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Sharp Corner
Original:Sharp Corner
Ano:2025•País:Canadá, Irlanda, EUA
Direção:Jason Buxton
Roteiro:Jason Buxton, Russell Wangersky
Produção:Paul Barkin, Jason Buxton, Jason Levangie, Susan Mullen
Elenco:Ben Foster, Cobie Smulders, Alexandra Castillo, Gavin Drea, Reid Price, Jonathan Watton, Dan Lett Trina Corkum, Bob Mann, Eugene Sampang, Alexandra McDonald, Gita Miller, Wayne Burns

Estar prestes a cruzar nossos limites pode não parecer tão claro pra nós, às vezes o que precisamos é de um empurrãozinho… ou vários acidentes de carro na frente de onde moramos. Em Sharp Corner, Josh (Ben Foster) e sua esposa Rachel (Cobie Smulders) iniciam a trama com a realização de um sonho: mudar-se com seu filho para a primeira casa própria.

Logo no primeiro dia de mudança, o pivô da trama acontece: a casa localizada na rodovia, fica num ponto cego para motoristas imprudentes e um acidente fatal acontece. O carro invade a fachada, despertando sentimentos ainda não nomeados em Josh.

O protagonista é um retrato da mediocridade padrão imposta: um emprego que não demanda muito mas sem perspectiva de futuro, um casamento morno que exige esforço demais para o básico e todo dia, tudo sempre igual. Exceto pelos acidentes constantes.

Lidar com a morte pode ser desafiador como um todo para a experiência humana. No longa dirigido por Jason Buxton, isso é levado para um exagero de mortes constantes no quintal de casa, evidenciando a impotência de Josh não só mediante a salvar esses desconhecidos, mas também sobre sua própria vida. Com o cair dessa ficha, todos os âmbitos da vida dele passam de mal a pior.

Lembrando reações típicas do “Dia da Marmota”, a revolta de Josh vai por outro caminho num sentido em que se compromete a aprender primeiros socorros para salvar as vidas das pessoas acidentadas. Tornando-se uma obsessão, para de ir ao trabalho, senta-se em constante vigilância da curva perigosa, colocando-se a postos, acreditando que esse é seu novo propósito.

O caminho de autodestruição é realmente interessante e surpreende com a contradição de quem o perpetua. O roteiro é certeiro em mesclar a tensão e desconforto com diversas cenas e detalhes dramáticos, e também toques de humor muito bem vindos. Deixando inclusive um gosto de quero mais. Mais ousadia, mais exagero e mais explosões do personagem em tela.

Seu ritmo pode ser meio lento de início para construir a tensão e chegar ao ápice do terceiro ato, isso devido o foco ser a construção do personagem e não exatamente a violência em si. Ao olhar para o humano, o roteiro escolhe o caminho mais plausível possível, para que além de conseguirmos criar empatia e conexão com Josh, todas suas decisões conversem com a vida real. Papel que brilhantemente é interpretado por Ben Foster, que, mesmo com uma carreira consolidada, é mais do que digno desse protagonismo. Sua parceira Cobie Smulders tem pouco tempo de tela, mas cumpre seu propósito de balancear as diferenças do casal.

Com tantos acertos na construção da narrativa, o final da trama pode deixar um gosto amargo naqueles que estão acostumados com muitas explicações e detalhes sobre “o que vem depois”. Porém a trama acaba coerente com o seu foco, sendo mais uma vez o que importa, a explosão das restrições de uma vida mediana. Assim como o personagem, vem muito contida e se esparrama em detalhes.

O filme usa até de certo sarcasmo para deixar claro que a “família propaganda de margarina” de fato não existe. Que talvez o “sentido da vida” esteja para além de cumprir os passos de um roteiro já estabelecido socialmente. E o quanto insistir no que não funciona pra nós, só pode resultar em ainda mais caos.

Sharp Corner é uma boa pedida para quem busca um filme equilibrado quando falamos de suspense, violência e desenvolvimento de personagens. Com sua estreia em outros países em maio deste ano, o longa ainda não tem previsão de chegada ao Brasil.

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