Trancada (2022)

3.8
(18)

Trancada
Original:Shut In
Ano:2022•País:EUA
Direção:D.J. Caruso
Roteiro:Melanie Toast
Produção:Amanda Presmyk, Dallas Sonnier
Elenco:Rainey Qualley, Jake Horowitz, Vincent Gallo, Luciana VanDette, Aidan Steimer

Não está fácil encontrar boas produções de suspense no cardápio dos streamings. Há um sem número de thrillers de origem duvidosa e que não passam em qualquer controle de qualidade que se preze. De bobeira navegando pela Amazon Prime, dei de cara com esta produção americana que me chamou a atenção por dois motivos: a história e a direção.

A história: mulher com dois filhos pequenos fica presa dentro de uma despensa de uma casa decrépita e isolada. Enquanto tenta escapar desse espaço confinado, ela tem que lidar nos cuidados com as crianças e também com uma ameaça externa, já que seu ex-marido violento e seu parceiro (que é pedófilo) estão chapados nas imediações à procura de mais drogas e confusão.

Há toda uma tradição de bons filmes de suspense que se passam em ambientes únicos e restritos. Nesse “subgênero”, o soberbo Louca Obsessão (1990) é um clássico absoluto com momentos angustiantes e interpretações matadoras de Kathy Bates e James Caan, mas temos outros excelentes exemplos com Por Um Fio (2003), Demônio (2010), Rua Cloverfield 10 (2016), Hush (2016) e Vivarium (2019), apenas para citar alguns de uma longa lista. O espaço restrito, quando bem utilizado, é quase um protagonista desses filmes, gerando desconforto e apreensão genuína, seja em um quarto, uma cabine telefônica, um elevador ou uma casa…

O diretor: DJ Caruso não é nenhum artesão diferenciado e nem fez nenhuma obra prima cinematográfica, mas é aquele operário padrão que consegue trabalhar direitinho, sabendo contar uma história com clima e tensão. Ele fez o interessante Roubando Vidas (2004), com Angelina Jolie no auge de seu estrelato, e os bons Controle Absoluto (2008) e Paranoia (2007), ambos com Shia LaBeouf, quando o ator ainda não tinha se perdido na vida e nas telas. Caruso partiu para o cinemão de ação (com menos competência) em Eu Sou o Número Quatro (2011) e XXX Reativado (2017), da franquia de Vin Diesel.

Então, a volta dele aos thrillers me pareceu promissora… até certo ponto, já que o filme deixa muito a desejar. A ambientação é boa e, enquanto a protagonista está confinada na despensa, algumas cenas com a utilização de ruídos (passos, abrir e fechar de portas etc.) funcionam bem. Contudo, a personagem tem momentos de apatia que é difícil de entender e a situação proposta precisava de uma nota maior de desespero da atriz (Rainey Qualley, filha de Andie MacDowell e irmã de Margareth Qualley, ambas mais talentosas que ela).

O filme tem momentos bem desenvolvidos (a participação de Vincent Gallo como o pedófilo é quem conduz os trechos mais tensos do longa) e outros de sentir vergonha alheia (a leitura da Bíblia e o contexto religioso não colam).

Passatempo razoável, mas que fica devendo (e muito) comparado aos filmes citados no terceiro parágrafo. Invista seu tempo nesses filmes e assista Trancada apenas se, como eu, não encontrar outra opção…

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Ricardo Gazolla

Formado em Direito e trabalhando no setor privado, apaixonado por cinema desde a infância quando assistiu Os Goonies (1985) na tela grande. Sua predileção pelo horror começou um pouco depois ao conhecer em VHS A Hora do Pesadelo (1984), Renascido do Inferno (1987) e A morte do demônio (1981). Desde então o cinema se tornou um hobby, um vício socialmente aceito, um objeto de estudo, um prazer público e, agora, no site Boca do Inferno, uma forma de comunicação com as pessoas.

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