Fear the Walking Dead - 5ª Temporada
Original:Fear the Walking Dead - Season 5
Ano:2019•País:EUA Direção:Michael E. Satrazemis, Jessica Lowrey, Colman Domingo, Tara Nicole Weyr, Sharat Raju, Marta Cunningham Roteiro:Ian Goldberg, Andrew Chambliss, Alex Delyle, Ashley Cardiff, Samir Mehta, Mallory Westfall, Richard Naing Produção:Kenneth Requa Elenco:Lennie James, Alycia Debnam-Carey, Maggie Grace, Colman Domingo, Danay Garcia, Garret Dillahunt, Alexa Nisenson, Jenna Elfman, Matt Frewer, Daryl Mitchell, Mo Collins, Cooper Dodson, Bailey Gavulic, Ethan Suess, Rubén Blades, Sydney Lemmon, Austin Amelio |
“Fazer o bem sem olhar a quem“: esta foi a temática principal da primeira parte da quinta temporada de Fear the Walking Dead, dando continuidade aos acontecimentos da anterior, quando Morgan (Lennie James) se uniu ao grupo. Depois que encontraram um grande caminhão e pessoas dispostas a ajudar simplesmente porque acham que esse é o caminho, Morgan abraçou essa ideia, convenceu os demais e desistiu de retornar a Alexandria. O primeiro episódio, Here to Help, de Michael E. Satrazemis, já começou de maneira curiosa ao mostrar o elenco sofrendo um acidente aéreo, sendo testemunhado por dois adolescentes, Annie (Bailey Gavulic) e Max (Ethan Suess). Sobrevivendo à queda, mesmo que isso se mostraria quase improvável, e somente com um ferimento maior em Luciana (Danay Garcia), eles atraem muitos mortos, e se cria uma interessante tensão com os jovens e o fato de alguns estarem presos à aeronave.
Passado o susto, descobre-se que eles estão ali com a intenção de atender ao chamado de um estranho, mesmo entendendo que a distância seria muito grande. Vieram à missão, além de Morgan e Luciana, Alicia (Alycia Debnam-Carey), Althea (Maggie Grace) – que foi a piloto -, John (Garret Dillahunt) e June (Jenna Elfman), enquanto Victor Strand (Colman Domingo), Charlie (Alexa Nisenson), Wendell (Daryl Mitchell) e Sarah (Mo Collins) ficaram para trás para cuidar da sede. No entanto, logo descobrem que a pessoa que pediu ajuda, o tal de Logan (Matt Frewer), mentiu para que eles deixassem o local, uma razão que só será explorada novamente no oitavo episódio.
Distante de casa, eles buscam abrigo e conhecem uma nova personagem no segundo episódio, The Hurt That Will Happen, de Jessica Lowrey. Grace (Karen David) está ali para cuidar dos problemas envolvendo uma usina radioativa que sofreu vazamento, gerando uma legião de mortos-vivos contaminados. Assim, ela faz o alerta para que evitem ter contato com essas criaturas, o que torna o encontro com zumbis nessa meia temporada ainda mais divertida: eles têm que observar algo que eles carregam no pescoço, uma espécie de caneta, e manter distância. Durante a jornada, eles também encontram mortos que são usados como cerca viva, presos pelos próprios órgãos, remetendo às ações dos Salvadores, embora a confecção e os autores sejam diferentes.
Com a intenção de buscar um novo avião para resgatar os amigos, Victor descobre o paradeiro de Daniel Salazar (Rubén Blades), desaparecido desde a queda da ponte no final da terceira temporada. Com a recusa e ameaça de uma possível vingança particular devido a algumas atitudes de Victor, Daniel se mostra receoso a ajudar, obrigando-os a uma tentativa de roubo do transporte. Na última cena, ao encontrar uma roupa de proteção contra mordidas de zumbis e acreditar que ali existe uma história, Al é sequestrada, e só trará explicações sobre seu sumiço em The End of Everything, quinto episódio da temporada.
Em Humbug’s Gulch, de Colman Domingo, temos uma homenagem aos filmes de faroeste, aproveitando a condição de pistoleiro de John. Isolados numa velha cidade em busca de armas, eles são ameaçados por um atirador misterioso. A ameaça se mostra conhecida aos fãs de The Walking Dead: trata-se de Dwight (Austin Amelio), que fugiu do confronto com os Salvadores – depois de sua traição – com o objetivo de buscar sua esposa desaparecida. E a maneira como o personagem irá se integrar ao grupo é bem curiosa e justificável, permitindo algumas ideias sobre a relação entre o que você procura e o que deixa para trás.
Conflitos com Daniel irão se intensificar no quarto episódio, dirigido por Tara Nicole Weyr, obrigando Charlie a uma tentativa arriscada de roubar o avião. O seguinte será centrado apenas em Al e a sequestradora Isabelle (Sydney Lemmon), em um embate ao estilo Inimigo Meu (1985). Ele traz mais detalhes (poucos, diga-se de passagem) sobre o helicóptero que levou Rick Grimes na série principal e que irá desenvolver uma trilogia para o cinema. O destaque do episódio fica por conta da sequência que envolve zumbis alpinistas, uma ideia bem criativa.
Além dos zumbis radioativos e da volta de Daniel e Dwight, a nova temporada traz um bom elenco de crianças e adolescentes, que remetem ao livro O Senhor das Moscas e à produção Caravana da Coragem (de 84). Contudo, a principal referência da temporada é ao clássico O Pequeno Príncipe, literatura que Luciana apresenta para o jovem Dylan (Cooper Dodson) e traz algumas comparações interessantes até mesmo com o modo como chegaram até ali. Não apenas pela analogia, mas porque ela permite que o garoto passe a enxergar os estranhos que querem ajudar de maneira diferente.
Mesmo assim, com o conforto que envolve televisão e chuveiro quente, Annie e Max comandam a fuga dos jovens no sexto episódio. No sétimo, Still Standing, de Marta Cunningham, enquanto John descobre algo importante sobre a mulher de Dwight, Alicia promove uma das cenas mais tristes da temporada e até da série Fear The Walking Dead. A simples perspectiva de que um fim pode estar próximo é algo que realmente pode fazer os fãs da série lamentar. E trouxe mais humanidade e carisma à personagem, além daquele espírito de combate que sempre a destacou.
Voo de balão e a eminência de uma explosão na Usina, com aquelas aberturas variadas, são o clímax da temporada, em cenas bem tensas e angustiantes, mostrando que os roteiristas da série sabem trazer dinamismo e alternar momentos divertidos e pessimistas com a mesma proporção, como se percebe no episódio que encerra a mini-temporada, Is Anybody Out There?, de Satrazemis. Uma nova tentativa de fuga, mas com a perspectiva de ter que atravessar uma nuvem tóxica e precisar de alguma forma de produzir uma pista de pouso, podem levar o espectador a roer unhas no final.
Com muitos mais personagens, espelhando em The Walking Dead, o spinoff manteve a boa qualidade e apagou a ideia infeliz do último episódio da temporada anterior, irritante e desnecessária. Provavelmente trará algumas possibilidades pelo ocorrido no sétimo e um novo conflito com humanos, talvez para comprovar o que já havia sido explorado antes: nem todas as pessoas querem ajuda ou ou são do bem. Aliás, quem realmente quer?
Estou gostando dessa temporada, alias, acho que melhorou muito a partir da quarta temporada. Veremos o que vem a seguir.