Play Dead: Nos Bastidores da Morte (2022)

4.5
(6)

Play Dead: Nos Bastidores da Morte
Original:Play Dead
Ano:2022•País:EUA
Direção:Patrick Lussier
Roteiro:Adam Mason, Simon Boyes
Produção:Tommy Aagaard, Lucas Jarach, Adam Mason, Bradley Pilz, Johannes Roberts
Elenco:Bailee Madison, Jerry O’Connell, Anthony Turpel, Chris Butler, Chris Lee, Jorge-Luis Pallo

O que acontece após a morte é um dos grandes mistérios da humanidade e a pedra angular do horror. Se a indústria do cinema lucra bilhões explorando a existência dos vivos no além-vida, é impressionante como os seus antigos receptáculos aparentemente inertes (será?) conseguem ser igualmente macabros. Locais repletos de cadáveres, como cemitérios, zonas de guerra e necrotérios têm em comum a grande facilidade em gerar certo grau de desconforto em quem quer que seja. E é justamente um necrotério o pano de fundo de Play Dead (traduzido porcamente como Nos Bastidores da Morte), novo longa do diretor Patrick Lussier, responsável por algumas tranqueiras como Trick e Dia dos Namorados Macabro 3D.

Chloe (Bailee Madison, a irreconhecível filha do Adam Sandler em Esposa de Mentirinha) é uma estudante de medicina atolada em dívidas desde o falecimento do pai, já que o seguro não cobre mortes por suicídio. Frente ao risco de perder a casa, seu irmão T.J. (Anthony Turpel) e seu ex-namorado Ross (Chris Lee) planejam um assalto para arrecadar fundos, da maneira mais estapafúrdia possível (T.J. é o piloto de fuga, mas não sabe dirigir). Claro que o plano não funciona, e Ross acaba baleado, morrendo no local. Mas como burrice pouca é bobagem, o falecido é enviado ao necrotério da cidade, juntamente com seu celular contendo todo o plano discutido com TJ pelo Whatsapp (confesso que nessa hora é difícil não rir).

Entre todas as soluções que os irmãos poderiam pensar para resolver o problema, Chloe sugere utilizar um anestésico e simular a própria morte. Uma vez dentro do necrotério, ela poderia recuperar o celular de TJ e problema resolvido. Francamente, o que poderia dar errado? Porém, uma vez dentro do morgue, a jovem estudante vai descobrir da forma mais amarga que existe algo pior do que a morte em si (sim, mais The Walking Dead impossível).

Tentei dar o mínimo de spoilers possível, mas não é como se o enredo fosse exatamente de explodir os miolos. Na verdade, se pudesse definir Play Dead em uma palavra, seria previsível. Se pela capa já dá para ter uma boa ideia do que vai acontecer adiante, quando aparece a primeira bolsa de soro fisiológico é possível decifrar todo o restante. O plot twist final até tenta despertar alguma surpresa, mas nada que o espectador mais atento não pudesse antecipar. O pior é que a previsibilidade do roteiro é o menor dos seus problemas. Precisar invadir um necrotério porque dois trapalhões deixaram toda a prova do crime no celular já é de uma estupidez absurda. Mas uma pessoa ser tida como morta e enviada ao morgue após administração de propofol já é duvidar da inteligência do espectador.

As atuações aqui não são exatamente um primor, e as tomadas de decisão dos personagens não ajudam. O ponto positivo vai para a performance de Jerry O’Connell, que entrega um personagem bastante macabro, com motivações um tanto quanto intrigantes. A direção de Patrick Lussier também é bastante competente, o que é outro ponto positivo do longa. O enquadramento borrado quando a protagonista se encontra torporosa, além de técnicas inteligentes de inversão da câmera (particularmente em uma cena em que um personagem está dentro de um armário). O diretor também faz bom uso dos efeitos práticos, sem medo de mostrar algumas cenas bastante sangrentas.

A sinopse de Play Dead chamou minha atenção, visto que os antagonistas seriam pessoas reais e não espíritos, mas a execução deixou a desejar. Com decisões de roteiro tão bobas, talvez o resultado fosse um pouco melhor se o filme abraçasse a tosqueira e não se levasse tão a sério. Se a ideia do espectador for assistir um bom filme de horror dentro de um necrotério, talvez seja melhor apostar em algo realmente assustador, como A Autópsia.

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Ciro Oliveira

Médico por opção, palmeirense por emoção e amante de slashers por vocação. Foi introduzido ao cinema de horror sendo assombrado pelo boneco Chucky na infância, e se apaixonou pelo gênero após descobrir todas as identidades de Ghostface. Acredita que não há nada melhor para relaxar do que assistir universitários sendo eviscerados por um mascarado velocista.

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