Após um recente crescimento na popularidade dos cinemas no Brasil como não se via desde os anos 80, a cultura pop foi encontrando o seu caminho para fora dos nichos “nerds” e caindo no gosto popular. O mercado de quadrinhos no país cresceu e, talvez, nunca tenha estado tão bem. Editoras surgiram aqui e ali com um vasto mix de títulos para todos os tipos de leitores. De editoras voltadas a títulos mais “cults”, passando por editoras especializadas em mangás, até a publicação independente através das plataformas de financiamento coletivo, os números do mercado de quadrinhos no Brasil nunca estiveram tão favoráveis.
O resultado disso fica claro quando nos deparamos com o sucesso da CCXP, a Comic Con Experience, que em apenas dois anos se tornou uma das maiores convenções voltadas aos quadrinhos e cultura pop do mundo!
Durante seus quinze anos no ar, o Boca do Inferno sempre acompanhou de perto a evolução do mercado de quadrinhos no Brasil. Principalmente no que se refere aos quadrinhos de horror, ficção científica e fantasia. O que podemos afirmar é que, tirando a produção nacional dos anos 70, que contava com mestres como Flavio Colin, Julio Shimamoto, Eugênio Colonnese, Rodolfo Zalla e Rubens Francisco Lucchetti, entre outros, os quadrinhos de horror nunca estiveram tão bem representados como hoje.
Autores como Denis Mello e Ana Recalde com a onírica Beladona; Giorgio Galli com seu aventuresco Salomão Ventura; Pablo Casado e Talles Rodrigues com o divertido Mayara & Annabelle; Alex Rodrigues e Daniel Esteves com seus zumbis em São Paulo dos Mortos; Kiko Garcia com a nostálgica Catacumba têm provado que os quadrinhos brasileiros de horror continuam aí. Mais vivos do que mortos e sedentos por sangue.
E para comemorar o aniversário do Boca do Inferno, vamos relembrar neste artigo as quinze melhores HQs de horror publicadas no Brasil ao longo deste quinze anos de vida do site. Como já devem imaginar, a tarefa de separar quinze quadrinhos ao longo de quinze anos é árdua e quase impossível. Portanto, se não encontrou a sua HQ favorita na lista, deixe sua recomendação aqui nos comentários.
Vida longa ao terror em quadrinhos!
2002 – Dylan Dog #01 (Mythos, novembro de 2002)
Seis meses após o Boca do Inferno ir ao ar, Dylan Dog, o detetive do mistério, voltava às bancas em seu título mais longevo. A editora Mythos retomava a publicação das histórias do personagem no Brasil com uma decisão um tanto equivocada de começar fora de ordem, com a edição original de número 100 do personagem. A História de Dylan Dog, de Tiziano Sclavi e Angelo Stano, HQ escolhida para inaugurar o novo título de um dos principais personagens de horror dos quadrinhos de todos os tempos, não é das melhores, mas dá o tom do que o leitor encontraria na revista que, infelizmente, durou apenas 40 edições.
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2003 – 30 Dias de Noite (Devir, maio de 2003)
No aniversário de um ano do Boca do Inferno, os leitores ganhavam de presente um dos títulos de horror mais aguardados por aqui na época: 30 Dias de Noite, de Steve Niles e Bem Templesmith. A HQ sobre uma pequena cidade no Alasca que passa um mês por ano na noite completa e acaba sendo tomada por um grupo de vampiros é uma das principais obras em quadrinhos de horror deste século e deu origem a dois filmes e inúmeras continuações em quadrinhos.
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2004 – Hellboy – A Mão Direita da Perdição (Mythos, junho de 2004)
As histórias do demônio mestiço de chifres cortados e mão de pedra já estavam sendo publicadas no Brasil pela Mythos desde 1998, mas em 2004, com a proximidade da estreia do filme do personagem nos cinemas, a editora lançou Hellboy – A Mão Direita da Perdição, uma coletânea de historias curtas do personagem escritas e ilustradas por seu criador, Mike Mignola, que era uma ótima porta de entrada praqueles que iriam conhecer o Hellboy pelo filme.
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2005 – Coleção Opera Horror nº1 (Opera Graphica, fevereiro de 2005)
Em pleno Carnaval, o mais brasileiro dos feriados, a Opera Graphica lançava a sua Coleção Opera Horror, que em sua edição de estreia trazia uma coletânea de clássicas HQs escritas por Rubens Francisco Lucchetti e ilustradas por Nico Rosso, Rodolfo Zalla, Eugênio Colonnese, Júlio Shimamoto e Flavio Colin. Intitulada “No Reino do Terror de R.F. Lucchetti”, a edição é um precioso resgate da fase de ouro dos quadrinhos de horror nacionais, pelas mãos de nosso autor mais prolífico, o gênio Rubens Francisco Lucchetti. No mês seguinte, a segunda edição da revista trouxe O Morto do Pântano de Eugênio Colonnese. Infelizmente, a coleção durou apenas dois números.
2006 – Os Mortos-Vivos nº1 (HQ Maniacs, maio de 2006)
Muito antes da febre que se tornou The Walking Dead, a editora HQ Maniacs, estreante no mercado dos quadrinhos na época, trazia para o Brasil o premiado quadrinho Os Mortos-Vivos, de Robert Kirkman e Tony Moore. A HQ pegava os conceitos básicos de apocalipse zumbi criados por George A. Romero e dava uma visão mais humana mostrando os conflitos que viriam a acontecer entre os sobreviventes enquanto regrediam como sociedade. A HQ deu origem ao seriado The Walking Dead e já teve dezoito encadernados publicados no Brasil.
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2007 – Black Hole (Conrad, setembro de 2007)
Escrita e ilustrada em 1995 pelo ícone dos quadrinhos independentes, Charles Burns, Black Hole foi publicada no Brasil em duas edições pela Conrad, e conta a história de uma praga que se espalha através do contato sexual entre adolescentes da Seattle dos anos 70 causando estranhas mutações. Para os infectados, não resta alternativa, a não ser se exilarem em acampamentos afastados da civilização. Burns utiliza a linguagem simples e direta, sem amarras, dos quadrinhos alternativos e independentes para falar de temas que continuam relevantes até hoje. Um pequeno clássico desconhecido que merece ser republicado por aqui.
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2008 – Prontuário 666 – Os Anos de Cárcere de Zé do Caixão (Conrad, julho de 2008)
Às vésperas do triunfante retorno do nosso mestre José Mojica Marins aos cinemas, a editora Conrad lançou esta prequel em quadrinhos para o filme Encarnação do Demônio (2008). A história, escrita por Adriana Brunstein e Samuel Casal, ilustrador que também cuida da belíssima arte do álbum, mostra os 40 anos em que Zé do Caixão esteve preso após o final de Esta Noite Encarnarei em Teu Cadáver (1967) e resgata e atualiza o personagem para os tempos modernos em uma ótima HQ.
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2009 – Vertigo #01 (Panini, outubro de 2009)
O ano de 2009 marcava o início da publicação dos títulos da Vertigo, selo adulto da DC Comics, pela Panini. Após um longo e confuso histórico de publicações por diversas editoras no Brasil, as histórias de Sandman, John Constantine, Preacher e Monstro do Pântano, finalmente estavam em boas mãos. A Panini começou aos poucos, estreando com uma revista mix que contava com John Constantine como carro-chefe. A revista durou 51 edições e foi apenas o pontapé inicial em uma longa e feliz linha editorial da Panini envolvendo os títulos Vertigo.
2010 – Eu Sou a Lenda (Devir, julho de 2010)
No ano em que entrei para a equipe do Boca do Inferno tivemos uma enxurrada de títulos de horror nas bancas e livrarias com o início da solidificação do mercado de quadrinhos no Brasil. Dentre tantos títulos, escolhi a adaptação da obra-prima de Richard Matheson para os quadrinhos nas mãos experientes e habilidosas de Steve Niles e Elman Brown. Uma das maiores obras literárias de horror de todos os tempos, Eu Sou A Lenda já foi adaptado para o cinema três vezes e nenhuma delas conseguiu captar a beleza do texto de Matheson como esta adaptação para os quadrinhos.
2011 – Cripta nº1 (Mythos, fevereiro de 2011)
A editora Mythos lançou em fevereiro de 2011 esta deliciosa coletânea de clássicos de horror da revista Eerie. Publicada nos EUA pela Warren Publishing entre 1966 e 1983, a revista Eerie trazia histórias curtas de terror em preto e branco escritas e ilustradas por gente do calibre de Archie Goodwin, Reed Crandall, Gray Morrow, Gene Colan e Al Willianson, entre outros mestres do terror. A coletânea já teve quatro volumes publicados no Brasil e a primeira edição merece uma reedição.
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2012 – Creepy – Contos Clássicos de Terror nº1 (Devir, agosto de 2012)
Um ano depois da Mythos iniciar a publicação das coletâneas da Eerie no Brasil, a Devir lançou Creepy, uma espécie de “revista irmã” da Eerie, também publicada nos EUA pela Warren Publishing e escrita e ilustrada pelo mesmo time de artistas da Eerie. Apesar das similaridades, as duas revistas possuem histórias diferentes e são indispensáveis nas prateleiras de qualquer fã de horror em quadrinhos.
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2013 – Clássicos DC – Monstro do Pântano: Raízes Vol.1 (Panini, abril de 2013)
Um dos personagens clássicos mais queridos dos leitores, o Monstro do Pântano alcançou o auge de sua carreira nas mãos do gênio Alan Moore, mas o personagem está por aí desde 1971 quando foi criado por Len Wein e Bernie Wrightson. Em 2013 a Panini lançou esta coletânea com suas primeiras histórias, mas graças a uma equivocada decisão de dividir o encadernado americano original em duas partes, o segundo volume nunca foi lançado graças a uma suposta dificuldade de aprovação de capa. A história já se tornou piada recorrente nos fóruns de quadrinhos e ainda não há sinal de lançamento do segundo volume, que permanece no checklist da editora há mais de três anos.
2014 – Do Inferno (Veneta, novembro de 2014)
A história definitiva sobre Jack, O Estripador de Alan Moore e Eddie Cambpel já havia sido publicada aqui no início da década passada pela Via Lettera em edições que já se encontram esgotadas por aí. Porém, no finalzinho de 2014, eis que surge a editora Veneta e republica a história em uma belíssima edição em volume único e uma capa dura belíssima. HQ de primeira com qualidade à altura.
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2015 – Lavagem (Mino, abril de 2015)
Com roteiro e arte de Shiko, lavagem é uma daquelas histórias difíceis de explicar sem entregar muito ou limitar as interpretações. Baseada em seu curta homônimo, a HQ conta a história de um casal formado por uma esposa temente a Deus e um marido ignorante criador de porcos que vive isolado no mangue até que um dia recebem a visita de um “homem de Deus” que chega a eles trazendo muito mais do que apenas “a palavra do senhor”. Uma das melhores HQs nacionais dos últimos tempos.
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2016 – Graphic MSP nº 11 – Papa-Capim: Noite Branca (Panini, abril de 2016)
O ano nem chegou à sua metade, mas já tivemos muitos títulos interessantes chegando ao mercado e, com certeza, muitos outros chegarão até o final do ano, mas já podemos destacar a décima primeira edição da coleção Graphic MSP onde convidados especiais são chamados pela Maurício de Souza Produções para dar novas interpretações aos personagens clássicos da Turma da Mônica. Desta vez, temos a primeira história de horror da coleção, uma reimaginação do núcleo do pequeno índio Papa-Capim por Marcela Godoy e Renato Guedes. A revista ainda se encontra nas bancas e livrarias nas versões em capa cartão e capa dura. Aos editores, estamos no aguardo de uma versão de horror da turma do Penadinho! 😉
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Ainda ficaram de fora desta lista muitos títulos imperdíveis, mas já deu pra ter uma ideia da imensa variedade de histórias e estilos diferentes de quadrinhos de terror à disposição dos leitores brasileiros. O Boca do Inferno segue acompanhando os lançamentos e trazendo todas as novidades para você infernauta, que sempre esteve ao nosso lado ao longo deste quinze anos. Nós só podemos agradecer pelo carinho e fazer o nosso melhor para que continuem conosco nos anos que virão.
Muito obrigado!
Curte terror?
UNAY é uma coletânea de quatro histórias com muito mistério, suspense e terror.
https://www.catarse.me/unay_1438?ref=project_link
Confira e contribua!
Cara sou muito fá de Hellboy, mas colacaria a história “O Vigarista” (Hellboy: The Crooked Man, no original) como a melhor no quesito terror, e com ilustrações incriveis de Richard Corben.
Fala Diego!
Eu também gosto muito desta “O Vigarista”, mas queria algo com o traço do Mignola pra lista. Como esta saiu no ano do lançamento do primeiro filme, ela acabou entrando pra listinha.
Grandes Obras.
Essa do Monstro do Pântano foi burrada da panini ter dividido em 2 volumes, ai deu no que deu. Espero que saia ainda algum dia.
Pois é… No começo do ano rolou uma conversa de que iria sair… Já estamos em junho… 🙁
John, a HQ finalmente saiu!!!
Comprei a minha esta semana! Nem acredito!!!