Caçada Fantasma
Original:Canceled
Ano:2023•País:Suécia Direção:Oskar Mellander Roteiro:Paolo Vacirca, Henry Stenberg, Joakim Lundell Produção:Alexander Eriksson, Joakim Lundell, Paolo Vacirca Elenco:Vincent Grahl, Fanny Klefelt, Klas Wiljergård, William Wasberg, Felicia Kartal, Emma Valev, Joakim LundellAnnica Liljeblad, |
“Ela prospera com o medo. Se alguém pensa sobre isso ou fala a respeito, ela existe e também se fortalece. A única maneira de acabar com isso é fazendo o mundo esquecer completamente. Esta casa deve ser isolada. Ninguém deve vir aqui.”
A premissa de Caçada Fantasma (Canceled, 2023) é a típica de um found footage raiz: quatro caçadores de fantasmas, participantes de um programa que investigava lugares assombrados, pretendem explorar uma casa maldita para fins de reerguer a reputação perdida em um episódio recente. Sim, o argumento já foi explorado à exaustão no cinema de horror das últimas décadas, desde aquela jornada pelas florestas de Burkittsville, Maryland, em 1999, porém este longa sueco, comandado por Oskar Mellander, além de ter poucos momentos found footage, ainda expõe muitos outros clichês na mesa.
A começar pela abertura que já traz uma cena de aparição, apoiada por uma trilha sinistra. Logo surgem dizeres na tela informando que os acontecimentos serão ambientados no noroeste da Suécia, iniciando com o “Dia Um“. Alex (Vincent Grahl) é o condutor do programa “Gone Ghosting“, que perdeu seguidores depois que suas assombrações forjadas foram expostas – embora sua assistente, Lise (Fanny Klefelt), acrescente que ele também tratava mal as pessoas, ocasionando até mesmo um suicídio. Como tentativa de restaurar sua conduta, ele convence sua equipe a visitar uma mansão assombrada, pertencente a Samuel von Gottfried, que, através de cartas, contou que perdeu a esposa dando à luz seu filho e estava tentando trazê-la de volta. Mas parece que outra coisa teria aproveitado a travessia.
Parte da equipe, Catta (Felicia Kartal) é a sensitiva que sugeriu trazer Polly (Emma Valev), que perdera o irmão gêmeo em um acidente de automóvel, para participar de uma sessão espírita no local. Os registros em vídeo são feitos pelo cinegrafista Fabian (Klas Wiljergård) e com o técnico de tecnologia Sandro (William Wasberg). A caminho da tal mansão, cercada por uma floresta densa, o veículo é obstruído pela queda de uma árvore. Ainda assim, chegam ao casarão para explorá-lo, descobrindo uma porta que esconde um ambiente secreto e fitas de vídeo que indicam que, depois de Samuel, uma outra família chegou a residir ali.
Aparições sinistras, desenhos infantis macabros e o “found footage” mostram que existe uma criatura habitando as paredes, uma entidade que emula o som de Kayako, da franquia O Grito, e tem intenções de Sadako – é ver para crer. Mesmo que o argumento também lembre Castle Freak e Mellander saiba explorar o lado sombrio da moradia, o que traz mais arrepios está nas fitas gravadas, no que Elizabeth (Annica Liljeblad) fora capaz de fazer para cessar o mal em absoluto. Só não se entende por que não optou por destruir a casa e fez a gravação, se não tinha como enviar a fita a qualquer pessoa.
Caçada Fantasma não é tão ruim quanto se esforça para ser, apenas poderia ser mais criativo. Com essa reciclagem de ideias, o longa acaba não tendo personalidade. Mas vale pela ambientação, pela criatura e atmosfera, impedindo que os clichês tornem a experiência enfadonha e justifique um cancelamento. Não é para tanto.