![]() Sumala
Original:Sumala
Ano:2024•País:Indonésia Direção:Rizal Mantovani Roteiro:Betz Illustration, Riheam Junianti Produção:Rocky Soraya Elenco:Luna Maya, Darius Sinathrya, Makayla Rose Hilli, Ivonne Dahler, Denino Basrial |
“Dizem as lendas que num vilarejo distante da Indonésia a população vive assombrada por um espírito demoníaco que assola todos por décadas. Seu nome é Kumala, a filha legítima do Diabo…”
Acho que você já viu um plot semelhante dezenas de vezes (e eu também!), mas ao que parece isso não se aplica ao cinema indonésio, que consegue transformar o comum e já saturado gênero num misto de horror, gore e muita, muita diversão.
Dirigido por Rizal Mantovani (Kuldesak,1999), Sumala é um coquetel maluco de maldições, mortes violentas e uma “nada velada” parábola pró-vida. Na trama conhecemos Soedjiman (Darius Sinathrya), um aristocrata pressionado por seu rico tio e prestes a perder suas terras caso não consiga um herdeiro. O problema é que Sulastri (Luna Maya, que parece uma versão indonésia da Gal Gadot) não consegue engravidar e sofre com as ameaças do marido, sendo humilhada constantemente por não fazer o seu “papel de mulher”.
Num momento de crise, Sulastri descobre que uma temida feiticeira local pode realizar uma gravidez por meios mágicos, sem cobrar nada por isso. O que Sulastri não sabia era que Vovó Tukinah (Sri Yatum) não apenas “embuxava” as mulheres da vila; ela também pegava o corpo das grávidas para gerar filhos mágicos do Diabo. De acordo com a feiticeira, o encanto traria crianças gêmeas – uma bela e forte e a outra doente e deformada – e a mãe teria como obrigação cuidar de ambas com a mesma dedicação por uma década, quando o Diabo viria buscar a criança deformada, deixando em troca fortuna e prosperidade.
Infelizmente, no dia do parto dos gêmeos Soedjiman, horrorizado com a deformidade do bebê, o apunhala na frente de todos, numa cena que traria pesadelos aos mais ogros produtores de torture porn. Anos depois conhecemos a bebê sobrevivente, Sumala (Makayla Rose Hilli), doente, aleijada e motivo de chacota do vilarejo. O bullying com a pobre garota só não é mais violento quanto o desprezo que o pai a trata, amargurado por não ter uma herdeira saudável para suas terras.
Eu sei que vocês devem estar entediados com esta novela toda, mas paciência…
Quando tudo não parecia ficar pior naquela família, Sumala (meio que) invoca o espírito de sua irmã gêmea, Kumala, uma criança grotesca com sede de sangue e violência. Segue então uma bizarra onda de assassinatos envolvendo todos os desafetos de Sumala.
Sumala, apesar de um entediante roteiro de novela, é um prato cheio para quem gosta das esquisitices asiáticas. Rizal Mantovani não perdoa ninguém quando o momento é o de matar o povo do vilarejo – em especial as crianças. O gore é tão explícito e violento que eu assumo que ainda não havia assistido a um filme onde crianças fossem chacinadas de forma tão cruel. O poder da maquiagem e FX de Ernaka Puspita Dewi e Nunung Nursekha não deixa a desejar, espalhando sangue e decapitações por todo o filme.
Um destaque mais que especial vai para a jovem atriz Makayla Rose Hilli, que interpreta também a gêmea maligna Kumala, um misto de Reagan (O Exorcista) com as criaturas de Demons, de Lamberto Bava. Kumala traz a tona aquele vilão grotesco, mas com um mórbido senso de humor, que imortalizou outros ícones como Freddy Krueger e Chucky.
Tido como uma verdadeira lenda popular, Sumala recebeu uma reação negativa de infernautas indonésios depois que Roxxane Production, criadora de conteúdo do YouTube, expôs o fato de que a lenda de Sumala era falsa entrevistando pessoas que moram na aldeia de onde Sumala supostamente veio. E olha aí a Bruxa de Blair fazendo escolinha…
Apesar de tentar passar uma mensagem pró-vida (bem capenga, diga-se de passagem!), Sumala vale a conferida. Camp, brutal e sem sentido como toda boa história de maldição deveria ser.