Sorria
Original:Smile
Ano:2022•País:EUA Direção:Parker Finn Roteiro:Parker Finn Produção:Marty Bowen, Wyck Godfrey, Isaac Klausner, Robert Salerno Elenco:Sosie Bacon, Jessie T. Usher, Kyle Gallner, Caitlin Stasey, Kal Penn e Rob Morgan. |
Durante seu turno no hospital onde trabalha, a psicoterapeuta Rose Cotter presencia um acontecimento bizarro e violento, e, a partir desse momento, ela percebe que foi amaldiçoada e que uma entidade terrível e assustadora a está perseguindo e irá causar sua morte. Além disso, ela começa a ter alucinações vívidas e aterradoras.
A situação da Dra. Cotter fica ainda mais aflitiva com o fato de que apenas ela vê a tal entidade, que usa a aparência de pessoas normais, sempre sorrindo de forma ameaçadora. Todas as pessoas ao seu redor acreditam que ela está sofrendo de estresse, esgotamento mental ou dos efeitos do trauma por presenciar o incidente grotesco. Essa situação sinistra ainda traz à tona o passado de Rose, envolvendo a morte de sua mãe, que pode ou não estar piorando seu estado.
Enquanto vai entrando cada vez mais no clima de paranoia e pesadelo, ela vai descobrindo o que aconteceu com outras pessoas que tiveram a mesma experiência e como isso chegou até ela, numa tentativa desesperada de escapar da morte e da entidade sorridente.
Sorria é um filme assustador e não tem a menor vergonha disso, desde as primeiras cenas. A sua intenção principal e primordial é dar bons sustos e sustos bem feitos. Ele mostra a história logo de cara, sem maiores rodeios, e vai desenvolvendo os personagens ao redor da protagonista a partir do momento em que ela é amaldiçoada. Há uma boa atenção no clima tenso e aflitivo do filme todo, que está presente desde o início.
Normalmente, o recurso do susto (o chamado “jumpscare” em inglês) num filme costuma ser um ponto ruim do mesmo, às vezes usado em demasia, às vezes sem muito propósito, ou de forma simples e barata. Não tem o que colocar, bota um susto ali… No caso de Sorria, os sustos fazem parte da história, ou melhor, eles são elementos essenciais dela. A tal entidade se faz presente nesses sustos, que por vezes podem ser meio previsíveis, mas em geral são ótimos em pegar o espectador desprevenido.
Bem usados na maioria das vezes (tem uns dois sustinhos ali que foram desnecessários, mas os outros são bem legais), os sustos são alguns dos melhores momentos do filme, que dão um forro bem adequado para a história, alicerçando o clima de paranoia e perseguição sentido pela protagonista, uma ótima forma de prender a audiência, passando uma sensação similar a da coitada da Dra. Cotter.
Mas, mesmo com o raro bom uso do sustos, o filme tem alguns problemas. A escolha de apresentar o desenvolvimento da personagem durante a apresentação da maldição, ou seja, depois que ela começa a entrar na espiral de loucura e paranoia, diminui um pouco a empatia com a protagonista. Afinal, o espectador não recebe um bom incentivo para gostar muito dela, porque sabe pouco sobre e já a vê cometendo diversos erros e fazendo muita coisa que não a mostra como uma pessoa agradável. Claramente isso faz parte da história e do estilo do diretor, mas dificulta nossa identificação com a protagonista.
Outra coisa que fica um pouco desequilibrada é o próprio desequilíbrio da protagonista, que é apresentada como uma psicoterapeuta respeitada e uma boa profissional, mas a partir do momento que sofre da tal maldição, parece esquecer tudo que sabe da sua própria profissão ou do que estudou, agindo como uma total ignorante. Mesmo levando em conta que ela não está em seu estado psicológico habitual, é uma diferença muito grande para se levar em consideração.
A protagonista é interpretada pela atriz Sosie Bacon (filha de Kevin Bacon e Kyra Sedgwick), que entrega uma atuação excelente, que poderia muito bem desandar se estivesse nas mãos de uma atriz com menos talento. Alguns problemas do roteiro são facilmente deixados de lado pela força da atuação dela.
O diretor Parker Finn (que também é o autor do argumento) teve que se equilibrar em dois elementos para conduzir o filme: os sustos e o terror psicológico, e esse equilíbrio tem seus momentos fracos. Enquanto os sustos são bons em certos momentos, a tensão psicológica necessária derrapa um pouco, sendo mostrada de forma rápida ou sem a profundidade que o momento pede. A entidade sobrenatural precisa ter a tensão psicológica nas vítimas, o que é sua característica mais marcante e interessante, mas o roteiro e a direção por vezes se perdem um pouco a mostrar isso.
Sorria é um bom filme que diverte e assusta, e seu foco é esse. Mas no seu desenrolar ficam faltando algumas coisinhas para preencher a trama, e ele acaba caindo em soluções um tanto previsíveis. E merecia um monstro final mais interessante.
Um exemplo de como uma boa campanha de marketing consegue transformar um filme mediocre em um sucesso. Me lembrou muito O Chamado (protagonista amaldiçoada tem um prazo para se livrar da maldição) mas sem a originalidade daquele. Apenas alguns jumpscares e um amontoado de clichês.
totalmente dispensável.
Filme de terror moderno com jumpscares e revelação do passado do/da protagonista? Passo.
Grande mestre Saladino, que satisfação em vê-lo aqui. Abraço.