![]() Little Nightmares 2
Original:Little Nightmares 2 Ano:2021•País:Suécia Desenvolvedora:Tarsier Studios•Distribuidora: Bandai Namco Entertainment |
Little Nightmares II é uma continuação que se esforça em expandir o universo sombrio apresentado no primeiro jogo. Se no título original acompanhamos a trajetória de Six por um navio macabro, logo no início de sua sequência assumimos o controle de Mono, uma criança enigmática com um saco de papel na cabeça, perdida em uma floresta escura e silenciosa. Este é o primeiro vislumbre de um mundo que rapidamente se mostra ainda mais distorcido, ameaçador e hipnotizante.
E desde os primeiros minutos, o jogo revela seu maior trunfo: a capacidade de instigar. Little Nightmares II sabe exatamente como despertar no jogador o desejo de seguir em frente, mesmo sem prometer respostas claras. Cada novo ambiente, cada figura grotesca que surge no caminho, funciona como um ímã. Queremos entender. Queremos escapar. Queremos sobreviver. Mesmo que, ao final, tudo continue envolto em mistério.
Ao encontrar outra criança perdida em sua jornada, Mono percorre cenários deslumbrantes que parecem retirados de um pesadelo daqueles que temos na infância, com mundos e seres totalmente a parte de uma realidade distorcida, que é extremamente bem localizada em nosso universo cotidiano. Por isso, mais uma vez aqui temos uma direção de arte impecável, equilibrando o belo e o repulsivo com maestria. Os inimigos são uma aula à parte de design perturbador. A Professora, com sua habilidade grotesca de esticar o pescoço, é um exemplo que gruda na mente. Nenhum ambiente é convidativo. Nenhuma figura transmite segurança, ou esperança.
Mas, ainda assim, há um fio de esperança. A relação silenciosa entre Mono e Six se constrói aos poucos, nas ajudas mútuas, nos pequenos gestos e nos momentos raros de alívio — como quando caminham juntos por uma cidade em colapso, soterrada pelas ondas de sinal da torre distante. Essa conexão, mesmo sem palavras, é o coração emocional do jogo, e sua fragilidade é o que torna o desfecho ainda mais impactante.
A jogabilidade mantém a simplicidade do primeiro jogo: correr, agachar, agarrar, saltar. Os combates, poucos e limitados, servem mais para lembrar da fragilidade do protagonista do que para empolgar em algum tipo de ação. Em alguns momentos, a experiência se torna frustrante — os famosos trechos de tentativa e erro, aliados a puzzles nem sempre intuitivos, podem cansar. Mas esse não é um jogo que se apoia em desafio técnico, e sim em atmosfera.
E nisso, Little Nightmares II brilha. Cada cenário é meticulosamente construído para causar estranhamento, inquietação e curiosidade. A narrativa, minimalista e simbólica, deixa espaço para inúmeras interpretações. O final, misterioso e perturbador, alimenta teorias e discussões até hoje. O jogo não se encerra com uma conclusão clara, mas com mais perguntas — e um grande acontecimento que promete ecoar em futuras continuações.
Little Nightmares II não é apenas uma sequência que cumpre bem seu papel. É uma obra que mergulha fundo nos horrores do subconsciente infantil, num conto de fadas distorcido que nos faz querer desvendar o que há além da escuridão — mesmo que a resposta de maneira clara nunca venha. E talvez seja esse o maior trunfo do jogo: fazer com que o pesadelo continue mesmo depois que a tela escurece.
O jogo está disponível para PC, Playstation 5, Playstation 4, Xbox One, Xbox Series e Nintendo Switch.