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Duro de Prender / Condenação do Além
Original:Prison
Ano:1987•País:EUA
Direção:Renny Harlin
Roteiro:Renny Harlin, C. Courtney Joyner, Irwin Yablans
Produção:Irwin Yablans
Elenco:Lane Smith, Viggo Mortensen, Chelsea Field, Lincoln Kilpatrick, Tom Everett, Ivan Kane, André De Shields, Tom Lister Jr., Stephen E. Little, Mickey Yablans, Larry Flash Jenkins, Arlen Dean Snyder, Hal Landon Jr.Matt Kanen, Rod Lockman

Renny Harlin é um diretor conhecido por dirigir atores famosos e um tanto instável tanto no gênero terror quanto nos demais, pois alterna momentos de excelente forma ou inspiração (Caçadores de Mentes e Duro de Matar 2), filmes pipoca medianos (A Ilha da Garganta Cortada e Risco Total) e grandes porcarias (Do Fundo do Mar e Exorcista: O Início). Pois então, antes da ganhar notoriedade pelo “Deus-me-livre-e-guardeA Hora do Pesadelo 4, o então jovem e relativamente inexperiente finlandês fez um interessante filme de terror ambientado num presídio numa que foi sua primeira produção feita totalmente nos Estados Unidos.

O filme em questão é Prison, lançado nacionalmente com o terrível título Duro de Prender (obviamente a intenção da distribuidora era associa-lo com o sucesso de Duro de Matar 2) e que foi o cartão de visitas que projetaria Harlin para pegar futuramente a direção de filmes de orçamentos muito maiores como os blockbusters apresentados.

Uma das coisas que podem te fazer assistir a Prison (e me recuso a continuar dizendo o título nacional) não é só o fato de ser uma produção bacana, com bons efeitos e história consistente, mas também por ter seu elenco liderado pelo futuro astro Viggo Mortensen (que adquiriu status de estrela mundial após a trilogia O Senhor dos Anéis) e alguns coadjuvantes de luxo, conforme veremos no desenrolar deste texto.

A história começa no passado, com o último caminhar de um prisioneiro pelo corredor da morte. Nada é revelado sobre a acusação, e na câmara um padre reza uma última prece pela alma do condenado. A execução ocorre na cadeira elétrica conforme o planejado, e, em seguida, um homem acorda gritando assustado. O homem é Eaton Sharpe (Lane Smith, mais conhecido como o Perry White do seriado As Novas Aventuras do Superman), o comandante da velha penitenciara de Rawlins, que será reaberta após muitos anos, para descontentamento da defensora dos direitos humanos Katherine Walker (Chelsea Field de A Metade Negra e Os Pássaros 2), que pleiteava a construção de uma nova prisão. Eaton Sharpe é um diretor de prisão linha dura e por isso seus interesses sempre batem de frente com as ideias de Katherine. Finalmente chegam os primeiros ônibus com prisioneiros e entre eles estão Rabbitt (Tom Everett de O Massacre da Serra Elétrica III e Força Aérea Um) e Hershey (Larry Flash Jenkins de Curtindo a Vida Adoidado), que, após uma tentativa frustrada de fuga logo na chegada, são levados à solitária.

Também somos apresentados ao frio ladrão de carros Burke (Mortensen), que, por incrível que pareça, é o mocinho da história. Logo Burke faz algumas amizades, entre elas o velho Cresus (Lincoln Kilpatrick, de A Fortaleza), seu companheiro de cela que, apesar da fragilidade devido a sua idade, tem papel importante no desenrolar da trama.

Enfim, Eaton recruta Burke e o presidiário religioso Sandor (André De Shields, de Medidas Extremas) para destruir uma velha parede de pedras que esconde a antiga câmara de execução daquele presídio. A tarefa demanda tempo, mas após a abertura, a câmara liberta uma estranha e poderosa luz azulada que passa a desencadear uma série de mortes e eventos bizarros, começando pelos dois prisioneiros na solitária, os quais Burke tenta salvar.

Junto com os eventos sobrenaturais, verdades sombrias sobre o passado do presídio serão reveladas e isto deixará o já psicótico Sharpe cada vez mais doido, e, no meio de toda essa bagunça, estão os prisioneiros.

Renny Harlin manda muito bem na forma de conduzir a trama, demonstrando agilidade e gastando um bom tempo no desenvolvimento dos personagens, tanto guardas quanto prisioneiros, que, segundo sua ótica, não são nem bons nem maus, configurando outra boa decisão do diretor; isto para não falar da ambientação escura e muitas vezes claustrofóbica imprimida por ele.

Parte dos créditos fica também para o roteiro de C. Courtney Joyner (Aprisionados pelo Medo, O Rapto de Candy), baseado em uma história de Irwin Yablans (produtor executivo dos três primeiros Halloween): simples, enxuto e eficiente. Para quem é mais chegado nos vídeo games e já tem uma certa idade, a combinação roteiro/direção de Prison lembra bastante o sucesso do Playstation 2 The Suffering, que também se passa em um velho presídio, mas ao invés de um único fantasma temos vários e também monstros.

Como eu disse anteriormente, o elenco é outro destaque, já que temos um curioso Viggo Mortensen em início de carreira interpretando um personagem de maneira quase canastra – assistindo a seus trabalhos atuais, percebe-se uma diferença gritante na sua apresentação. Além dele e dos citados, temos a presença do gigantão Tommy ‘Tiny’ Lister (Jackie Brown, O Quinto Elemento), Ivan Kane (Platoon), Mickey Yablans (o filho de Irwin Yablans, que também participou de Halloween), Hal Landon Jr. (Bill e Ted) e uma ponta “piscou-perdeu” de Kane “Jason” Hodder (que também coordenou os dublês do filme). Entretanto, sem sombra de dúvida, o melhor em cena é Lane Smith em um dos mais intensos papéis de sua carreira, um grande ator que infelizmente não obteve o destaque e reconhecimento que merecia. Para finalizar vale dizer um pouco dos efeitos especiais que são muito bem executados e até impressionam se levarmos em conta que se trata de um filme B com baixo orçamento (estimado em 4 milhões de doletas).

Então vale a pena uma boa olhada, pois é um bom exemplo de como um filme de terror em presídio pode ser bom se levado a sério e com uma equipe de talento, diferentemente de produções mais medíocres e esquecíveis com temática parecida como Shocker e Sombra da Morte. Assista, ainda mais se você for fã do trabalho de Mortensen, e embarque junto com um Renny Harlin em boa forma que traz um filme B violento e acima da média que consegue prender a atenção.

Curiosidades:

– A prisão onde o filme foi rodado é localizada em Rawlins, estado de Wyoming, e tem excursões diárias abertas ao público. Muito ainda permanece intacto desde quando a equipe filmou em 1987.

– A cadeira elétrica (que nunca foi utilizada em Wyoming) foi construída na câmara de gás da prisão e as cenas da sentença de morte foram rodadas lá. A cadeira original foi removida com cuidado e uma cadeira elétrica foi construída em seu lugar. Durante as filmagens, as “convulsões” de Viggo Mortensen foram tão violentas que os braços da cadeira foram quebrados e precisaram ser reparados.

– A alta altitude do sol causou edições na cena em que os prisioneiros estão de cuecas forçados a ficar no pátio do presídio o dia inteiro. Devido às edições técnicas, a cena foi rodada repetidamente e os figurantes prisioneiros do fundo da cena ficaram todos queimados de sol em um lado do corpo, pois não foram fornecidos protetores solares para eles.

– A água em que Viggo Mortensen corre de cueca já estava lá quando a cena foi rodada e não foi incluída pela produção. Aquela parte da prisão tinha sido inundada há anos e a temperatura na sala estava abaixo de 10ºC com a temperatura da água era aproximadamente de 7ºC, portanto as tremedeiras de Mortensen eram reais. Ele insistiu em rodar estas cenas sem um dublê.

– Como se pode notar no começo do filme, o “portão” de entrada da prisão não existia antes, sendo construída em uma seção de parede traseira da prisão. No processo de cortar um buraco na parede para os veículos, no muro, que havia sido construído pelos trabalhadores da prisão, foram descobertos muitos artigos interessantes utilizado como enchimento, entre eles um arado de neve.

– O cenário do escritório do diretor da prisão foi construído com as janelas do escritório verdadeiro, que não pode ser usado nas filmagens, ironicamente por causa de um buraco no chão.

– Foram necessárias as aquisições de um kit especial de marretas especialmente para o ator Tommy ‘Tiny’ Lister, para que elas não parecessem de “brinquedo” enquanto ele as segurava. Suas marretas pesavam entre oito e nove quilos.

– Os pôsteres que aparecem em algumas paredes das celas são de filmes feitos por Irwin Yablans, Charles Band e em um caso, Linda Blair, cujo pôster foi realmente autografado por ela enquanto estava no set visitando um amigo que trabalhava na equipe de filmagens.

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1 comentário

  1. Vou conferir, Mortensen geralmente entrega bons filmes.

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