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Stanley, O Réptil Maligno
Original:Stanley
Ano:1972•País:EUA
Direção:William Grefé
Roteiro:William Grefé, Gary Crutcher
Produção:William Grefé
Elenco:Chris Robinson, Alex Rocco, Steve Alaimo, Susan Carroll, Mark Harris, Rey Baumel, Paul Avery, Marcia Knight, Gary Crutcher, Mel Pape

 

 

Eu não sei bem o que estava esperando quando pus esse Stanley – O Réptil Maligno, disponível no Darkflix+, pra rolar. Não sei se um pouco de ação, não sei se alguma tolice. Certamente algo que eu pudesse ver e cochilar no meio sem maiores culpas. E como quase sempre acontece em situações despretensiosas assim, a história da cativante “cobra amigável” Stanley e de seu valente tutor, Tim (Chris Robinson), me prenderam a ponto de eu estar aqui agora, vejam só, repercutindo.

A julgar pelos momentos iniciais, realmente parece ser um filme do qual não se espera muito. Desde o início, com uma introdução que caminha pelos pântanos da Flórida, nos apresentando o Éden particular de Tim, temos uma sensação de leveza conduzida pela direção de William Grefé, que nos remete aos momentos mais tranquilos e nostálgicos de uma Sessão da Tarde ou de um Cinema em Casa (pra quem foi desses).

A presença em tela do “honroso” Tim reforça essa sensação. Um descendente de indígena, apartado de sua aldeia, que já lutou no Vietnã e se refugiou dos humanos nas entranhas dos pântanos para viver em paz e harmonia com a natureza – e as cobras, de quem se tornou um protetor e amigo, e especialmente de Stanley e sua “esposa”, Hazel. Mesmo sem fé nos homens, Tim não vive totalmente apartado. Ele faz pequenos serviços na cidade, como “emprestar” seus pets para laboratórios (extração de veneno), e para os cabarés locais, onde os artistas utilizam os animais em seus números musicais.

O roteiro tenta engrenar uma discussão ambientalista a todo momento – tanto que o vilão é uma turma de caçadores de cobras, que querem utilizar suas peles para fazer acessórios. Tim é o melhor caçador de cobras da região e quer ficar longe desse negócio. Na verdade, o caminho de Tim se cruza com o dos vilões em muitos momentos, o que torna impossível estar tão longe assim desse esquema. Então o que fazer? Será que Tim está mesmo convencido do seu próprio discurso pacifista ambientalista, de harmonia com a natureza? E até que ponto?

Então, o que começa leve e despretensioso, com uma atmosfera quase edificante, vai aos poucos se tornando uma trama de vingança surreal, em que as convicções dos protagonistas, Tim, e também do seu amigo Stanley (risos), são testadas.

Enquanto parte dessa vertente do horror chamada “horror natural”, Stanley consiste numa das boas produções do gênero, com boas sequências de violência e um realismo que te deixa curioso (a naturalidade do manejo de Tim com as dezenas de cobras que abriga em sua casa são impressionantes, uma coisa imprescindível para o filme e que prende a atenção na tela).

E mesmo com uma conclusão sombria, Stanley não perde sua característica mais charmosa, que é a despretensão. De leve e devagar, William Grefé constrói um filme que começa como uma brincadeira cheia de clichês, e vai se tornando um produto sólido de seu tempo, em que as discussões sobre cuidado e preservação do planeta ganham corpo –  e mostra que o cinema de horror não ficaria de fora dessa discussão.

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