Lar dos Esquecidos
Original:Old People
Ano:2022•País:Alemanha Direção:Andy Fetscher Roteiro:Andy Fetscher Produção:Benjamin Munz, Florian Schneider Elenco:Melika Foroutan, Bianca Nawrath, Otto Emil Koch, Stephan Luca, Anna Unterberger, Louie Betton, Paul Faßnacht, Daniela Galbo, Eveline Hall, Maxine Kazis, Gerhard Bös, Adolfo Assor, Richard Manualpillai, Marcin Rogozinski, Marvin Schulze. |
Se nós já tivemos filmes de terror com crianças assassinas, como o clássico Colheita Maldita (1984), por que não um com um grupo de idosos que foge de uma casa de repouso para tocar o terror em uma cidadezinha no interior da Europa? Essa é basicamente a premissa do pouco conhecido diretor alemão-romeno Andy Fetscher (Urban Explorer) para seu novo filme de 2022: Old People, batizado no Brasil como Lar dos Esquecidos.
O filme narra a história de Ella (Melika Foroutan), uma mulher que volta à sua cidade natal para o casamento da irmã Sanna (Maxine Kazis), acompanhada de seus dois filhos. Laura (Bianca Nawrath), a mais velha, é uma adolescente que não vê a hora de rever o namorado Alex (Louie Betton), e Noah (Otto Emil Koch), o caçula da família, é o que mais sofre com a ausência do pai. Enquanto a ex-mulher se mudou para Berlim com os filhos, Lukas (Stephan Luca) acabou ficando no interior e começou um relacionamento com Kim (Anna Unterberger), a enfermeira de uma casa de repouso precária e sinistra.
Enquanto os jovens da cidade se divertem no casamento de Sanna e Malick (Richard Manualpillai), festejando e celebrando a vida, os idosos amargam a solidão e as péssimas condições às quais são submetidos diariamente na casa de repouso. É hora de vingança.
O filme de Fetscher funciona muito bem como uma crítica social ao abandono dos idosos por suas famílias em instituições de longa permanência, assim como a negligência e os maus tratos que sofrem nesses lugares. Se hoje o cinema de horror acabou se tornando um veículo para denúncias contra o racismo (Corra!), patriarcado (Men) e homofobia (They/Them), por que não abordar os problemas da terceira idade com muito sangue? E sangue é o que não falta em Lar dos Esquecidos. Apesar de pouco convincente, os idosos aqui não são nem um pouco frágeis, muito pelo contrário, são dotados de invejável força física e agilidade, sendo responsáveis por mortes violentas e bem legais!
Por outro lado, o filme não é nem um pouco surpreendente. Com personagens rasos, conflitos superficiais e acontecimentos previsíveis, nem os supostos plot twists conseguem movimentar o longa-metragem. O filme usa e abusa dos jump scares, mas a estratégia de mostrar corpos cadavéricos se movendo de maneira rápida é uma fórmula repetida que pode ser vista em qualquer filme de zumbi. Os idosos, com destaque para o líder do grupo (Gerhard Bös) e a personagem conhecida como White Haired Woman (Eveline Hall), podem até assustar e causar repulsa em alguns momentos, mas nesse caso eu ainda fico com o casal de vovós de A Visita (2015).
Lar dos Esquecidos está longe de ser um clássico do gênero, nem ao menos pode ser considerado um dos melhores do ano, mas ainda assim merece ser visto, especialmente pelas mortes brutais e pela ousadia do diretor/roteirista em colocar um grupo quase que invisível na sociedade moderna como protagonista de um massacre alemão. O filme está disponível na plataforma de streaming Netflix.
Não achei esse filme tudo isso. Acho que é porque a minha expectativa estava muito alta, pois o meu contato com o cinema de horror alemão é através do trabalho de diretores como Jorg Buttgereit e Olaf Ittenbach, que são conhecidos por fazer filmes bastante brutais e sangrentos. Esse filme, na minha opinião, tinha potencial para ser muito melhor e mais violento. A ideia é bem original, mas acho que foi mal aproveitada.