Vingança Macabra (1985)

4.3
(4)

Vingança Macabra
Original:The Oracle
Ano:1985•País:EUA
Direção:Roberta Findlay
Roteiro:R. Allen Leider
Produção:Walter E. Sear
Elenco:Caroline Capers Powers, Pam La Testa, Victoria Dryden, Roger Neil

Uma das realizadoras mais criativas da década de 1980, Roberta Findlay é sempre lembrada por suas incursões no gênero exploitation, principalmente em associação com seu marido, o diretor Michael Findlay. Ao lado dele, ela trabalhou no “controversoSnuff, de 1976, entre outros trabalhos, mas também desenvolveu uma filmografia própria onde pôde imprimir sua personalidade e sua visão das coisas, ainda que com muitas limitações.

The Oracle, ou Vingança Macabra, é um de seus primeiros trabalhos e mostra a diretora saindo um pouco desse terreno exploitation onde sua carreira iniciou. Aqui, temos a história de Jennifer e seu marido, que se mudam para uma casa onde morou uma velha médium que se comunicava com os mortos por meio de um artefato usado para psicografar. Jennifer encontra esse artefato no porão e, ao utilizá-lo para ver como funciona, acaba atraindo um espírito que passa a se comunicar e a envolve em uma trama de assassinato.

Trata-se de uma trama bastante clichê, é verdade, e ainda que mantenha o espírito trash muito latente, Roberta se afasta da vibe “grindhouse” de outrora a partir de um roteiro que se preocupa em manter uma coerência, ao mesmo tempo que tenta quebrar alguns vícios do cinema de terror do período.

A presença feminina, por exemplo, é marcante em todos os recantos de Vingança Macabra, e não apenas na função de final girl ou objeto de exploração. Aliás, esses papéis nem existem aqui. Mas são as mulheres que ocupam os cargos de protagonistas, vilã, capanga, coadjuvante, o passado, o presente e o futuro da história. Os homens têm apenas papéis secundários e que, na verdade, atrasam o andar da carruagem e logo são dispensados.

Os efeitos visuais são muito caseiros, e a ampla variedade de manifestações sobrenaturais pode causar confusão quanto ao que estamos lidando: seriam fantasmas, monstros, zumbis, ou o que? Mas ao fim, é uma confusão que faz sentido, e tão logo conseguimos surfar na onda da Jennifer, conseguimos também entender o sentido dessas manifestações.

Alguns clichês são difíceis de evitar, como a dúvida de Jennifer, quando passa a se comunicar com espíritos, quanto à própria sanidade a partir da descrença do marido, amigos, e até dos algozes. O desfecho da história, por sua vez, pode ser encarado como algo libertador, quando pensamos no processo de aceitação da protagonista quanto ao próprio jeito de ser – sua originalidade ou esquisitice, depende do ponto de vista.

Uma curiosidade aqui é que, no mesmo ano, foi lançado outro filme com Roberta Findlay na direção: Tenement, trabalho que gerou polêmica pelo excesso de violência e que, por isso, recebeu classificação X nos Estados Unidos (classificação indicativa de conteúdo explícito). Tenement, inclusive, é um dos poucos filmes a receber essa classificação por conteúdo violento e não sexual. Apesar da censura, foi um trabalho que firmou o nome da cineasta dentro do gênero ao lado de outras que também estavam realizando trabalhos interessantes naquele período, apesar de pouco conhecidos pelo grande público (Katt Shea, Jackie Kong, Amy Holden Jones e outras).

A obscura filmografia de Roberta Findlay, para nossa satisfação, vem sendo redescoberta ao longo dos últimos anos, a partir da disponibilização de algumas de suas obras nas plataformas de streaming, e da produção de conteúdo feito pelas pesquisadoras e pesquisadores de cinema de horror. Pra quem tiver curiosidade, é só dar um Google e pesquisar.

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Pedro Emmanuel

Cearense, jornalista, quase geógrafo (ainda cursando), meio praieiro e ligeiramente antissocial. Minha viagem é aprender o máximo possível sobre a vida e sobre a morte, e assim ir assimilando alguns mistérios da existência. Vivo como se fosse um detetive, mas minha mente vagueia muito. Sou fã de Star Trek, Jefferson Airplane, e do Massacre da Serra Elétrica original.

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