Krampus: O Acordo (2015)

4.2
(5)

Krampus: O Acordo
Original:Krampus: The Reckoning
Ano:2015•País:EUA
Direção:Robert Conway
Roteiro:Robert Conway, Owen Conway
Produção:Robert Conway, Owen Conway, Joseph Mbah
Elenco:Monica Engesser, Amelia Haberman, James Ray, Owen Conway, Nathaniel Burns, Gianna Frangella

Jason Hull encontrou um rival à altura dentre os cineastas que resolverem provocar o mito de Krampus. O diretor de Krampus – O Justiceiro do Mal (2013) e Krampus – O Retorno do Demônio (2016) deve ter se sentido ameaçado por Robert Conway, que cometeu Krampus – O Acordo (2015), Krampus – O Demônio das Sombras (2016) e Krampus Origins (2018), comprovando que existem várias formas de fazer um filme ruim sobre o mesmo tema. O curioso é que todas as produções, incluindo Krampus – O Terror no Natal, de Michael Dougherty, e Krampus – 12 Mortes no Natal, de James Klass, foram lançadas na mesma época, entre 2013 e 2018, desgastando a criatura que não traz presentes como Papai Noel, além de tortura e morte.

Diferente de Hull, Conway tem uma filmografia de mais de dez bagaceiras e ainda é atuante como diretor, roteirista e produtor. Em Krampus: O Acordo (Krampus: The Reckoning) ele divide o roteiro com seu irmão Owen Conway, parceiro em várias produções. Na trama, construída pela dupla, o demônio é invocado pela garotinha Zoe Weaver (Amelia Haberman), que, com bonecos de lã como vodus, imitando a criatura e seus pais adotivos, ela provoca o encontro. Krampus aparece em todo o seu CGI feito em alguma boca-de-porco e, ao encostar nas vítimas, Katie (Carrie Fee) e Teddy Hoelzer (Benjamin Foronda), queima-as, transformando-as em um punhado de cinzas ou em qualquer coisa chamuscada. A pequena é conduzida ao hospital, onde é acompanhada pelos detetives Miles O’Connor (James Ray) e James Cegan (Jeffrey Lamar), além da psicóloga infantil Rachel Stewart (Monica Engesser) para tentar descobrir o que aconteceu.

A mal-humorada Zoe não quer conversa, desde que lhe tragam coisas que ela pede, como uma caixa de costura, onde guarda o bonequinho de Krampus, e linha para produzir outras vítimas. O próximo de sua lista, considerado uma pessoa má, é o enfermeiro Joe (o tal irmão de Robert Conway, Owen), também postulante a ser cremado. Com um passado obscuro, tendo cicatrizes no punho, Rachel se envolve com o detetive Miles enquanto pesquisa sobre a vida de Zoe, anteriormente adotada por pessoas que tiveram destinos trágicos há 25 anos. A “criança-demônio” também está conectada ao passado de Rachel, quando o monstrinho digital fora invocado pela primeira vez.

E não tem mais nada de interessante no enredo além disso, que já não é interessante. Conway coloca algumas mulheres nuas, como a segunda vítima e a própria psicóloga, e cria um melodrama moralista sobre crianças deixadas de lado, mesmo quando são adotadas. Raquel é também mãe adotiva do pequeno Lamaar (Sean G. P. Anderson), que “sofre” por não poder jogar videogame até tarde; na cena de abertura, há o exemplo da mãe que quer assistir novela a deixar a filha ver qualquer coisa na TV. É muita maldade! Para não ser injusto, há uma garotinha com o rosto queimado no hospital, vítima de algum descuido de seu pai, visto por acaso – mundo pequeno!!! – em um bar, provocando o detetive sobre a conquista de Rachel.

Câmera estática, mas com uma edição melhor do que a de Jason Hull, Krampus – O Acordo também destila falhas técnicas no som e nas atuações fracas de seu elenco, à exceção da pequena Amelia Haberman e de Monica Engesser, como a amargurada psicóloga. Como os recursos para o Krampus em CGI não permitiam mais do que 40 segundos em cena, ele pouco aparece, não dando tempo nem do espectador rir da ruindade, do fato dele ter tanquinho e ser malhadinho, mostrando como deve ocupar seu tempo em alguma coisa fit por aí. Por outro, há até um certo esforço para mostrarem rostos e corpos queimados, com efeitos práticos, algo que poderia ter sido estendido ao monstro.

Levemente superior aos dois filmes de Hull, ainda traz um Krampus desinteressante, sem muita importância dentro de uma trama principal, sendo usado como elemento de vingança. Encontra-se no catálogo do Looke, com outros exemplares igualmente ruins, para aqueles que quiserem arriscar.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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