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O Padrasto: Ele Voltou Para Ficar / O Padrasto 3
Original:Stepfather III
Ano:1992•País:UK, EUA
Direção:Guy Magar
Roteiro:Guy Magar, Marc B. Ray
Produção:Guy Magar, Paul Moen
Elenco:Robert Wightman, Priscilla Barnes, Season Hubley, David Tom, John Ingle, Dennis Paladino, Stephen Mendel, Jay Acovone, Christa Miller, Mario Roccuzzo

O “assassino de famílias“, John List, fez mais vítimas nas versões cinematográficas do que na vida real. Em 9 de novembro de 1971, com armas de fogo, ele assassinou sua mãe, esposa e seus três filhos, e depois foi tão hábil para preservar os corpos e esconder os crimes que só viria a ser preso 17 anos depois, em 1 de junho de 1989, após a exibição de seus feitos no programa America’s Most Wanted, época em que ele já estava casado novamente e com uma vida estabilizada. Isto é, quando saiu o primeiro filme, O Padrasto, em 1987, o verdadeiro assassino pode tê-lo visto nos cinemas, provavelmente impressionado com algumas semelhanças com o que fez, sua nova vida e novo casamento, apenas pelo perfil traçado na época. Deve ter se impressionado também com a interpretação de Terry O’Quinn.

A Volta do Padrasto (The Stepfather II, 1989) foi lançado cerca de quatro meses depois de sua prisão. Nele Jerry Blake sobreviveu ao tiro e a facada que levou e foi internado numa instituição psiquiátrica – curiosamente, John List também tentou alegar insanidade pelos traumas do serviço militar. Depois de mais uma vez enlouquecer pela quebra de seus preceitos sobre o que seria a família ideal, ele é “morto” no final do filme. Com a negativa de O’Quinn para retornar ao papel, mesmo com o sucesso dos primeiros filmes e as coincidências em torno da prisão do verdadeiro assassino – que, na verdade, nunca foi um padrasto -, a ITC Entertainment resolveu desenvolver um capítulo final, desta vez em um lançamento diretamente em vídeo.

O Padrasto: Ele Voltou Para Ficar (Stepfather III, 1992) começa com Jerry Blake / Gene Clifford buscando um cirurgião plástico para alterar sua aparência. Sem falar uma palavra sequer, até porque O´Quinn não quis emprestar a voz, ele passa pelos procedimentos que, de acordo com as curiosidades da produção, são registros reais de cirurgias plásticas, e mata o especialista, mudando-se para Deer View nove meses depois. Agora com a identidade de Keith Grant (Robert Wightman) e residindo numa casa de campo, ele arruma emprego com jardinagem. Auxiliando nas comemorações da Páscoa, vestido como um coelho para entregar ovos, ele conhece sua futura vítima, a mãe solteira Christine Davis (Priscilla Barnes) e seu filho cadeirante Andy (David Tom).

O aparente bom partido já parte para seu modus operandi dos outros filmes, eliminando quem atrapalha sua tentativa de ter uma família nos moldes que julga ideal, até logo se casar com Christine antes mesmo de se conhecerem melhor. Ele usa uma pá para matar um ex-namorado de Christine, e enxerga no padre Brennan (John Ingle) uma ameaça. O insistente interesse de Andy por investigações criminais também o incomoda, assim como a vontade do garoto em passar um tempo com o pai, Steve (Jay Acovone), e a namorada Beth Davis (Christa Miller). Percebendo que o núcleo familiar está incompleto, o padrasto começa a ser envolver com a próxima, aproximando-se de Jennifer (Season Hubley) e seu filho Nicky (Adam Ryen), algo que foge de seu padrão de formar novas famílias na mesma cidade.

Vivendo em conflito interno sem saber se parte para um outro casamento ou luta pelo que já existe, o padrasto deixa evidências de irritabilidade e altera a postura. Com a proximidade das investigações de Andy, usando programas de computador, e buscando referências do passado de Keith, logo o assassino de famílias percebe que terá que agir, eliminando todas as evidências a partir das ferramentas que possui no trabalho.

O Padrasto: Ele Voltou Para Ficar ou O Padrasto 3 tem como único mérito a violência. Não que seja um banho de sangue, mas o vilão está bem mais agressivo que o contido segundo filme. Wightman tenta resgatar os trejeitos de O´Quinn até mesmo no olhar arregalado ou quando apresenta seu monólogo de desafogo contra o toco de árvore ou as plantas e tem uma boa imposição da voz, mas não consegue ser tão ameaçador. E o roteiro de Marc B. Ray e do diretor Guy Magar é bastante óbvio, repetindo uma ação de assassinato do primeiro filme e nunca justificando os desaparecimentos: ninguém foi investigar o desaparecimento do Sr. Thompson (Dennis Paladino) e seus conhecidos e familiares simplesmente acreditaram na tal viagem? E o ex-namorado de Christine ou até mesmo o padre?

Também nunca fica claro como o padrasto assassino consegue casa e emprego, sem dinheiro ou passado. O próprio John List, falecido de pneumonia aos 82 anos em 2008, justificava sua mudança de vida em um longo processo. Ele conseguiu apagar sua imagem anterior até de registros oficiais antes de migrar para uma nova identidade, algo construído aos poucos. Jerry / Gene / Keith sempre teve facilidade para fugir de hospício, cometer crimes e começar de novo em poucos meses. É claro que se trata de um filme sobre um assassino em série, levemente inspirado em um caso real, mas essas facilidades do enredo, incluindo um menino que ficou dois anos sem andar e de repente consegue mover as pernas não atrofiadas, não permitem que o público dê credibilidade ao que está vendo.

Ao final, fica claro que o estúdio não pretendia ter mais um filme com o assassino de famílias. O Padrasto 3 já não trazia novidades, repetia mortes e parecia uma refilmagem atrás de outra, cada vez com mais exageros e absurdos, incluindo a insistente sobrevida do vilão. Por fim, em 2009, uma refilmagem traria um outro olhar para as ações de John List, sem que o público se interesse tanto por esse enredo de suspense morno.

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