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Lilitu Escarlate
Original:Lilitu Escarlate
Ano:2023•País:Brasil
Autor:Danilo Morales•Editora: Novo Século

Após o sucesso do excelente Suprema, o autor Danilo Morales volta com mais uma história repleta de elementos macabros e questionamentos pertinentes. Qual o preço que você pagaria pela fama absoluta? Quais consequências você está disposto a enfrentar, por cima de quantas pessoas pretende passar? Em uma narrativa intensa e aterrorizante, Lilitu Escarlate traz um panorama interessante sobre a sociedade.

Natasha é uma moça com voz poderosa e obstinação inabalável. Quando sobe ao palco, todo seu ser se transforma. Sob os holofotes, Natasha se transforma em Pandora, hipnotizante e sensual, é como se o público estivesse assistindo ao show de uma deusa, tamanho seu magnetismo sobrenatural. Mesmo com letras pouco convencionais, o sucesso de Natasha é astronômico, e a garota sente que, pouco a pouco, seu alterego – Pandora – está cada vez mais tomando o controle.

Após um show conturbado, logo uma pandemia estoura e o mundo se afoga em sangue e vísceras. Denominada Febre de Ísis, faz com que as pessoas fiquem extremamente violentas e sanguinárias quando expostas ao vírus, agindo de formas diferentes em homens e mulheres. Os homens ficam insanos e bestiais, enquanto as mulheres desenvolvem uma incontrolável sede de sangue. Com isso, o caos se instala e Natasha, com todo seu dinheiro e influência, imediatamente se refugia em uma mansão localizada no penhasco de uma ilha afastada com seu companheiro e alguns poucos amigos. O que nenhum deles sabe é que a ilha, chamada de Ilha das Freiras, já foi palco de uma tragédia sem precedentes: diversas freiras e noviças foram encontradas mortas no local, o caso nunca foi solucionado e dizem ali reside um artefato amaldiçoado escondido. Aos poucos, o lugar desperta um lado feroz e sombrio de Natasha, que começa a ter visões e alucinações; Pandora está emergindo, e ninguém pode para-la.

Em contrapartida, somos apresentados também ao padre Bruno de Lira, um canastrão narcisista que usa de sua imagem para se promover, sem de fato acreditar no que prega. Os destinos de Bruno e Natasha estão prestes a se entrelaçar em uma sequência de eventos ainda mais sangrenta e macabra.

Morales já mostrou anteriormente que sabe trabalhar muito bem temas como o oculto e magia negra, e tais temas são recorrentes em Lilitu Escarlate onde, mesmo com algo tão explorado como pactos e possessão, ainda assim consegue apresentar originalidade em seu conteúdo. Sem perder tempo com floreios, em poucas páginas já conhecemos as personalidades dos personagens importantes, o que também cria um porém: mal sabemos algo sobre os secundários, apenas um breve arranhão na superfície deles, o que faz com que sejam apenas um suporte descartável. O enredo também não demora a engatar, sendo continuamente tenso, com elementos sombrios que vão se elevando a cada capítulo até chegar no ápice da violência com muito sangue, horror e ocultismo em cenas descritas de forma assustadoramente gráficas. Assim como a entidade que dá nome ao livro, a escuridão está continuamente rondando a história.

Vale citar que sim, claramente todos os personagens tem uma personalidade fortíssima e muito bem definida e isso fica óbvio desde o início, mas também são todos altamente detestáveis. Não há uma identificação com qualquer um deles, seus desejos e atitudes são mesquinhas e egoístas de uma forma irritante, o que deixa difícil torcer ou ter alguma simpatia por qualquer um deles.

Lilitu Escarlate tem a intensidade como marca registrada, seja nos personagens, na história ou mesmo na ambientação. É uma leitura instigante e rápida, com uma obscuridade e profundidade que refletem o cenário atual da sociedade junto a um terror sobrenatural que certamente vai causar ao menos um arrepio na espinha.

A obra é continuação de Suprema e possui referências ao primeiro, entretanto, pode ser lido de forma independente sem que isso interfira em seu entendimento.

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