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A Hora do Mal
Original:Weapons
Ano:2025•País:EUA
Direção:Zach Cregger
Roteiro:Zach Cregger
Produção:Zach Cregger, Roy Lee, J.D. Lifshitz, Josh Mack, Raphael Margules, Miri Yoon
Elenco:Julia Garner, Josh Brolin, Alden Ehrenreich, Amy Madigan, Benedict Wong, Toby Huss, June Diane Raphael, Austin Abrams, Melissa Ponzio, Whitmer Thomas, Cary Christopher, Sarah Kopkin, Sergio Duque, Khalani Simon-Barrow

Aquele endereço maldito, 825 Forest Road, de Stephen Cognetti, veio à mente enquanto assistia ao novo filme de Zach Cregger, A Hora do Mal (Weapons, 2025), que está chegando hoje aos cinemas. O diálogo entre os filmes acontece pela estrutura narrativa que apresenta em ambos um enredo aterrorizante dividido em capítulos, com nomes de personagens. Cada segmento ambientado no mesmo universo é mostrado sob uma ótica, com cruzamentos narrativos e acréscimos que completam o acontecimento principal. A ideia não é inovadora, mas é sempre funcional ao conduzir o infernauta, numa espécie de antologia macabra na composição de uma rede de horror.

Além da construção curiosa, saber que o comando é do responsável por Noites Brutais (Barbarian, 2022) já traz uma perspectiva de “esperar o inesperado“, saber que dificilmente você terá todas as respostas que procura até o último ato, também surpreendente. E é isso que Cregger propõe mais uma vez: você pode ter visto o cartaz, imagens e até assistido trailers, porém não terá noção do que irá acontecer. Uma espécie de Colheita Maldita, com crianças fantasmas? Passou longe! Um culto maldito, influência alienígena? Tente outra vez. Aliás, o trailer mostra exatamente os primeiros minutos de A Hora do Mal, com a narração da criança no prólogo do filme sobre um estranho desaparecimento coletivo. Depois que mostra o que você já viu nas prévias, a trama enfim começa.

Dezessete crianças desapareceram numa madrugada às 2h17. Elas têm em comum serem todas da mesma sala de aula, pertencente à professora Justine Gandy (Julia Garner, no terceiro filme que a vi no cinema esse ano: Lobisomem e Quarteto Fantástico: Primeiros Passos). A procura da polícia não resultou em nenhuma pista, e os pais resolveram considerar a professora como possível responsável pela ação conjunta. Estranhamente, um único garotinho da turma não desapareceu, Alex Lily (Cary Christopher), que deixa claro que não houve nenhum acordo e não faz a menor ideia do paradeiro de seus colegas.

Após essa introdução, o filme começa com o capítulo “Justine“, com a câmera de Cregger a vendo sempre por trás como se fôssemos um seguidor da professora e apresentando alguns interessantes travelling no mercado e na casa dela. Mesmo com o pedido de seu chefe, Andrew (Benedict Wong), Justine resolve investigar o sumiço acreditando que Alex possa ser a chave de tudo. Há também a narrativa sob a perspectiva de Archer Graff (Josh Brolin, de Duna Parte 2 e Oldboy: Dias de Vingança), pai de uma das crianças desaparecidas, e que fica incomodado pela postura passiva da polícia – a sugestão sobre usar cães farejadores possivelmente ajudaria bastante – e passa horas assistindo ao vídeo da câmera de segurança, com o seu garotinho correndo com as mãos abertas e desaparecendo na escuridão.

Com duração de mais ou menos quinze minutos, há outros segmentos como o centrado em Andrew, no policial Paul (Alden Ehrenreich), no usuário de drogas James (Austin Abrams) e no garoto Alex. Cada um encerrando em situações tensas, em momentos de violência e confronto, para atiçar o espectador para aguardar os possíveis encontros entre as narrativas. Funciona mais ou menos assim: Justine conversa com um policial e acena para Paul; depois veremos Paul, saindo da delegacia e acenando para a professora até perseguir James pelas ruas.

Cregger não poupa o espectador de sequências de violência gráfica ao estilo splatter, destruindo cabeças e “espetando-as” com dolorosas agulhas. E ainda reserva episódios de tensão sobrenatural através do pesadelo dos envolvidos fazendo bom uso da ausência de trilha sonora, preparando o público para algum susto iminente. Há alguns bem construídos, daqueles de levar ao salto do assento. Contudo, mesmo de maneira involuntária, o roteiro também provoca o riso em algumas partes como a do último ato, numa tendência atual de entretenimento aterrorizante.

Permitindo que se enalteça os aspectos técnicos e talvez se questione uma certa gordura do enredo no terceiro ato, A Hora do Mal – um título nacional óbvio, mas melhor que o original – é uma das boas surpresas de 2025. Diverte com uma certa ousadia e propõe um jogo narrativo ao infernauta, um quebra-cabeça de sustos, envolto em bom humor e sangue em profusão.

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