![]() O Mistério de Candyman
Original:Candyman
Ano:1992•País:EUA Direção:Bernard Rose Roteiro:Bernard Rose, Clive Barker Produção:Steve Golin, Alan Poul, Sigurjon Sighvatsson Elenco:Virginia Madsen, Xander Berkeley, Tony Todd, Kasi Lemmons, Vanessa Williams, Marianna Elliott, DeJuan Guy, Ted Raimi, Ria Pavia, Eric Edwards |
Candyman é um escravo que foi morto por se envolver romanticamente com a filha de seu senhorio. Como punição, além de espancado, teve sua mão decepada e substituída por um gancho, e mel espalhado por seu corpo, sendo morto logo em seguida pelas picadas de abelhas e formigas. Um século depois, Candyman ressurge para quem pronunciar seu nome cinco vezes em frente ao espelho.
O Mistério de Candyman foi lançado em 1992, sob a direção de Bernard Rose, e com Tony Todd capitaneando o elenco, que contava ainda com Virginia Madsen, Vanessa A. Williams e Xander Berkeley. Inspirado livremente na obra The Forbidden, de Clive Baker, o filme narra o drama da antropóloga e pesquisadora de mitos Helen (Madsen), que se depara com o burburinho popular sobre o Candyman, que está sendo apontado como responsável por muitas mortes misteriosas ao longo dos anos. Para levar seu trabalho adiante, a pesquisadora sai a campo para a coleta de relatos sobre o tal Candyman, retornando ao local onde foi executado (agora ocupado por um conjunto habitacional tomado por gangues), e, é claro, pronunciando seu nome cinco vezes frente ao espelho.
A partir deste momento, a vida da pesquisadora entra numa espiral de loucura, com a presença desconcertante de Candyman, sempre nos cantos e reflexos, a sussurrar e seduzir a descrente Helen, num esforço para manter sua lenda viva.
Esse esforço é o grande barato de Candyman. Tony Todd arrasa na atuação sedutora de seu personagem, que sempre chega como uma névoa que cega os olhos de Helen, com um convite nada menos que irresistível a abandonar-se e se deixar levar em direção à eternidade. As forças da descrença cega e da memória coletiva assumem palco para uma disputa colossal cujo resultado já é determinado, algo que torna este um dos filmes mais interessantes ao retratar as relações entre o mito e seus reflexos na chamada “realidade”.
Para além da boa história e do roteiro crítico, a execução de Bernard Rose e equipe colocam O Mistério de Candyman entre os melhores produtos do gênero de seu tempo. A trilha sonora de Philip Glass eleva ainda mais o nível, que já é alto, carregando a atmosfera de forma tão envolvente e sedutora quanto os sussurros proferidos pelo Candyman.
Outro destaque fica por conta das atuações dos protagonistas. Tony Todd, já mencionado, tem vasta carreira e é figura conhecida no mundo do horror, especialmente pelas franquias Candyman e Premonição. Está apenas irrepreensível como Candyman, na medida certa. Já Virginia Madsen estava em certa evidência na virada para a década de 1990, e pode ser vista também na franquia Anjos Rebeldes. Sua Helen é imatura, mas forte, e Virginia Madsen faz seu nome com a personagem. As cenas de surto e dúvida que acontecem no hospital psiquiátrico são espetaculares, assim como seus encontros sobrenaturais com Candyman.
Sobre estas cenas, vale dizer que Madsen passou por sessões de hipnose para realizá-las conforme a visão do diretor. Em um featurette produzido para o Blu-Ray especial da Shout Factory de O Mistério de Candyman, Virginia Madsen afirma: “quando Helen cai no feitiço de Candyman, meu rosto inteiro fica diferente e muito bonito. Eles colocavam ainda mais iluminador nele, mas a verdade é que algo incomum acontecia com a forma como meus olhos se comportavam, e isso era porque eu estava nesse estado hipnótico. Eu nunca mais farei isso de novo em qualquer filme que seja“.
O diretor Bernard Rose também já disse em entrevistas que não faria sentido se deparar com uma lenda materializada e gritar de pavor; a ideia era que Helen fosse arrebatada pela visão de Candyman. Aterrorizada, mas fascinada. Em transe, sem palavras.
Outra curiosidade é sobre o uso de mais de 200.000 abelhas reais durante as gravações. Elas eram controladas por Norman Gary, que anteriormente trabalhou com as abelhas em filmes como A Picada Mortal (1966), Meu Primeiro Amor (1991) e Tomates Verdes Fritos (1991). Embora a maior parte da equipe tenha usado macacões para se proteger de picadas, todos enfrentaram pelo menos uma picada. Tony Todd negociou um bônus de 1.000 dólares para cada uma das 23 picadas de abelha que recebeu durante as filmagens.
Curiosidades à parte, O Mistério de Candyman rendeu, ainda, três boas continuações. Mesmo se apoiando num subgênero que na época rendia muitos produtos de baixa qualidade (slasher), a obra de Bernard Rose se destaca pela boa execução, boa história e um olhar crítico e sensível para uma parcela da sociedade que, independente da época, só conta consigo e com o apoio dos seus para sobreviver. Está disponível no Darkflix+.