Python, a Cobra Assassina (2000)

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Python
Original:Python
Ano:2000•País:EUA
Direção:Richard Clabaugh
Roteiro:Phillip J. Roth, Chris Neal, Gary Hershberger, Paul Bogh
Produção:Jeffery Beach, Ken Olandt, Phillip J. Roth
Elenco:Frayne Rosanoff, Robert Englund, Casper Van Dien, William Zabka, Dana Barron, Sara Mornell, Wil Wheaton, Jenny McCarthy, Chris Owens, Sean Whalen, Gary Grubbs, Theo Nicholas Pagones

Assim como Pânico (Scream, 1996) deu uma sobrevida ao subgênero slasher com adolescentes e o mistério envolvendo a identidade do assassino, Anaconda (1997) foi motivador de outros ataques ofídicos no cinema e na TV. Não que elas não tenham aparecido antes – Maldição da Serpente (Cult of the Cobra, 1955), Mulher Cobra (Night of the Cobra Woman, 1972), O Homem Cobra (Sssss, 1973), Black Cobra Woman (Eva Nera, 1976), Presas de Satanás (Jaws of Satan, 1981), entre muitos outros exemplares -, mas a popularidade (não confunda com qualidade) do longa de Luis Llosa foi um dos grandes responsáveis por essa febre, iniciando com A Cobra Assassina (King Cobra, 1999), de David e Scott Hillenbrand, estrelado pelo Sr. Miyagi, Pat Morita. Este, da franquia Karatê Kid, já teve como inimigo William Zabka, um dos atores de Python, a Cobra Assassina (Python, 2000). E não é o único vilão a aparecer.

O longa, de Richard Clabaugh, ainda tem no elenco John Franklin, o Isaac de Colheita Maldita e Colheita Maldita 666, e Robert “Freddy Krueger” Englund, além de Sean Whalen (de As Criaturas Atrás da Parede, 1991) e Casper Van Dien (Tropas Estelares, 1997), atuando como um indefinido vilão. Assim, nota-se uma tendência ainda maior de copiar “anaconda” ao rechear o elenco de rostos conhecidos – não é à tona que nas Filipinas o filme tenha sido lançado como Anaconda 2000. É uma pena que as piadinhas, o tom pornochanchada, os efeitos ruins e o enredo em si impeçam que a produção seja considerada pelo menos divertida.

Um avião bimotor, pilotado por Ed Lauter (quem diria!), cai nas proximidades de uma pequena cidade chamada Ruby, depois que o co-piloto resolve xeretar o conteúdo que estão transportando, mesmo com os avisos para não mexer. Sabe-se lá como a cobra gigante coube naquele pequeno compartimento de carga, mas a dita logo faz as duas primeiras vítimas, o casal Roberta (Kathleen Randazzo) e – a que todos da cidade conhecem intimamente – Lisa (LoriDawn Messuri), que possui coincidentemente uma píton birmanesa como animal de estimação.

O herói do filme, John Cooper (Frayne Rosanoff), é visto fazendo manobras com a sua bicicleta na cena seguinte. Ele chega ao seu trabalho, numa empresa de produtos químicos comandada por seu irmão Brian (Chris Owens), somente para momentos depois já sair para uma lagoa encontrar a namorada Kristin (Dana Barron), seu amigo de cabelo rosa Tommy (Wil Wheaton) e a namorada Theresa (Sara Mornell). Tommy é um iniciante corretor de imóveis que sonha em ter uma carreira profissional de sucesso como a do lendário Kenny Summers (Scott Williamson), que, ao lado da cliente Francesca Garibaldi (Jenny McCarthy-Wahlberg, que, no mesmo ano, foi morta por Ghostface em Pânico 3), assume o posto de próximas vítimas da criatura gigante.

Os corpos derretidos (na verdade, é o mesmo visto em vários lugares) chamam a atenção do xerife Griffin Wade (Gary Grubbs) e dos policiais Greg Larsen (Zabka), Lewis Ross (Whalen) e Floyd Fuller (Franklin), que desconfiam da ligação de John com os crimes: ora, ele trabalha em uma empresa de produtos corrosivos, esteve no lago onde apareceu a píton de Lisa e também na casa onde Francesas e Kenny foram mortos. A rivalidade entre Greg e John, que retornou para a cidade e roubou a noiva do policial (a la Dia dos Namorados Macabro), traz alguns conflitos e uma briga de soco pelas ruas e em um parquinho, para tornar o filme mais divertidinho.

Também entram em cena o cientista Anton Rudolph (Englund) e agentes da NSA liderados por Bart Parker (Dien), que monitoram a movimentação da píton gigante, elaborando um plano para matá-la em um abrigo local, e que servirá para os propósitos de combate final, no roteiro quebradiço de Chris Neal, Gary Hershberger e Paul Bogh, para o argumento de Phillip J. Roth. A tentativa de uso de armas de fogo de vários calibres e potências parece não surtir efeito algum, até que John e Greg precisarão armar uma ação de combate quando o monstro avançar em direção a seus domínios.

O longa é bem ruinzinho mesmo, não se salvando nem pelo elenco. Além dos efeitos risíveis com uma cobra de 129 metros invadindo uma casa, subindo as escadas para atacar Theresa no chuveiro, o filme é repleto de ideias terríveis. Pode-se mencionar o plano rapidamente elaborado pelos jovens para atrair a cobra até o abrigo para que John consiga colocar todos os acessórios de proteção e saltar de rapel antes que ela o ataque, somente para depois ser puxado por um carro com o mesmo equipamento, com a ameaça de explosão de dinamites programadas por eles – sim, Anton parece ser um especialista em ofídios e manufatura de explosivos. São tantas as possibilidades desse plano e do seguinte darem errado que fica difícil aceitar o desfecho, com clichês a rodo, incluindo o tradicional sacrifício de alguém pelo bem de todos.

Soma-se a isso as atuações vergonhosas de Casper Van Dien, tentando expor uma seriedade que não combina com suas falas, e principalmente Jenny McCarthy-Wahlberg, como uma sedutora cliente fazendo piadinhas de duplo sentido com o corretor. “Nossa, mas é muito grande!“, diz ela sobre os valores da casa, ouvindo como resposta. “Espere até eu mostrar como funciona atrás.” E o personagem de John Franklin que parecia bem envolvido com a investigação dos assassinatos e simplesmente desaparece do filme. Foi esquecido por Aquele que Anda por Detrás dos Roteiros Ruins?

Os excessivos problemas e personagens impedem que Python possa partir para o cult, como aconteceu com Anaconda. Revendo depois de mais de vinte anos, você percebe que não se lembrava de quase nada e até entende porque fez questão de esquecer. Python, A Cobra Assassina gerou a continuação horrenda Python 2, de 2002. Com a realização de Terror em Alcatraz (Boa, 2001), depois viria o “tão sonhado crossoverBoa vs. Python: As Predadoras (2004), mostrando o quanto uma bagaceira pode inspirar outras ainda piores.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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