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Longlegs: Vínculo Mortal
Original:Longlegs
Ano:2024•País:EUA, Canadá
Direção:Osgood Perkins
Roteiro:Osgood Perkins
Produção:Nicolas Cage, Dave Caplan, Chris Ferguson, Dan Kagan, Brian Kavanaugh-Jones
Elenco:Maika Monroe, Blair Underwood, Alicia Witt, Nicolas Cage, Michelle Choi-Lee, Dakota Daulby, Lauren Acala, Kiernan Shipka, Maila Hosie, Jason William Day, Lisa Chandler, Rryla McIntosh, Carmel Amit

Longlegs: Vínculo Mortal mostra a agente do FBI Lee Harker (Maika Monroe), que logo no começo de sua carreira é incumbida de trabalhar na investigação do assassino serial Longlegs, um caso estranho e complicado que, ao se desenrolar, acaba se mostrando como algo muito mais sinistro e perturbador do que já aparentava.

A nova produção de Osgood Perkins chega aos cinemas com uma campanha bem sinistra e instigante, seguindo o clima de estranhamento e mistério que permeia a história. A decisão de não se usar a imagem de Nicolas Cage como o assassino serial (e mote da história), a divulgação de mensagens em código e até mesmo um número de telefone com um recado sinistro, além de ser tremendamente acertada, combina perfeitamente com o clima do filme.

A trama parece mais ou menos simples no início, quando o espectador já descobre que Harker possui habilidades de premonição, ou visões adivinhatórias, o que é averiguado e atestado pelo FBI. Não é exatamente um poder de super-herói, mas algo que surge esporadicamente. Logo depois de um caso onde tais habilidades aparecem, a agente Harker é transferida para o caso Longlegs, respondendo agora para seu superior, mais experiente, o agente Carter (Blair Underwood).

O espectador acompanha o desenrolar do esforço de Harker para compreender o assassino e sua forma de matar, ao mesmo tempo que conhece um pouco da vida pessoal da agente, que tem problemas de relacionamento e familiares, um pouco afastada da mãe Ruth (Alicia Witt). Mas, à medida que revelações sobre o caso vão surgindo, a vida de Lee entra numa espiral funesta e macabra.

O clima do filme é pesado e tenso, começando com uma sensação de medo e pavor iminente, pontuado por sustos e momentos de horror desconcertante. O diretor Perkins usa muito habilmente cenas e fotografia “fria” e desconfortável (em alguns momentos) para transmitir a estranheza que vai crescendo no decorrer das investigações, um de seus grandes acertos na produção. As interpretações reais e sólidas de Maika Monroe e Blair Underwood estão excelentes, e Nicolas Cage nos traz um Longlegs assustador e perturbador, numa interpretação memorável e precisa, com suas falas aparentemente sem sentido, mas que carregam uma estranha forma de ameaça implícita (ou explícita).

Outro elemento que pesa é a forma como o sobrenatural é mostrado. Como já se estabeleceu logo no começo que Lee tem habilidades sobrenaturais, o assunto não é colocado em dúvida, ele existe. Mas não é mostrado de forma chamativa ou vistosa, não há raios ou brilhos nem nada disso. As coisas apenas acontecem de forma estranha. Isso faz com que certos fatos mostrados, ditos e revelados fiquem ainda mais assustadores, reforçando o clima de estranheza e medo.

Pode-se sentir alguns ecos de filmes como O Silêncio dos Inocentes, Se7en – Os Sete Crimes Capitais e Zodíaco, mas, apesar da influência, Longlegs: Vínculo Mortal tem o seu próprio estilo, sua marca própria e trilha um caminho um pouco diferente, com escolhas que levam a outras conclusões. Mas o clima e um certo “estilão” estão claramente presentes, seja na história enigmática, na estranheza geral que se infiltra na vida da protagonista (vazando para o público) ou no realismo ao mostrar elementos como o sobrenatural e a violência.

O filme proporciona uma experiência de medo densa e pesada, com um foco maior no clima e na tensão psicológica e no horror iminente, que pode (ou não) estar na porta ao lado, no corredor. Um daqueles medos crescentes, que vai aumentando à medida que vamos descobrindo, ao mesmo tempo que a protagonista, que o horror que achávamos que era de um jeito, é muito, muito pior.

Mesmo com seus acertos, Longlegs: Vínculo Mortal tem alguns defeitos que não o impedem de ser um grande filme, mas estão presentes em alguns momentos. Um dos elementos mais usados pelo diretor é a estranheza trazida pelo desconhecido, pelo que não sabemos, mas quando as revelações e descobertas acontecem, o roteiro exagera um pouco. É uma enxurrada de explicações bem na cara do espectador, para não deixar dúvida alguma, o que baixa um pouco o nível da coisa. Não diminui o horror e o medo do que está por vir, mas não era totalmente necessário, não da forma escolhida pelo diretor. Mais uma vez, isso não tira o valor e o peso do filme.

Longlegs: Vínculo Mortal é um filme que vai muito além de sustos bobos e previsíveis, com uma trama cativante e estranha, como um pesadelo em que sabemos que tem algo terrível para acontecer, mas não conseguimos desviar o olhar. Atuações sólidas de personagens interessantes, críveis, envolvidos em situações onde o horror e o medo crescem a cada revelação e uma atmosfera de perdição que, quando menos percebemos, prendeu a audiência em suas intricadas tramas maléficas.

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2 Comentários

  1. Quiseram fazer uma de “Silencio dos inocentes” com “Seven”… tem boas atuações e uma bela fotografia, mas um roteiro murcho e sem tempero.

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