![]() Lobo
Original:Wolf
Ano:1994•País:EUA Direção:Mike Nichols Roteiro:Jim Harrison, Wesley Strick Produção:Douglas Wick Elenco:Jack Nicholson, Michelle Pfeiffer, James Spader, Kate Nelligan Richard Jenkins, Christopher Plummer, Eileen Atkins, David Hyde Pierce, Om Puri, Ron Rifkin, Prunella Scales |
Está disponível na Max essa tentativa do diretor Mike Nichols e do astro Jack Nicholson de repaginar o filme de lobisomem. Se o longa não é um espetáculo, também está longe de ser um fracasso, ficando num meio termo que agradará aos que querem apreciar uma variação com classe da lenda, sem muita violência, mas com clima e uma crítica feroz ao mundo corporativo.
Will Randal (Jack Nicholson) é um editor que, após ser mordido por um lobo, começa a sentir estranhas sensações e a ter os seus sentidos extremamente aguçados. Ele está passando por uma má fase na editora em que trabalha, vendida para um magnata (Christopher Plummer) com cuja filha Laura Alden (Michelle Pfeiffer) ele terá um romance.
Nicholson e Pfeiffer são ótimos e estão muito bem nos papéis, mas como casal eles não têm química alguma, sendo difícil acreditar no romance da dupla. Enquanto isso, o diretor Mike Nichols tentar emular algum suspense, mas se percebe que essa não é sua praia. Diretor consagrado, ele foi muito mais feliz em sua carreira dirigindo dramas e comédias, como A Primeira Noite de um Homem (1967), Lembranças de Hollywood (1997) e o doloridíssimo Closer: Perto Demais (2004)
Todavia, o roteiro de Jim Harrison e Wesley Strick é esperto ao usar os sentidos estimulados pois Will ganha força e autoestima para enfrentar os desafios profissionais e pessoais, já que sua vida pessoal e carreira estavam francamente em declínio. Os efeitos são discretos mas eficientes, tornando Nicholson um lobisomem mais light, pois o enredo aproveita a metáfora do retorno do homem a um estado primitivo da natureza, mas sem necessariamente torná-lo um monstro. Ao abraçar o seu instinto animalesco, um novo Will empoderado o usa para sobreviver no mundo moderno.
Lobo ganha vida no suspense e no romance, além das críticas ao sistema do mercado de trabalho e etarismo, perdendo pontos para o horror, que é comedido.
O filme serve também para lembrar da beleza e talento de Michelle Pfeiffer (aqui no auge em ambos), que já protagonizou grandes filmes de suspense/fantasia, como O Feitiço de Áquila (1985), As Bruxas de Eastwick (1987) e Revelação (2000) além, é claro, de ser a melhor Mulher Gato do cinema em Batman: O Retorno (1992).
Por fim, comprovando a produção classe A desse longa, a trilha sonora é composta por ninguém menos que o grande Ennio Morricone, que bem emoldura o conflito ser humano civilizado com seu instinto animal.