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Um Anjo para Satã
Original:Un angelo per Satana
Ano:1966•País:Itália
Direção:Camillo Mastrocinque
Roteiro:Giuseppe Mangione, Camillo Mastrocinque
Produção:Lilian Biancini, Giuliano Simonetti
Elenco:Barbara Steele, Anthony Steffen, Claudio Gora, Ursula Davis, Marina Berti, Aldo Berti, Mario Brega, Vassili Karis

Um Anjo para Satã é um filme de terror gótico italiano lançado em 4 de maio de 1966, dirigido por Camillo Mastrocinque e baseado em um conto de Luigi Emmanuele. A história se passa em um pequeno vilarejo italiano, no final do século XIX. Assim que uma misteriosa estátua começa a ser restaurada, uma série de crimes e eventos estranhos começam a acontecer, levando a população local a acreditar em uma terrível maldição. O filme chegou a alcançar a marca de 87 milhões de liras italianas na bilheteria.

Há cerca de 200 anos, Madelina Montebruno encomendou uma estátua para que sua beleza e alma fossem imortalizadas, porém, sua invejosa prima Belinda, em um ataque de fúria, na tentativa de destruir a obra de arte, acabou afundando junto a ela no lago do vilarejo. Dois séculos depois, o Conde de Montebruno (Claudio Gora) contrata o escultor Roberto Merigi (Anthony Steffen) para restaurar a estátua que, segundo a lenda, se tornou amaldiçoada. Logo após a chegada de Roberto na mansão dos Montebruno, Harriet (Barbara Steele) – a sobrinha mais nova do Conde que havia deixado o país ainda criança – retorna para sua terra de origem. Não demora muito para que Harriet e Roberto se apaixonem, mas a impressionante semelhança entre a moça e sua antepassada Madelina é o que mais chama a atenção de todos.

Enquanto misteriosas mortes aterrorizam a pequena vila, Harriet começa a apresentar um comportamento cada vez mais estranho, oscilando entre momentos de lucidez e outros em que sobressai uma personalidade mais sedutora e diabólica.

Embora seja fisicamente idêntica à sua ancestral Madelina, é como a amargurada e vingativa Belinda que Harriet passa a agir. Cabe a Roberto desvendar o mistério por trás dos últimos acontecimentos: seria mesmo tudo fruto da maldição da estátua? Harriet está de fato possuída pelo espírito de Belinda? Ou existiria alguma outra explicação para tudo isso?

Barbara Steele é conhecida por ser a musa definitiva do cinema gótico italiano. A obra de Mastrocinque figura facilmente entre os melhores trabalhos de Steele deste segmento, junto a Black Sunday – A Máscara de Satã (1960), do mestre Mario Bava, e Dança Macabra (1964), de Antonio Margheriti. Os destaques vão para a atmosfera gótica criada pelo conjunto da obra (maquiagem, figurino, cenário e trilha-sonora), especialmente a fotografia impecável que é apresentada. Mais uma vez temos o prazer de ver Babara interpretando magistralmente dois papéis, assim como em A Máscara do Demônio (1964). Aqui temos o contraste entre Harriet e Belinda, a primeira com uma aura angelical, e a segunda a própria encarnação de satã. Infelizmente, este longa viria a ser o último de Steele no universo gótico italiano.

O diretor Camillo Mastrocinque (O Túmulo do Horror, 1964) não é exatamente conhecido por filmes de terror, muito pelo contrário, este foi apenas seu segundo e, aparentemente, último trabalho do gênero. Curiosamente, acredito que foi sua experiência pregressa com romances e comédias que deu o toque especial em Um Anjo para Satã. Ainda que se trate de um filme de terror, temos sim alguns momentos cômicos, como aqueles protagonizados por Carlo (Mario Brega), além de histórias de amor, como a de Rita (Ursula Davis) e Dario (Vassili Karis).

Outro aspecto que chamou minha atenção foi a ousadia com que a película abordou certos temas. Com altas doses de erotismo, incluindo insinuações ao sadomasoquismo e ao lesbianismo, além de referências à violência sexual, o filme pode ser considerado um pioneiro por reunir tantos tabus em um único filme de terror, especialmente pela época em que foi produzido e lançado.

Acho que seu maior defeito está no final pouco convincente e desinteressante. Após assistir a uma história que superou quase todas as minhas expectativas, esperava um desfecho à altura, algo que fizesse sentido para a trama, mas não foi o que aconteceu. Entretanto, os últimos cinco minutos do filme não são capazes de anular o restante da produção, que é de extrema qualidade.

Um Anjo para Satã é um bom exemplar do terror italiano dos anos 60 e vale a pena ser conferido pelos fãs do gênero ou simplesmente por quem gostaria de conhecer um pouco mais sobre o cinema gótico, um subgênero que muitas vezes é injustamente esquecido, mas que inegavelmente deixou sua marca na história.

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