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Apartamento 7A
Original:Apartment 7A
Ano:2024•País:EUA
Direção:Natalie Erika James
Roteiro:Natalie Erika James, Christian White, Skylar James
Produção:John Krasinski, Allyson Seeger, Michael Bay, Andrew Form, Brad Fuller
Elenco:Julia Garner, Dianne Wiest, Jim Sturgess, Kevin McNally, Marli Siu, Andrew Buchan, Rosy McEwen, Kobna Holdbrook-Smith

Terry Gionoffrio (Julia Garner) é uma jovem dançarina que sonha em ter seu nome estampado nos outdoors dos principais teatros do mundo. Mas, após se acidentar em um show ao vivo, Terry passa pela pior fase de sua carreira. Aparentemente, toda a comunidade da dança de Nova Iorque a conhece como “a garota que caiu no meio de uma apresentação“, fazendo com que ela seja rejeitada em todas as audições que participa. Mas não é só a vida profissional de Terry que vai de mal a pior. Desempregada, a dançarina acaba indo morar de favor no apartamento de uma amiga, além de ter desenvolvido um vício em remédios para suportar as dores constantes, decorrentes do acidente. Quando Terry parece ter chegado no fundo do poço, as coisas começam a melhorar e sua carreira dá uma guinada, depois que a jovem conhece um simpático casal de velhinhos benfeitores: Minnie (Dianne Wiest) e Roman Castevet (Kevin McNally).

Apartamento 7A é, ou deveria ser, um prequel de O Bebê de Rosemary (1968). Ainda surfando na onda do sucesso de A Primeira Profecia (2024), o filme, mesmo sem muita divulgação, acabou gerando expectativas nos fãs. Infelizmente, seu maior defeito é que ele soa muito mais como um remake do que um prequel propriamente dito.

O início do filme até que empolga. Foi no mínimo interessante a sacada de incluir o universo da dança na história, mas infelizmente a criatividade termina aqui. No decorrer do longa, ele vai se tornando cada vez mais parecido com o filme de 1968, reproduzindo tudo, ou pelos menos grande parte, do que aconteceu, ou do que viria a acontecer, com Rosemary Woodhouse.

Terry Gionoffrio é uma personagem secundária criada por Ira Levin, interpretada pela atriz e modelo Victoria Vetri no filme de Polanski. Com apenas uma rápida aparição no original, pouco se sabia a respeito de Terry. Em teoria, essa lacuna daria abertura para uma série de possibilidades sobre como poderia ser contada a história da garota viciada que fora acolhida pelos Castevet. Nem tudo o que aconteceu com Rosemary, necessariamente, precisaria acontecer com Terry, nem grávida ela precisaria ficar. Mas os roteiristas optaram pelo caminho mais seguro e fizeram dela uma “primeira Rosemary”, o que desapontou, e muito, a audiência.

Por outro lado, a personalidade da protagonista de Apartamento 7A se distancia da proposta inicial. Se o filme de 68 passa a impressão de que Terry poderia estar envolvida com coisas mais pesadas, como prostituição e drogas ilícitas, aqui temos uma Terry mais gourmetizada, seu vício é em analgésicos, e o mais próximo que a garota chegou da prostituição foi em um teste do sofá. Inclusive, a Terry de Natalie Erika James tem como característica principal a ambição, mostrando ser capaz de tudo para alcançar a fama, quase que o oposto da ingenuidade transmitida por Mia Farrow, o que a torna muito mais uma releitura de Guy do que de Rosemary.

Enquanto um dos maiores atrativos de O Bebê de Rosemary (1968) é o suspenso psicológico e a sutileza com que o terror é apresentado, em Apartamento 7A temos o uso de velhas fórmulas saturadas, como os jump scares, algo que não caberia de forma alguma no clássico de Polanski, o que acaba deixando o filme com cara de genérico.

Mas o que mais me incomodou foi, justamente, a cena que continha a única aparição de Terry no filme original: o encontro com Rosemary na lavanderia. Em Apartamento 7A as duas chegam a dividir o mesmo espaço, mas não trocam nenhuma palavra se quer, configurando apenas um fan service que em nada acrescenta à narrativa. O grande equívoco aqui foi inserir essa cena no momento em que Sra. Gardenia ainda vivia no prédio. Segundo a história original, Rosemary e Guy mudam para o Bramford justamente para o apartamento que era da Sra. Gardenia, após a idosa morrer. Ou seja, o encontro entre Terry e Rosemary jamais poderia ter acontecido enquanto a Sra. Gardenia ainda estava “vivinha da silva” e morando no Bramford, e para quem é fã do clássico e se apega em detalhes, esse anacronismo incomoda e muito.

Entretanto, não é só de defeitos que o filme é feito. A cena da concepção do bebê, o diabo encarnado, os atores que interpretam os novos Castevet, são exemplos de escolhas que deram certo. O final, por exemplo, é excelente, com uma cena dramática e de arrepiar. A principal dúvida, que permaneceu por mais de cinco décadas era: Terry foi empurrada pela janela, por não aceitar fazer parte do plano dos satanistas, ou cometeu suicídio, após descobrir as reais intenções dos Castevet? Essa resposta finalmente é dada. Mesmo já conhecendo o destino da moça, é impossível não ser tomado pelo suspense na sequência final, embalada por uma trilha-sonora inusitada, que se encaixa perfeitamente no encerramento da história.

Apartamento 7A, disponível no Paramount+, é um bom filme de suspense/terror. Seu principal defeito foi ser chamado de prequel, uma vez que reproduz quase que religiosamente todos os acontecimentos do original, mas ainda assim tem seus méritos e merece ser assistido e, quem sabe, ganhar novas continuações. Se até O Exorcista: O Devoto (2023) ganhou uma segunda chance, por que a história de Ira Levin também não poderia ganhar?

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  1. Rotten:
    41% da crítica e 70% do público (19/11/2024).

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