerida em quase todos os episódios e que nunca irá acontecer. Quando a audiência começou a demonstrar desinteresse, os realizadores trataram de anunciar o retorno de uma personagem importante, apenas para provocar mais um ano do programa. Deu certo, mas ainda assim frustrante.

No último episódio da sexta temporada, o submarino lançou duas bombas nucleares na região, nas ações do líder religioso Teddy (John Glover), escondendo seus adeptos em lugares distintos. Parece que os realizadores gostaram da ideia que envolveu Grace (Karen David) e seus zumbis radioativos, e imaginaram uma possibilidade de ampliar esse conceito como uma ameaça maior, além da caracterização mais interessantes dos zumbis. Bom, primeiro é preciso relevar várias coisas: nem mesmo zumbis “sobreviveriam” a explosões desse tipo; os sobreviventes teriam que se esconder por muitos anos antes de se aventurarem pelo mundo externo; e a pergunta que fica: por que os personagens de The Walking Dead, por exemplo, não notaram as explosões, se estão no “mesmo mundo“?

A sétima temporada foi ao ar em 17 de outubro de 2021 com o episódio Beacon, dirigido por Michael E. Satrazemis, a partir de um roteiro de Ian Goldberg & Andrew Chambliss. Apresenta o personagem Will (Gus Halper), que acaba sendo capturado por Victor em sua tentativa de encontrar Alicia (Alycia Debnam-Carey). Nesse início, já fica claro que Victor assumira a torre onde encontrara abrigo no final da temporada, convencendo o rapaz que já estava lá, Howard (Omid Abtahi), a se tornar um subalterno em um comando fascista de ordem e controle. Ao final, ele joga Will da torre em uma ação que trará reflexos por toda a sétima temporada, principalmente nos últimos episódios. E há a primeira menção a PADRE, uma possibilidade de refúgio que estabelecerá o destino de Alicia e de outros envolvidos.

Morgan, Grace e a bebê Mo estão morando no submarino, sentindo a baixa dos suprimentos, enquanto John (Keith Carradine) e June (Jenna Elfman) estão em um abrigo subterrâneo. No segundo episódio, Morgan já descobre os intentos de Strand e terá que enfrentar sobreviventes da explosão radioativa, sem imaginar que está sendo caçado por Josiah LaRoux (Demetrius Grosse), irmão gêmeo do caçador de recompensa, Emile, morto na temporada anterior. E no terceiro, dedicado a John e June, a dependência alcóolica passa a ser uma ameaça maior que a radioatividade, zumbis e caçadores locais. Nos capítulos seguintes, a dupla estará na torre ao lado de Victor, com intenções contrárias.

O episódio 5, “Até a Morte“, resgata Dwight (Austin Amelio) e Sherry (Christine Evangelista), apresentando-os como os justiceiros Dark Horses, que dão continuidade à ideia de Morgan de ajudar os necessitados. Eles também estão em busca de PADRE, e são convocados por Strand para encontrar uma pessoa desaparecida, com a promessa de deixá-los habitar o local. Al (Maggie Grace) ganha destaque no sexto episódio pela busca final por Isabelle (Sydney Lemmon); enquanto Alicia somente retorna à série no final do sétimo episódio, tendo um desenvolvimento no oitavo. A remanescente da família Clark tem sua jornada apresentada em PADRE, quando ela mostra gratidão a Will por tê-la ajudado, mas acaba sendo mordida no braço por um zumbi, o que a obrigou a cortá-lo fora. Apesar da ação extrema, a garota sente que é questão de tempo para que ela se transforme em zumbi, colocando como objetivo principal a busca pelo refúgio.

Ela volta a assumir as rédeas no nono episódio, quando ela é salva por Paul (Warren Snipe), um músico surdo que possui uma própria tragédia pessoal, mas ajudará Alicia a enfrentar Arnold (Spenser Granese) e outros que pertenciam ao culto de Teddy. No décimo, Charlie (Alexa Nisenson) se envolve com Ali (Ashton Arbab), um jovem que sonha em ser ranger de Strand, e que, com a proximidade da garota, passa a ter uma visão diferente sobre suas ações. Neste, dirigido por Lennie James, o destino de uma personagem importante parece já ter sido definido de maneira melancólica. Também tem um tom triste a doença degenerativa que afeta Daniel (Rubén Blades), que começa a acreditar que sua filha Ofélia ainda está viva, influenciando Luciana (Danay Garcia) e principalmente Wes (Colby Hollman). Curiosamente, esse episódio marcou a estreia na direção de Alycia Debnam-Carey.

Nota-se nesta sétima temporada que os realizadores cometeram o mesmo erro de The Walking Dead ao dividir os personagens em núcleos isolados. Foram precisos, basicamente, dez episódios para que você entenda onde estão todos e suas funções na série. Os seis últimos até que fizeram a série crescer em emoção ao matar um outro personagem – não tão importante – e movimentar as ações para o aguardado confronto entre Morgan e Strand, algo que não acontece. A guerra se estabelece, armas e pessoas são convocadas, com similaridade aos confrontos de The Walking Dead, mas no momento mais tenso, Morgan decide se afastar para salvar a pequena Mo para justificar o retorno de Madison à série.

Este, que acontece apenas no último, é até interessante por apresentar a ameaça da oitava temporada, porém evidencia grandes buracos no enredo sobre o paradeiro da mãe de Alycia. A volta da personagem deve dar uma sobrevida a moribunda Alycia, que foi acometida por febres altas e pesadelos, teve um reencontro consigo mesma criança, mas sem finalmente atender à sua vontade de descobrir o que seria PADRE. A resposta ainda será construída na próxima temporada, com apenas alguns poucos detalhes mostrados em “Gone“, o décimo sexto episódio. Contudo, as possibilidades não exploradas e as expectativas criadas e não atendidas deixaram Fear the Walking Dead com um gosto amargo.

Com o fim de Beyond the Walking Dead e da própria The Walking Dead, é possível imaginar que o mesmo irá acontecer com Fear, que já apresenta desgastes como um zumbi putrefato sem rumo.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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