Krampus: 12 Mortes no Natal (2017)

4.5
(4)

Krampus: 12 Mortes no Natal
Original:Mother Krampus
Ano:2017•País:UK
Direção:James Klass
Roteiro:James Klass, Scott Chambers
Produção:Becca Hirani, Tara MacGowran
Elenco:Claire-Maria Fox, Tony Manders, Faye Goodwin, Tara MacGowran, Oliver Ebsworth, Michelle Archer, Tom Bowen, Dottie James, Sian Crisp, Amy Burrows, Oliver John Lee, Becca Hirani, Blythe Rosewarne

O mito sobre Frau Perchta, uma bruxa dos alpes conhecida por sequestrar crianças, é a linha narrativa do enredo de Krampus: 12 Mortes no Natal (Mother Krampus, 2017). Sim, não tem relação direta com Krampus, tanto que o longa inicialmente iria se chamar “12 Deaths of Christmas” ou “The Curse of Frau Perchta“, mas sofreu a alteração no título pelos distribuidores americanos e ingleses, pensando na exploração de uma criatura mais popular. Além de não ter o demônio do Natal, o longa é uma versão genérica da criação de Freddy Krueger, substituindo uma entidade que ataca nos sonhos por uma que seduz crianças para seus rituais de sangue. E o resultado, infelizmente, abraça seus co-irmãos Krampus com um nível similar de ruindade, realizados por Jason Hull e Robert Conway.

Com direção de James Klass (House on Elm Lake, 2017), a partir de um roteiro próprio em parceria com Scott Chambers, o longa tem início com uma narração tétrica (Terence Pickering) contando o que depois será mostrado em cena: em 1921, durante 12 dias antes do Natal, crianças desapareceram de um vilarejo, sendo que apenas uma foi encontrada sem lembranças do que aconteceu. Em 1992, cinco crianças também sumiram numa comunidade em Belgrave, mas tiveram seus corpos encontrados na mata, com a culpa sendo apontada a uma mulher local, condenada à morte por enforcamento pelos locais, invocando em seu último suspiro a bruxa Frau Perchta para perpetuar uma vingança contra os descendentes. Vinte e cinco anos depois, a bruxa resolveu agir, inicialmente levando um garotinho na igreja, atraído para as sombras por uma trilha de bombons. Posteriormente, é dito que ela não entra em igrejas, mas não se sabe como conseguiu espalhar os doces pelo local.

São apresentados os personagens principais, como a garotinha Amy (Faye Goodwin), que interessa ao coleguinha Callum (Oliver Ebsworth), vítima de agressões pelo invejoso Kevin (Oliver John Lee). Amy é filha de Vanessa (Claire-Maria Fox), recém separada de Wildon (Tom Bowen), que a largou por uma moça mais jovem. Mãe e filha vão passar o Natal com o avô Alfie (Tony Manders), quando este é alertado por Martha (Sian Crisp) sobre as ações da bruxa Frau Perchta, novamente sequestrando crianças e matando adultos com requintes de crueldade, deixando mensagens de sangue com o número 12. Na reunião dos moradores na igreja, o grupo não sabe como se defender contra o inimigo sobrenatural, embora em outro momento Alfie diz que ela teme a luz e colocou lâmpadas de Natal no machado, em mais uma incoerência do enredo.

Como nesse e em muitos filmes, os personagens não conversam entre si sobre o que está acontecendo. Enquanto Vanessa descobre coisas sobre seu passado, Amy se aproxima da bruxa, que a seduz com um gatinho, desejo de Natal da garota. Diferente dos demais, que são sequestrados na hora, ela é apenas chamada para segui-la, justificado pela importância que tem para a tal bruxa. Kevin é atraído para uma barraquinha na detenção da escola, depois a mãe e Callum são pegos na floresta – embora ela estivesse na reunião da igreja, ainda assim, resolve atravessar a mata com o filho sozinhos no escuro à noite. Na véspera da noite de Natal, Wildon leva a namorada Debbie (Dottie James) para a casa do ex-sogro, com a bruxa aparecendo para seu ataque final.

Se a ideia de assassinar com relação a elementos natalinos é interessante – sufocados por lâmpadas coloridas, colocados na mesa como um peru, com partes do corpo servindo para fazer biscoitinhos, além de machadadas -, por outro as ações são lentas demais para o público se importar. Enquanto a bruxa sufoca uma pessoa, ninguém se lembra de atacá-la, com a cena demorando uma eternidade para se concluir. E toda a violência é alternada com melodramas que incomodam também pela lentidão em sua conclusão: Wildon de repente descobre que ama Vanessa e quer voltar com ela, pedindo perdão em um momento de desespero; já ela descobre que teve uma irmã e que a mãe pode não ser quem ela imagina; Alfie teve um affair com Martha e ambos escondem a verdade sobre o assassinato da condenada à morte em 1992.

Com grande parte das atuações amadoras, com destaque negativo para Tom Bowen, que não convence ninguém como pai de uma garota de 12 anos, sendo que ele parece ter 20, o filme é um pouco melhor do que a safra Krampus, lançada entre 2013 e 2018 – à exceção do ótimo longa de Michael Dougherty, de 2015 – ainda que não tenha relação com a lenda. Apesar do final pessimista e algumas mortes sangrentas, o filme não atinge a média, mas ganha uma caveirinha a mais. Disponível no catálogo do Looke, não vale a recomendação, seja para os fãs do demônio ou de bruxaria.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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