A Maldição de Samantha (1986)

4.7
(6)

A Maldição de Samantha
Original:Deadly Friend
Ano:1986•País:EUA
Direção:Wes Craven
Roteiro:Bruce Joel Rubin, Diana Henstell
Produção:Robert M. Sherman
Elenco:Matthew Labyorteaux, Kristy Swanson, Michael Sharrett, Anne Twomey, Anne Ramsey, Richard Marcus, Russ Marin, Lee Paul, Charles Fleischer

O que faz um filme se tornar “cult”, ou objeto de culto, melhor dizendo? Pesquisando sobre esse questionável A Maldição de Samantha, do mestre Wes Craven, me deparei com alguns comentários internet adentro afirmando o filme ter se tornado um “cult” com o passar dos anos desde seu lançamento, mesmo com a recepção negativa por público e crítica. Será que se afirma isso quando se compara A Maldição de Samantha com aqueles filmes bagaceira ou de baixo orçamento, “tão ruins que são bons”? Acredito que não, porque o que temos aqui não é nenhum caso de gênio heroico criativo vencendo dificuldades pra materializar uma visão. Na verdade, o roteiro sofreu o mesmo tipo de violência por parte do estúdio que a personagem Samantha sofre na trama (e já tem spoiler na área): mataram quando ficou pronto, tentaram ressuscitar, mas acabaram o transformando num monstro.

A Maldição de Samantha, ou Deadly Friend, é um filme de ficção científica/terror lançado em 1986, baseado no romance Friend, de Diana Henstell, lançado no ano anterior. A trama segue a desventura de um adolescente “gênio” que implanta um microchip no cérebro de sua vizinha adolescente depois de ela ser assassinada pelo pai abusador. O experimento é bem sucedido, mas a jovem Samantha (Kristy Swanson) retorna à vida com sede de vingança.

Wes Craven, quando aceitou o projeto, quis adaptá-lo de forma mais próxima à história original, com foco no romance “macabro” entre os protagonistas, com um suspense sutil fazendo a “cama” do casal. A versão original do filme, no entanto, após uma exibição teste, foi criticada tanto pela audiência (formada por fãs do Craven) quanto pelo vice-presidente executivo da Warner Bros, Mark Canton, que sentiram falta das cenas de terror e violência tão típicas do diretor. A exigência foi reescrever o roteiro e refilmar o longa, desta vez com mais mortes e sequências de pesadelo.

A notícia que se tem é que o filme foi reescrito, recortado e reeditado tantas vezes na pós-produção, que se afastou demais da versão original, não sobrando nada do romance sinistro que Wes Craven originalmente buscava realizar.

O que sobrou então? Bom, A Maldição de Samantha não é totalmente descartável, mas perde a mão ao deixar de seguir os caminhos que o estabeleceriam como uma história consistente para se perder numa quase bagaceira, visto que sequer cumpre essa função lúdica – é leve demais, as únicas cenas que se destacam nesse sentido são uma envolvendo um assassinato cometido com uma bola de basquete (!!) e a cena final, que é apenas absurda.

Em contrapartida, mesmo com todo o retalho feito, até a metade do filme, A Maldição de Samantha nos ilude como uma boa sugestão. A violência sofrida por Samantha renderia um sinistro terror atmosférico (que, dizem, estava incluso na ideia original de Wes Craven), tal como é sugerido algumas vezes ao longo da narrativa. Da mesma forma, o artifício da inteligência artificial, de possibilidades fenomenais de desenvolvimento, foi utilizado de forma superficial demais, apenas repetindo o que já vimos em outros trabalhos que mostram coisas inanimadas despertando uma inteligência com resultados não tão bons (e aqui podemos citar tanto as histórias em que inteligências artificiais se revoltam contra humanos quanto as de mortos vivos).

Entre 2001 – Uma Odisseia no Espaço, Cemitério Maldito, Exterminador do Futuro, A Noite dos Mortos Vivos e outros exemplos (infinitamente melhores) com os quais poderíamos comparar, se fosse o caso, A Maldição de Samantha não só se perderia como poderia cair no esquecimento absoluto  – não fosse por ser de autoria de um imortal. Talvez faça a cabeça da galera que curte uma nostalgia, e com certeza é recomendado para os fãs do Wes Craven. Mas olhando o conjunto da obra, talvez o livro seja mais interessante. Tem na Darkflix.

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Pedro Emmanuel

Cearense, jornalista, quase geógrafo (ainda cursando), meio praieiro e ligeiramente antissocial. Minha viagem é aprender o máximo possível sobre a vida e sobre a morte, e assim ir assimilando alguns mistérios da existência. Vivo como se fosse um detetive, mas minha mente vagueia muito. Sou fã de Star Trek, Jefferson Airplane, e do Massacre da Serra Elétrica original.

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