Bem-Vindos à Vizinhança
Original:The Watcher
Ano:2022•País:EUA Direção:Paris Barclay, Jennifer Lynch, Ryan Murphy, Max Winkler Roteiro:Ian Brennan, Ryan Murphy, Reeves Wiedeman, Reilly Smith, Todd Kubrak Produção:Lou Eyrich, Todd Kubrak, Kip Myers, Todd Nenninger, Danielle Wang Elenco:Naomi Watts, Bobby Cannavale, Mia Farrow, Terry Kinney, Henry Hunter Hall, Isabel Gravitt, Luke David Blumm, Jennifer Coolidge, Christopher McDonald, Noma Dumezweni, Margo Martindale, Joe Mantello, Warren Sroka, Richard Kind, Seth Gabel, Michael Nouri |
Bem-Vindos à Vizinhança, a nova empreitada do produtor, roteirista e diretor Ryan Murphy (American Horror Story) na Netflix traz uma avalanche de emoções ao cidadão que se dispõe a assisti-la: curiosidade e desinteresse, tensão e irritação, deleite e vergonha alheia, doce e amargo… ou seja, ao mesmo tempo que embarcamos na jornada, a gente se dá conta lá pelo meio da viagem que o luxuoso transatlântico se transformou numa canoa furada que, infelizmente, terá que atracar antes do destino final num porto de uma cidadezinha bem mequetrefe.
Ryan Murphy já mostrou a que veio em diversas ocasiões (Dahmer – que fez sucesso recentemente na mesma Netflix –, na pouco vista American Crime Story e em algumas temporadas de American Horror Story), mas, quando erra, é um desastre retumbante (vide a série Ratched e o fraquíssimo musical A Festa de Formatura – ambos de 2020). Creio que, nos últimos anos, como ele tem se envolvido numa grande quantidade de produções, a qualidade de algumas invariavelmente fica comprometida, colocando em xeque o talento do moço.
O pacote é atrativo (Naomi Watts, Bobby Cannavale, Margo Martindale, Mia Farrow, Jennifer Coolidge), numa história que começa bem, baseada num evento real ocorrido em Westfield, New Jersey, onde um casal com dois filhos compra a casa dos sonhos, localizada naqueles subúrbios americanos de classe média alta, para finalmente viver num lugar mais tranquilo e agradável longe da cidade grande. Contudo, o idílio é logo interrompido por alguns acontecimentos sinistros na casa e pela relação com os vizinhos excêntricos. Um dos problemas é que a família começa a receber cartas de alguém que assina como The Watcher (O Observador), que tem uma relação intensa com a casa e traz graves ameaças aos novos moradores.
O contexto, que poderia render um suspense de roer as unhas, é muito mal aproveitado e, a partir do quarto episódio, fica difícil crer genuinamente em alguma coisa que está acontecendo na tela. Para segurar a atenção do espectador, o roteiro brinca com uma variedade de suspeitos e motivações, deixando transparecer a sua fragilidade, já que que precisou esticar uma situação até que simples por sete episódios sem qualquer necessidade.
Esse vai e vem do roteiro não chega a lugar algum e várias são as pontas que ficam soltas, sem uma solução satisfatória. A direção tenta criar algum clima, mas ao mesmo tempo os tais vizinhos esquisitos acabam caindo na caricatura, que nem mesmo o ótimo elenco consegue salvar.
Se o leitor começar a assistir provavelmente irá se interessar e alguns podem até gostar, mas fica difícil recomendar essa série sem essas várias restrições. Como disse no início, ela pode até começar doce e saborosa, mas vai deixar ao final um gosto amargo na boca.
No começo, a série até funciona bem com todo aquele clima de tensão e dúvida que são criados. Depois começa a descambar para situações bem difíceis de engolir, como por exemplo: o casal encontra um túnel no porão da sua própria casa e tudo fica por isso mesmo…
Concordo. Essa cena do túnel foi absurda
Pior que bem antes outro personagem falou do túnel e quando eles estavam pensando em como a moça entrou na casa sem aparecer nas câmeras, nem pensaram no túnel.