![]() Boa vs. Python: As Predadoras
Original:Boa vs. Python
Ano:2004•País:EUA, Bulgária Direção:David Flores Roteiro:Chase Parker, Sam Wells, Bobby White Produção:Jeffery Beach Elenco:David Hewlett, Jaime Bergman, Kirk B.R. Woller, Adamo Palladino, Angel Boris Reed, Mariana Stansheva, Griff Furst, Ivo Naidenov, George R. Sheffey, Atanas Srebrev, Assen Blatechki |
O evento que ninguém esperava aconteceu em 2004: o encontro de duas espécies de cobras, jiboia e píton, em tamanho descomunal. Não é difícil imaginar qual foi a pretensão dos realizadores, aproveitando o lançamento de outros crossovers do começo do milênio. Freddy Krueger e Jason Voorhees se encontraram um ano antes; e a batalha entre Aliens e Predadores já estava em vias de acontecer. Píton vinha de duas bagaceiras, Python – A Cobra Assassina (2000) e Python 2 (2002), enquanto uma jiboia gigante pré-histórica tinha atacado um presídio em 2001, em Terror em Alcatraz. Mesmos mortas em seus filmes, o cinema B faria de tudo para colocá-las em cena, contando com a direção de David Flores, a partir de um roteiro escrito por Chase Parker, Sam Wells e Bobby White.
A capa do filme já é uma história à parte. Nela, é possível ver as duas cobras se engalfinhando entre prédios – numa clara indicação de que teremos confrontos na cidade grande -, enquanto um helicóptero dispara um míssil. É claro que essa cena não existe em Boa vs. Python: As Predadoras! Aliás, o aguardado confronto, se é que alguém ansiava por isso, terá duração de menos de um minuto, reservando o restante da projeção para encher a tela de personagens idiotas e incitar um relacionamento óbvio entre um herpetólogo e uma bióloga marinha (!!!). E há os terríveis efeitos especiais…
A cena inicial mostra dois lutadores de luta livre, um chamado “Boa” (de vermelho) e outro “Píton” (verde), em Atlantic City, Nova Jersey. O confronto é patrocinado pelo irritante Broddick (Adam Kendrick), que, com sua namorada Eve (Angel Boris), pretende realizar uma caçada por diversão de uma píton imensa, trazida da América do Sul. Durante a entrega, o responsável, Ramon (Assen Blatechki), não consegue conter o animal de 24 metros com tranquilizantes, que aproveita as trapalhadas para se alimentar e fugir.
O incidente, relatado na TV, atrai a atenção do FBI, com o agente Alan Sharpe (Kirk B.R. Woller) sendo encarregado de investigar. Como ele soube o que aconteceu em Python 2 – deve ter visto o filme -, com as cobras gigantes à solta numa fábrica, ele convoca a bióloga Monica Bonds (Jaime Bergman), especialista em golfinhos e resistência embaixo d’água, e o tal herpetólogo Dr. Steven Emmett (David Hewlett), adestrador de uma jiboia gigante mantida sob seus cuidados em um laboratório. Juntos, eles têm a ideia de colocar um capacete rastreador na jiboia, chamada Betty, para que ela encontre a píton e a mate, sendo novamente contida.
Enquanto isso, o irritante Broddick chama um grupo de experientes caçadores para se divertir na procura pela cobra desaparecida. Cada um com sua especialidade, destaca-se a dupla Danner (George R. Sheffey) e seu filho tonto James (Griff Furst – eu assisti acreditando se tratar de Ethan Embry) e o frio Foley (Atanas Srebrev), que diz nunca precisar de mais de uma bala em suas caçadas e quando precisa disparar erra o alvo. A caçada às cobras conduz os personagens aos encanamentos do sistema de tratamento de água, local onde os animais irão se acasalar (!!!) e Betty terá ovos (!!!), sem que isso tenha importância que não seja para planejar uma continuação.
Felizmente nunca aconteceu, até porque Boa vs. Python: As Predadoras é muito ruim. E não é pelos efeitos digitais caseiros e que não convencem ninguém que existam cobras gigantes no local, mas pelos personagens estúpidos e o irritante Broddick. Está aí um vilão que você torce pela morte desde sua primeira aparição. Sempre com um charuto na boca, frases de efeito e exibição do físico, Broddick é o pior personagem de todos os filmes de cobras gigantes que vi até o momento – pode incluir Jon Voight, de Anaconda; William Zabka em Python 2; Dana Ashbrook, de Terror em Alcatraz; e até David Hasselhoff – pasmem! – de Anaconda 3.
Perto do final, Broddick é preso pelo FBI pelo comércio de animais e caça ilegal. Porém o super FBI leva o rapaz até o local onde estão os “heróis” e o esquecem ali, sem sequer uma algema. É sério! Ele obviamente irá escapar, roubar um veículo blindado e um lança-chamas (socorro!), e saberá exatamente para onde ir porque pretende matar as cobras gigantes a todo custo. E também é perto desse local que há uma boate – é sério! – e Monica, de repente, irá interromper o super FBI com a frase: “Vocês estão ouvindo uma música?“. Ao passo que outro agente questionará se os ambientes próximos foram esvaziados pela ameaça.
Pois é. Duas cobras gigantes ameaçando a população, uma ação oficial do FBI na rede de tratamento e adjacências, sem isolamento, com uma boate próxima e vários jovens na curtição. E esse local fica sobre uma estação de metrô, funcionando normalmente, mesmo com toda a abordagem do FBI e o que foi noticiado pela TV. Para piorar, quando o irritante Broddick aciona seu lança-chamas contra os agentes e militares, não tem um puto ali com um revólver para disparar contra o rapaz, permitindo que ele incendeie todos e ainda solte a pérola: “Bem-vindos ao meu churrasco!“.
É claro que não se pode esperar muito de um Boa vs. Python: As Predadoras. Uma produção feita às pressas para aproveitar o sucesso de outros crossovers só podia ser repleta de falhas. Talvez a maior delas seja a tentativa de se levar a sério. Após a fuga da píton, enquanto o super FBI investiga os corpos, aparece no local um policial (Jonas Talkington), que tropeça e cai em cima das entranhas de uma vítima, ficando com pedaços do corpo na face. É o único momento “engraçado” do filme, ainda mais pela expressão do agente Alan Sharpe sobre a trapalhada do rapaz, sem imaginar que o FBI ao qual ele faz parte irá proporcionar situações ainda mais idiotas, como as mencionadas acima.
Não vale como diversão descompromissada, nem como curiosidade dos fãs de trasheiras. Boa vs. Python: As Predadoras deve ser mantida na obscuridade, escondido nos encanamentos de tratamento de ruindades do cinema B.