
![]() Mal e Violência 2: Sofrimento
Original:Bereavement
Ano:2010•País:EUA Direção:Stevan Mena Roteiro:Stevan Mena Produção:Stevan Mena Elenco:Michael Biehn, Alexandra Daddario, Brett Rickaby, Nolan Gerard Funk, Spencer List, John Savage, Peyton List, Kathryn Meisle, Valentina de Angelis, Greg Wood, Ashley Wolfe |

Consciente que havia feito um filme de possibilidades interessantes, Stevan Mena desenvolveu em 2010 um prelúdio, com ações anteriores a 1999, ano de ambientação do primeiro. O longa original, Mal e Violência (Malevolence, 2003), mostrou-se um slasher de orçamento irrisório e referências, uma mistura de Sexta-Feira 13 – Parte 2 (Friday the 13th – Part 2, 1981) com Um Drink no Inferno (From Dusk Till Dawn, 1996), tendo atuações ruins, fotografia escura e boas ideias. Assim, uma segunda parte foi lançada sete anos depois, no Long Island International Film Expo, em 16 de julho de 2010, obtendo críticas mistas e uma renda bem inferior à conquistada com a primeira parte.
Mal e Violência custou US$200 mil dólares e arrecadou US$258 com sua passagem em festivais e estreias limitadas. Já a continuação teve um investimento de mais de US$3 milhões de dólares para uma bilheteria que não chegou próxima a US$50 mil. Esses gastos maiores são bastante visíveis na produção, agora com uma fotografia de cores vivas, filmagens com equipamentos mais sofisticados e a participação de Michael Biehn e principalmente Alexandra Daddario. Biehn é astro conhecido do cinema fantástico de James Cameron, aparecendo em produções de renome como O Exterminador do Futuro (Terminator, 1984), Aliens, O Resgate (Aliens, 1986) e O Segredo do Abismo (The Abyss, 1989); e Daddario já tinha participações pequenas em outras produções, aparecendo em O Sótão (The Attic, 2007), de Mary Lambert, e Percy Jackson e o Ladrão de Raios (Percy Jackson & the Olympians: The Lightning Thief, 2010). Após Mal e Violência 2, passou a ser um rosto mais conhecido no cinema estrelando o fraco O Massacre da Serra Elétrica 3D: A Lenda Continua (Texas Chainsaw 3D, 2013) e muitas outras produções, incluindo o protagonismo na série As Bruxas Mayfair (Mayfair Witches, 2023-2025). E há uma pontinha do lendário John Savage, que outrora atuou em clássicos como O Franco Atirador e Hair, e agora é mais visto em bombas como O Império dos Tubarões.

Em Mal e Violência 2, ela tem um papel um pouco parecido com o do filme de John Luessenhop. Após a morte de seus pais, Allison Miller (Daddario) vai morar com seu tio Jonathan (Biehn), sua tia Karen (Kathryn Meisle) e a prima Wendy (Peyton List) em Minersville. Ela ainda não sabe que cinco anos antes, nessa mesma região, houve o sequestro do garoto Martin Bristol (Chase Pechacek), que sofre de analgesia congênita, isto é, não consegue sentir dor e precisa ser assistido o tempo todo. Quem o levou foi Graham Sutter (Brett Rickaby), um serial killer insano que vive em um matadouro abandonado que era administrado por sua família.
Graham costuma sequestrar moças, pendurá-las como animal para abate, para depois de um tempo eliminá-las, enquanto permite que Martin veja tudo. Como se imagina, é ele, crescido, que perseguirá os personagens do primeiro filme anos depois. Cenas do original são repetidas, incluindo o momento em que Graham corta o rosto de Martin, deixando uma cicatriz para permitir que o público o identifique, numa típica mastigação desnecessária. Quando percebe a presença do menino no matadouro, Allison começa a se interessar em saber mais a respeito, contando com o apoio de William (Nolan Gerard Funk), um affair local.
Assim como O Massacre da Serra Elétrica: O Início (The Texas Chainsaw Massacre: The Beginning, 2006), já se sabe que fim os personagens do filme terão, uma vez que se trata de uma prequel. Contudo, acompanhando a ingênua curiosidade de Allison, é possível até torcer por um caminho alternativo, com uma perspectiva não tão pessimista. Mena reserva um final surpreendentemente violento, um cartão de visitas para as ações silenciosas do assassino mascarado de Mal e Violência, fazendo uma continuação amplamente melhor que o original.

Não só na escolha do elenco e aspectos técnicos, Mal e Violência 2 faz um trabalho de maior visibilidade ao cenário proposto. Dá-se a entender que Graham sofreu abusos na infância e se sente culpado por ter matado o gado que habitava o local. Ele constantemente dialoga com o crânio de um touro pendurado na parede, entre outros em um ambiente de adoração e psicose, com clara referência a Ed Gein. E parece que sente prazer em manter suas vítimas um tempo presas, aterrorizadas, até o golpe que irá finalizá-las.
Contando com a participação de Ashley Wolfe como a mãe de Martin e única conexão entre os três filmes — sim, depois deste ainda foi feita uma terceira parte —, Mal e Violência 2, ainda que envolto em clichês, conclui de maneira satisfatória o que poderia ser o fim da franquia. É um slasher bem feitinho e ousado, como poucos, e que deveria ser mais conhecido entre os fãs de horror.





















