Jack Frost
Original:Jack Frost
Ano:1997•País:EUA Direção:Michael Cooney Roteiro:Michael Cooney, Jeremy Paige Produção:Jeremy Paige, Vicki Slotnick Elenco:Scott MacDonald, Christopher Allport, Stephen Mendel, F. William Parker, Eileen Seeley, Rob LaBelle, Zack Eginton, Kelly Jean Peters, Brian Leckner, Shannon Elizabeth, Paul Keith |
Um ano antes de Michael Keaton dublar um boneco de neve fofinho, que procurava se aproximar de sua família, foi feito um terror trash de vingança e bizarrices. É como se a versão de Troy Miller fosse uma produção The Asylum, explorando a mesma temática, em uma analogia divertida entre duas produções que só possuem em comum o mito natalino. Parte do folclore europeu, provavelmente de origem anglo-saxônica, Jack Frost é uma entidade que abriga o inverno e tudo o que o envolve, como neves, gelos e geadas, sendo um grande parceiro de Papai Noel, participando ativamente do imaginário infantil. Foi adaptado em animações, filmes, jogos, literatura juvenil e, com o tempo, passou até a ser o nome dos bonecos de neve. Foi a partir da popularidade dessa figura natalina que Michael Cooney e Jeremy Paige idealizaram essa bagaceira lançada em 1997.
E põe bagaceira nisso. O enredo traz semelhanças com o do Brinquedo Assassino, mas sem a magia negra envolvida: o terrível assassino Jack Frost (Scott MacDonald) acumulou mais de trinta corpos e violência por onze estados até ser preso pelo xerife da pequena Snowmonton, Sam Tiler (Christopher Allport, de Invasores de Marte, 1986). Julgado e condenado à morte, meia-hora antes da execução, quando estava sendo conduzido ao seu destino final, o veículo de transporte de prisioneiros se chocou com um de produtos químicos e pesquisas genéticas, fazendo com que seu corpo se dissolvesse e se fundisse com a neve. Pronto, monstrinho criado.
Enquanto a cidade se prepara para as comemorações de Natal, com um concurso de bonecos de neve, Sam fica sabendo da morte de Jack, e logo depois encontra um local, Harper, morto com o corpo congelado, sem sinais de pegadas ou sangue. Um incidente com o garoto Billy (Nathanyael Grey), decapitado por um trenó, sob a testemunha do filho de Sam, Ryan (Zack Eginton), que jura ter visto o boneco de neve empurrá-lo, movimenta a comunidade, atraindo a atenção do agente do FBI Manners (Stephen Mendel), e seu parceiro Stone (Rob LaBelle), que parecem saber do que se trata.
Mais assassinatos bizarros acometem o local, como o do pai de Billy, Jake (Jack Lindine), que tem o cabo de um machado enfiado na garganta, e sua esposa Sally (Kelly Jean Peters), engasgada com bolinhas da árvore de natal, encontrada como enfeite. Com a cidade em toque de recolher, Sam se une à polícia e ao comerciante Paul Davrow (F. William Parker) para tentar encontrar um meio de eliminar o assassino, capaz de alterar seu corpo para o estado líquido e gasoso, permitindo o acesso a diversos ambientes.
Deixando a (falta de) lógica científica de lado – Stone diz que a alma humana é química, entre outras baboseiras – e analisando apenas como filme de terror com elementos de comédia, ainda assim Jack Frost é bem ruim. Com baixos recursos técnicos, mesmo com a presença do experiente Screaming Mad George nos créditos, as mortes podem ser consideradas todas offscreen até quando não são, uma vez que a câmera usa técnicas para disfarçar a movimentação da criatura e outras situações, como o ridículo e mal filmado acidente do começo, com os carros nem sequer sendo amassados. Talvez as únicas que chamam a atenção, mas não pela qualidade e sim pela criatividade, são as que envolvem a morte de Tommy (Darren Campbell) e da namorada (Shannon Elizabeth, em sua estreia em filmes, depois se tornando popular com a franquia American Pie), esta atacada durante o banho na casa do xerife (!!).
Há algumas cenas sangrentas, porém sem gore ou excessos que possam atrair curiosos. A câmera agitada, exagerando nos close ups, incomoda bastante, sem dar a chance de se ter uma dimensão do que está acontecendo. E assim que Jack se mostra por completo, praticamente não há qualquer movimentação. Em entrevista ao Fangoria, o roteirista Michael Cooney disse que assumiu a direção para não precisarem contratar ninguém e ainda acrescentou que o comercial “Let it Snow“, da Campbell Soup, tinha orçamento três vezes maior que o filme inteiro. É como se constrói boa parte do cinema trash e independente, tendo mais ações criativas do que recursos.
Ainda assim, não há desculpas para Jack Frost ser tão ruim. Muitas produções são feitas com pouco dinheiro e se mostram interessantes e divertidas. Apesar de cultuada e ter uma boa quantidade de fãs, é um filme que ganhou notoriedade pela similaridade com a comédia-família de Michael Keaton, não se destacando entre as tradicionais produções de terror ambientadas no Natal. Em 2000, foi lançada a continuação, Jack Frost 2: Revenge of the Mutant Killer Snowman, resgatando personagens do primeiro filme e colocando a criatura em uma ilha tropical, desta vez com um humor mais infantil e escrachado.
Esse filme pra mim é quase um clássico da tosqueira. Lembro que a capa do vhs dele era num 3-D que a gente virava e a imagem mudava a feição.