4.3
(4)

Círculo Fechado
Original:Full Circle
Ano:2023•País:EUA
Direção:Steven Soderbergh
Roteiro:Katy Allen-Kefalinos, Nicolaia Rips, Laura Shapiro, Ed Solomon
Produção:Angela Quiles
Elenco:Zazie Beetz, Claire Danes, Jim Gaffigan, Timothy Olyphant, CCH Pounder, Phaldut Sharma, Adia, Sheyi Cole, Gerald Jones, Suzanne Savoy, Lucian Zanes, Dennis Quaid, Kareem Savinon

Um sequestro que não deu certo coloca os personagens num espiral de segredos e traições que remonta ao passado e a crimes que ficaram impunes. O casal interpretado por Claire Danes e Timothy Olyphant recebe uma ligação de sequestradores que estão com seu filho, contudo, poucos minutos depois, o jovem retorna para casa, mas os sequestradores continuam com as ameaças. Quem será então o jovem sequestrado? Como isso se relaciona com uma chefe mafiosa (CCH Pounder) estabelecida em Nova York? Qual é o passado nebuloso do hoje famoso chef Jeff (Dennis Quaid), avô do garoto supostamente sequestrado? O que um acontecimento na Guiana ocorrido há vários anos tem relação com o presente?

As perguntas vão se avolumando e todas terão uma resposta ao final (algumas satisfatórias, outras nem tanto) dessa série de suspense criminal disponível na HBO Max e capitaneada por Steven Soderbergh, ilustre diretor americano que, dentre vários sucessos, dirigiu o ótimo longa Kimi (2022), que comentei aqui no Boca do Inferno no ano passado.

Contudo, apesar da boa história, que tenta prender a atenção do espectador com um confuso vai e vem dos vários núcleos narrativos, a direção de Soderbergh opta pela frieza, mostrando tudo de forma distanciada (vide as tomadas dentro do apartamento em que vive a família rica) e com uma fotografia escura, causando uma estranheza visual que não agrega em nada na experiência e que, ao contrário, afasta o espectador. Outro ponto fraco fica por conta da personagem interpretada por CCH Pounder, chefe da organização criminosa com origem na Guiana. O personagem mais bem trabalhado poderia causar calafrios e se tornar um vilão memorável mas, do jeito que ficou, parece uma mulher manipulável e desequilibrada que busca vingança de uma forma bem pouco convincente.

Os personagens mais críveis, cuja trajetória convence e causa empatia, são os três imigrantes guianeses que estão buscando seu lugar ao sol no sonho americano e que tentam fazer a coisa certa. Quando eles estão em cena, a série ganha em vivacidade e veracidade, fazendo com que esse núcleo narrativo seja o melhor e o mais bem resolvido. Infelizmente, não podemos dizer o mesmo do restante, que sofre pela direção sem envolvimento emocional ou pela solução mediana dos conflitos.

A produção tem o mérito de mostrar como funcionam as pequenas organizações criminosas atualmente e dar alguma voz aos milhares de imigrantes ilegais existentes nos EUA, mas essas boas intenções são abafadas pela falta de vontade em simplesmente contar uma história.

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