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Jurassic World: Recomeço
Original:Jurassic World: Rebirth
Ano:2025•País:EUA, UK, Malta, Índia, Taiwan
Direção:Gareth Edwards
Roteiro:David Koepp
Produção:Patrick Crowley, Frank Marshall
Elenco:Scarlett Johansson, Mahershala Ali, Jonathan Bailey, Rupert Friend, Manuel Garcia-Rulfo, Luna Blaise, David Iacono, Audrina Miranda, Philippine Velge, Bechir Sylvain, Ed Skrein, Adam Loxley, Niamh Finlay, Julian Edgar, Lucy Thackeray, Billy Smith, Jonny Lavelle

Ninguém mais se importa com dinossauros.“. Foi com essa justificativa, além da morte de espécimes por doenças e relacionadas à fauna e à flora, que os dinossauros foram retirados do convívio com a humanidade. E talvez ironicamente seja o motivo para boa parte dos críticos considerar o filme desnecessário, distante da mágica proporcionada pelos longas originais. Quando Jurassic Park abriu suas portas em 1993 o cinema ficou deslumbrado com a eficácia técnica do que poderia ser um reencontro com os animais gigantes que habitaram a Terra centenas de milhares de anos atrás, transformando-os em criaturas vorazes e aterrorizantes. A primeira continuação, O Mundo Perdido, já não diminuiu o impacto da surpresa, trazendo momentos ocasionais de diversão, uma referência a King Kong e algumas revisões do anterior, enquanto Jurassic Park III não soube explorar novas ideias, apenas trocando dinossauros e a ilha.

A nova trilogia partiu para um caminho de exploração de novos animais e um contato cada vez mais crescente com a sociedade. Jurassic World revisitou a ideia do parque sem controle – uma das temáticas favoritas da literatura de Michael Crichton -, partindo aos poucos para o choque com a modernidade em Reino Ameaçado e culminando com Dominio, com os dinossauros em coexistência com os humanos, servindo até como moeda de tráfico. Com o resgate de todo o elenco das duas trilogias, o fim parecia ser digno para tudo o que havia sido apresentado. Mas os bilhões alcançados nas bilheterias mostravam que o argumento de não se importar pode não condizer com a realidade. As pessoas ainda queriam esse cinema de entretenimento megalomaníaco, almejavam ver uma criança fugindo de um tiranossauro em um riacho ou confrontar espécimes no mar e no céu, desde que sejam convincentes.

Se tem a marca Spielberg e um alto investimento, já se sabe que qualquer problema de Jurassic World: Recomeço não irá envolver aspectos técnicos. David Koepp fez o roteiro do primeiro filme e tem uma série de sucessos em seu currículo, desde Missão Impossível (1996) a Guerra dos Mundos (2005) e Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2006), entre muitos outros. E a direção ficou a cargo de Gareth Edwards, que lidou com a grandiosidade de Godzilla em 2014. Sem o retorno de qualquer membro do elenco, havia o interesse – quase desesperado – de Scarlett Johansson de fazer um filme da franquia, um nome que certamente atrairia olhares. Assim a ideia para o Recomeço seria propor um spinoff de retorno às origens, explorando ideias de Crichton não utilizadas no primeiro filme e voltando ao habitat em que os dinossauros se sentiam mais à vontade.

Trailers e imagens davam uma impressão de uma aventura aterrorizante, com uma pista sobre uma possível aberração gigantesca. É claro que, para uma produção com mais de duas horas, é preciso mais do que cenas de ataques de dinossauros como também o desenvolvimento de personagens carismáticos, algumas sequências bem humoradas e muita tensão e perseguição. Jurassic World: Recomeço entrega quase tudo isso como sétimo filme de uma desgastada franquia: dinossauros deformados e momentos de diversão, espaçados por andanças na mata, o famoso momento deslumbre com a fala “não se vê isso todo dia” até o ato da tentativa de fuga, com o cruzamento de espécies e um vilão humano de tiracolo. São clichês de sua própria série de filmes, mas que funcionam como cinema de entretenimento, ainda com a opção de prestigiá-lo em 3D.

Começa como Godzilla de 2014 – Edwards copiando a si mesmo: em 2010, no laboratório da InGen, na ilha de Saint-Hubert, mutações de dinossauros estão sendo planejadas para alimentar a curiosidade do parque Jurassic World (aquela ideia de criação do Indominus Rex do ponto de partida da segunda trilogia). Um dessas criações, apelidadas de “Distortus rex“, escapa de seu cativeiro, findando um cientista. Dezessete anos depois, com a retirada dos dinossauros para uma ilha próxima do Equador, pelas condições climáticas serem mais próximas da era mesozoica, uns poucos ainda causam problemas no trânsito e trazem a fúria da população contra esses animais que ninguém mais quer ver por perto.

O executivo da empresa de farmacêutica ParkerGenix, Martin Krebs (Rupert Friend), está recrutando uma equipe para uma missão ultrassecreta de retirada de materiais genéticos de três dos maiores espécimes de dinossauros, visando a produção de medicamentos cardíacos. Ele contrata Zora (Scarlett Johansson), considerada uma agente militar de ações extraoficiais, o paleontólogo Dr. Henry Loomis (Jonathan Bailey) – nome em referência ao Dr.Loomis da franquia Halloween -, e, em um bar no Suriname, um conhecido de Zora, o mercenário Duncan Kincaid (Mahershala Ali). Além deles, o piloto do barco, LeClerc (Bechir Sylvain), Nina (Philippine Velge) e o segurança Bobby Atwater (Ed Skrein).

O grupo parte para a primeira missão, a retirada de biomateriais de um Mosassauro, numa longa jornada que irá incluir o resgate de uma família que navegava na região: Reuben Delgado (Manuel Garcia-Rulfo), suas filhas Teresa (Luna Blaise) e o namorado Xavier (David Iacono), além da pequena Isabella (Audrina Miranda). As dificuldades no encontro com o monstro gigante trarão um naufrágio e a separação do grupo em objetivos diferentes, tendo, claro, cruzamentos constantes com dinossauros, como o filhote que se amigará da garotinha, além dos Titanossauros e os Quetzalcoatlus, e as tradicionais sequências de correria pela mata.

Jurassic World: Recomeço reserva seu melhor momento para uma cena que está no livro original, mas acabou ficando de fora de Jurassic Park: toda a sequência do rio, o bote e um Tiranossauro. À exceção desse episódio divertido, todo o restante parece uma reinvenção de outros momentos da franquia, como se já não houvessem mais ideias do que fazer com os animais gigantes. Até a cena do ataque ao comércio lembra bastante a da cozinha do longa original. Isso não quer dizer que o filme seja ruim ou uma perda de tempo até porque dinossauros são sempre bem-vindos na tela grande, mas talvez seja o momento de mais uma pausa como a que houve entre Jurassic Park III e Jurassic World, ou talvez desenvolver outros filmes com as criaturas mas envolvendo viagens no tempo, sem relação com o parque temático.

Os efeitos continuam em um nível absoluto de perfeição. O tal Distortus rex, feito com inspiração em Alien, o Oitavo Passageiro, é realmente bem feio e ameaçador, mas pouco explorado no último ato. Também senti falta dos velociraptors em mais cenas além da única mostrada, uma vez que os considero a principal ameaça de quase todos os filmes. Outro ponto que diminui uma avaliação positiva é falta de carisma dos personagens, principalmente da família Delgado. Você quase não se importa com o destino deles, assim como o do grupo de Zora. Johansson não está mal no papel, porém não se aproxima do carisma de Bryce Dallas Howard, Laura Dern e até Julianne Moore pelo fato destas serem mulheres comuns, sem habilidades militares, expressando um verdadeiro desespero a cada encontro com um monstro voraz.

Contudo, o que mais incomoda em Jurassic World: Recomeço é a sensação de estar vendo o mesmo filme de novo, ou um produto genérico. O deslumbre pelos animais extintos já não é mais o mesmo pelo excesso de produções realizadas nos últimos dez anos. É claro que as pessoas ainda se importam com dinossauros, principalmente as crianças, o que deve render mais bonequinhos e uma renda alta nos cinemas, com chances de bater a meta de lucro. Mas não consigo imaginar outras ideias que possam vir para um novo filme: uma outra ilha, dinossauros falantes, no espaço, outras espécies, algo apocalíptico? Talvez a melhor de todas seja deixá-los descansar em paz, mas sem sugestão de extinção.

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