Mad Max: Além da Cúpula do Trovão
Original:Mad Max Beyond Thunderdome
Ano:1985•País:Austrália Direção:George Miller, George Ogilvie Roteiro:George Miller, Terry Hayes Produção:George Miller Elenco:Mel Gibson, Bruce Spence, Tina Turner, Frank Thring, Angelo Rossitto, Paul Larsson, Angry Anderson, Robert Grubb, George Spartels, Edwin Hodgeman, Bob Hornery, Andrew Oh |
Produção mais popular da franquia Mad Max, é a mais lembrada pelos fãs de filmes distópicos e pós-apocalípticos. Há quem até considere este como o segundo longa da série, ignorando os feitos do primeiro Mad Max. Mel Gibson está de volta como o Guerreiro das Estradas em uma aventura bastante diferente das anteriores, com uma primeira parte muito divertida, e uma segunda que parece iniciar um outro filme. Assim como o anterior, também fez bastante sucesso nas bilheterias e foi bastante elogiado, embora haja o reconhecimento de que Mad Max 2 é o melhor filme da trilogia inicial.
Apesar do interesse em realizá-lo, George Miller levou um golpe duro que quase o fez desistir: o roteirista Byron Kennedy morreu em um acidente de helicóptero em 17 de julho de 1983. Abalado pela perda, Miller convidou George Ogilvie para ajudá-lo a dirigir o filme. Não se sabe exatamente o que cada um dirigiu, mas como o filme tem duas partes bastante distintas, não estranharia que Ogilvie tenha ficado com o capítulo “O Senhor das Moscas“. Aliás, há boatos na internet que dizem que estavam realmente fazendo um longa com crianças guerreiras do deserto quando tiveram a ideia de acrescentar o personagem Max, estrelado por um desinteressado Mel Gibson.
Essa teoria se deve a semelhanças com a obra clássica de William Golding, lançada em 1954. Pode-se comparar também com os garotos perdidos de Peter Pan, e as crianças fugidas de Caravana da Coragem. E há até um toque de Colheita Maldita ali, lembrando os jovens que veneravam o Homem Azul. Toda essa relação parece destoar do mundo desértico de Mad Max. Pelo menos o começo e a sequência “road movie” do final levam o público novamente a olhar para Max com boas recordações. E Miller ainda contribuiu para a produção com mais um final abrupto, encerrando a jornada com alguns cadarços a serem amarrados.
Com a ausência de combustível, Max é visto no começo do filme em um veículo conduzido por camelos. Ele é saqueado por Jedediah (Bruce Spence), novamente como piloto, desta vez com um avião de pequeno porte, acompanhado de seu filho (Adam Cockburn), proveniente de um relacionamento com a moça que ele estava azarando no filme anterior. Embora seja também piloto de veículo aéreo, Jedediah não tinha nome em Mad Max 2 e o encontro dos dois não parece evidenciar um reencontro – ora, ele o salvou no segundo filme. Sem os camelos e um veículo, Max segue os rastros do ladrão até a cidade de Bartertown.
O local é visto como um último refúgio da Terra, habitado por pessoas em farrapos, venda de água contaminada, bordel e boa parte do comércio realizado a partir de escambos. Demonstrando agressividade quando é barrado na entrada, ele chama a atenção da governante Tia Entidade (Tina Turner, em grande performance), que o convida ao seu cômodo no alto, com a trilha de um saxofone, para propor um acordo: como a cidade produz metano através de porcos em um subterrâneo liderado por um anão chamado Master nas costas de um grandalhão conhecido como “Master Blaster“, a Tia pede que ele provoque uma briga e o confronte em um gigantesco domo de combate entre gladiadores, conhecido como “Thunderdome“.
Para tal, Max arruma um emprego no submundo e consegue provocar o inimigo, quando estes estão tentando desligar as bombas de seu veículo. Ele aprende que o gigante, com um capacete, possui um ouvido sensível a um apito de bosun que ele possui, e que isso pode ser uma ferramenta para ajudá-lo na batalha. Tudo acontece como se espera até o aguardado combate, com ambos presos em elásticos, enquanto o público ajuda com armas como motosserras e lâminas. “Dois homens entram, um sai.” A única regra é desobedecida quando Max tira o capacete de Master Blaster e descobre que se trata de um rapaz com deficiência cognitiva, e opta por não matá-lo – aquele Max desalmado parece ter ficado para trás -, contrariando a ordem da Tia.
O destino de Max então é decidido em uma roda de sentenças, onde aparecem as possibilidades: Absolvição, Amputação, Escolha da Tia, Morte, Bens Perdidos, Gulag, Trabalho Duro, Prisão Perpétua, Gire Novamente e Submundo. Max seleciona Gulag, é é mandado amarrado e com uma máscara para o deserto de Wasteland, o tal Gulag. Quase vítima de uma areia movediça e totalmente desidratado, ele é encontrado pela guerreira Savannah Nix (Helen Buday), que o leva até um local no deserto chamado “Planeta Erf“, habitado por uma tribo de crianças e adolescentes que aguardam a chegada de um herói, o Capitão Walker, aquele que os conduzirá pelos ares em um Boeig 747 destruído.
Eles contam suas origens em uma apresentação quase teatral, a partir de desenhos na parede, sobre a vinda de um salvador. Depois que desdenha dessa vocação e algumas crianças fogem pelo deserto, Max organiza uma expedição para buscá-los, pensando em voltar à cidade de Bartertown para desafiar a líder. Agora com os cabelos cortados – Mel Gibson já estava antecipando o visual de seu personagem em Coração Valente -, Max irá trazer destruição ao local e, na fuga pelo deserto, ele, as crianças e fugitivos do subterrâneo como Master e um prisioneiro serão perseguidos pela Tia e seus ajudantes como o imortal Ironbar (Angry Anderson), resgatando o estilo “road movie” que acompanha a série.
Mad Max: Além da Cúpula do Trovão é mais um bom filme da franquia, justificando os elogios recebidos na época pela crítica. É um pouco inferior à parte 2 exatamente pela quebra de ritmo quando Max é resgatado pelas crianças. Parece realmente uma outra história mesclada ao universo Mad Max, e que dão ao protagonista uma condição de herói, algo que ele não foi em nenhum dos filmes. Sem a insanidade e a frieza de seu personagem, há aqui um Max menos louco, menos egocêntrico. Na primeira parte, na chegada à cidade, está com mais aspectos de um motherfucker, como um sobrevivente do deserto. Pena que o enredo de Terry Hayes e Miller não soube manter o mesmo ritmo de ação, optando mais por uma aventura fantasiosa.
Com bons efeitos e repleto de personagens curiosos, apostando em algumas doses de humor que o segundo filme fez uso de maneira mais moderada, Mad Max 3 parece ter encerrado de vez a jornada de Max, sob a pele de Mel Gibson. Depois o personagem seria assumido por Tom Hardy no excelente Mad Max: Estrada da Fúria (2015). Há notícias por aí que dizem que Gibson aparecerá brevemente em um novo filme a ser lançado em 2025 com o subtítulo Wasteland, conectando a trilogia original com o reboot. Vamos ver para onde a estrada da franquia irá nos levar…