![]() O Monstro Ressuscitado
Original:El monstruo resucitado
Ano:1953•País:México Direção:Chano Urueta Roteiro:Chano Urueta, Roberto Savarese, Dino Maiuri Produção:Sergio Kogan, Abel Salazar Elenco:Miroslava, Carlos Navarro, José María Linares-Rivas, Fernando Wagner, Alberto Mariscal, Stephen Berne, Manuel Casanueva, Carlos Robles Gil |
Um dos mais expressivos exemplares do horror mexicano, El Monstruo Resucitado bebe das fontes mais clássicas da moda “horrorífica” de seu tempo para contar uma história absurda e divertida, repleta de bons momentos e outros nem tanto.
Lançado em 1953 sob a direção esperta de Chano Urueta, El Monstruo Resucitado acompanha a jornalista Nora (Miroslava) que, ansiosa por uma pauta diferente, responde a um anúncio de jornal em busca de uma “companheira ideal”. O anúncio a leva até o misterioso Hermann Ling (José Maria Linares-Rivas), figura misteriosa que se diz um proeminente cientista, e que vive com o rosto envolto em máscaras e panos para esconder a deformidade que marca sua aparência. Com Nora comprometida a acompanhá-lo e ajudá-lo em seus experimentos e sua vida, Ling se entrega à nova companheira, até descobrir a verdade sobre os verdadeiros interesses da jornalista.
Ainda que se apoie em tramas como Frankenstein e outros contos de cientista louco, tão populares na década de 1950, El Monstruo Resucitado mantém uma personalidade própria, bem marcada pela estética característica, que mescla o gótico com elementos latinos, especialmente nas cenas em ambientes fechados.
A cenografia, por falar nisso, é no mínimo curiosa, mesclando cenários altamente satisfatórios, ainda que produzidos em estúdio, como o gigantesco laboratório de Ling, altamente inspirado nos clássicos sci-fi daquela década, e cenários altamente improvisados, como nas cenas em que a ação se passa nas docas.
Nas cenas em questão, um cenário fotográfico foi utilizado para representar o ambiente externo, o que combinado com a ação dos personagens no momento, deixou o bom artifício com cara de “mural”, feio e mal feito, de um jeito que a gente demora pra entender onde os personagens estão na verdade. Mais a frente a direção acerta, usando os mesmos cenários e artifícios, mas através de outro ângulo, mais satisfatório e até convincente.
Os elementos góticos estão presentes em muitos momentos, seja nas neblinas que encobrem os cenários externos, a visão do cemitério que arrodeia a propriedade do Dr. Ling, e a própria característica “melodramática misteriosa” do roteiro, que parece querer destacar alguma intensidade no drama do deformado Dr. Ling – sem sucesso.
O drama do sofrido cientista, vale ressaltar, não dispõe de tanta complexidade moral, como é o caso do Dr. Sardonicus, de A Máscara do Horror, do mestre William Castle, lançado poucos anos depois. Em contrapartida, o roteiro não perde muito tempo com suspeitas e lamentos, com os conflitos vindo à luz antes da metade do filme e já partindo para sua resolução. Essa resolução é que é das mais absurdas, com a segunda metade do filme sendo tomada por um pastiche de vingança que envolve um duplo, controle da mente, entre outros absurdos de forma curiosa e que até funciona, se forçarmos uma lógica, algo que talvez não seja necessário.
O filme é fruto da safra final da era de ouro do cinema mexicano, período que foi de 1930 até meados da década de 1950. O diretor Chano Urueta é um especialista no gênero, tendo vários filmes de horror e do gênero “luchador” em sua conta, inclusive o clássico O Espelho da Bruxa (El Espejo de la Bruja, 1962), uma das obras mais representativas do gótico mexicano.
O Monstro Ressuscitado reflete o que o cinema produzia na época, e o faz bem, carregado de identidade mesmo se apoiando nos clássicos (expoentes de seu tempo) para se consolidar. Tá disponível nos blogs Cine Space Monster, RareLust, e nos torrents. Vale o garimpo.