![]() A Boneca do Mal
Original:Finders Keepers
Ano:2014•País:EUA Direção:Alexander Yellen Roteiro:Peter Sullivan, Jeffrey Schenck Produção: Elenco:Jaime Pressly, Patrick Muldoon, Tobin Bell, Marina Sirtis, Justina Machado, Kylie Rogers, Mark DeCarlo, Trilby Glover, Joey Luthman, Gabe O'Mara |
“Nenhuma alma está salva.”
No mesmo ano em que Annabelle saia em carreira solo, depois da participação surpreendente em Invocação do Mal (The Conjuring, 2013), uma outra boneca maldita corria por fora, numa ação oportunista do canal Syfy, que encerrou suas atividades em 2023 depois de produzir centenas de filmes de gosto duvidoso, sendo substituído pelo USA Network. Não pretendia ser tão assustadora quanto sua irmã mais famosa pelas próprias limitações de orçamento, mas explorar a doçura de crianças influenciadas por um demônio que habita um brinquedo infantil. Com direção de Alexander Yellen, a partir do argumento de Peter Sullivan e Jeffrey Schenck, trata-se de um produto para a TV que, apesar do bom número de mortes, é pouco ousado na violência gráfica pelas restrições de exibição.
Exibido na Rede Globo, no popular Corujão, na madrugada do dia 15 de outubro de 2020, A Boneca do Mal tem como título original a expressão “Finders Keepers“, que poderia ser adaptada para o ditado “achado não é roubado“. É a fala dita pela pequena Claire (Kylie Rogers), de 9 anos, depois que encontra a boneca sob as tábuas do assoalho e, mesmo com a aparência horrenda, diz a mãe que pretende ficar com ela. Alyson Simon (Jaime Pressly) não nega a possibilidade pelo fato da garota ainda estar abalada pela recente separação de seus pais.

A casa nova esconde um passado recente de assassinato, quando Zachary (Gabe O’Mara), aos dez anos, matou seus pais e a irmã, além de dois policiais, sob influência de uma boneca quitapena (também denominada quitapesares). Não demora para Claire se apegar à boneca, recusando ir à escola e não permitindo que alguém a afaste dela. E também não demora para que corpos comecem a ser empilhados: dois gatos, a vizinha intrusa Janine (Marina Sirtis), o corretor imobiliário, a dona de uma sorveteria, a auxiliar da professora Elena Carranzae (Justina Machado) até a namorada nova do pai de Claire, Kathy (Trilby Glover) ou o psiquiatra Dr. Freeman (o veterano Tobin Bell) e sua assistente escapam da ameaça.

Nunca fica claro se as mortes acontecem pela ação da própria boneca ou da menina possuída até porque seria um problema que afastaria o final feliz. E a razão para não mostrar a ação da assassina está obviamente relacionada aos efeitos especiais limitados. Assim a boneca Lilith – nome em referência à Bíblia e também à entidade demoníaca associada aos ventos e doenças – é uma mistura de Annabelle com Robert, sem ter o carisma de um ou a pobreza técnica do outro. Entre as ações da boneca assassina, há facas atiradas nas vítimas, podendo ser substituídas por uma tesoura, estrangulamento, defenestramento (numa provável referência ao Brinquedo Assassino) e até provocação de explosão e incêndios.
Efeitos ruins como na fumaça demoníaca e a direção made for TV de Yellen são aspectos problemáticos do filme. Por outro lado, as atuações, como da garotinha e do pai (Patrick Muldoon), a presença interessante de Tobin Bell ainda que em poucas cenas e a ideia de a boneca se conectar à Claire impedem que A Boneca do Mal seja uma porcaria completa. É uma bagaceira rápida e indolor, sem inspiração e facilmente esquecível, e, o melhor, sem pretensões de compor uma franquia.