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Halloween (1978) (12)

1978 não foi apenas o ano do musical Grease. Ganharia vida também, neste ano, um dos mais famosos personagens de terror de todos os tempos: Michael Myers, o psicopata do filme Halloween – A Noite do Terror, dirigido por John Carpenter. Este filme é praticamente o “pai” dos filmes de psicopatas modernos, “estilo” que se tornaria uma espécie de “praga” na década de 80 (vide a série Sexta-Feira 13 e A Hora do Pesadelo), chegando também na década de 90 (vide o sucesso dos dois filmes Pânico, de Wes Craven, sendo que o primeiro, inclusive, mostra cenas do Halloween). O próprio filme receberia uma série grande de continuações (chegariam a sete com Halloween Ressurreição) e um remake, mas nenhum ainda superou o original.

Talvez para os padrões atuais de filmes de terror este Halloween possa ser considerado bastante lento – porém, sempre criativo! O que surpreende foi o suspense conseguido com o mínimo de violência e sanguinolência e, mesmo quando estes elementos estiveram presentes, foram apresentados na medida certa. Michael Myers sempre aparece para nós, os espectadores, mas raramente para os outros personagens. Em outras palavras, o público sabe do perigo que os personagens correm, mas estes não sabem – uma “receita” básica do mestre Alfred Hitchcock para se fazer suspense.

A entrada do filme é antológica: num fundo preto está uma abóbora oca, com uma luz saindo de dentro dela destacando os olhos, nariz e boca (que foram talhados na casca numa típica representação do Dia das Bruxas nos Estados Unidos), distante, mas que vai sendo aproximada pela câmera no decorrer da música (composta pelo diretor, mas que não passava de uma variação sutil do tema inicial de “Tubular Bells“, do compositor Mike Oldfield, utilizada no filme O Exorcista), enquanto entram os créditos.

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Logo somos avisados do lugar (Haddonfield, localizada no estado de Illinois, foi apresentada no filme como uma típica pequena cidade norte-americana) e do ano (1963) da ação inicial e, na primeira e longa sequência (com aproximadamente cinco minutos), a câmera se desloca ininterrupta, como se fosse o olhar do menino. Este olhar vê, através da parte exterior da janela da sala, sua irmã, Judith, e seu namorado. Logo após constatarem que os pais dela não estão em casa, resolvem subir até o quarto. A câmera/olhar, ainda fora da casa, se desloca para a janela do quarto e, quando a luz se apaga, entra uma música lenta, porém macabra.

O menino entra na casa pela cozinha, pega uma faca (muito parecida com aquela usada pela “mãe” de Norman Bates, do filme Psicose), pára antes de chegar na escada e observa o namorado da irmã sair. Logo, ele sobe as escadas, bem devagar, pega uma máscara de palhaço jogada no chão (é Dia das Bruxas, onde as crianças ficam fantasiadas), ficando apenas os dois espaços dos olhos da máscara na câmera.

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Michael entra no quarto da irmã (que está vestida apenas de calcinha enquanto se penteia), desloca seu olhar para a cama desarrumada e, voltando-se para ela, sem dó ou piedade, começa a esfaqueá-la. Ele sai do quarto, desce as escadas (surgindo os primeiros sons abafados dos seus gemidos tensos), vai até a rua e vê os pais perguntando o que tinha acontecido. A câmera sai do olhar do menino (pela primeira vez no filme) quando o pai tira a sua máscara e ele está catatônico, com a faca ensanguentada na mão.

Michael é internado num manicômio em Smith’s Grove, também do estado de Illinois, e, em 1964, seu médico, o Dr. Loomis (maravilhosamente interpretado pelo ator Donald Pleasence), sabe que ele não é humano, mas o mal. Em 1978, Michael foge do manicômio na véspera do Dia das Bruxas e volta para a cidade onde ele tinha assassinado sua irmã. Nesta fuga, ele escreveu, com suas unhas na porta do seu quarto, a palavra SISTER (IRMÃ), dando a entender aonde ele estava indo e o que iria fazer. Ao chegar na cidadezinha, ele encontra as suas vítimas: primeiro, a babá Laurie (interpretada pela atriz, então iniciante, Jamie Lee Curtis); o garoto que ela tomaria conta no Dia das Bruxas; e, pouco depois, as suas duas melhores amigas, Annie e Lynda. Logo, o Dr. Loomis chega na cidade e o suspense e terror começam.

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Michael Myers (já utilizando sua famosa máscara branca recheada de cabelos) mataria as duas amigas de Laurie, o namorado de uma delas e perseguiria a própria e as crianças que ela estava tomando conta. Uma cena impressionante foi aquela onde Laurie, procurando suas amigas, entra num quarto e encontra uma delas morta na cama, de braços abertos, com a lápide da irmã de Michael (roubada pelo próprio) colocada sobre sua cabeça – uma representação religiosa e outra pagã colocadas no mesmo momento, ou seja, o amor e a violência, o sagrado e o profano, misturados na cabeça insana de um psicopata.

Muitos críticos reclamaram, na época, da falta de qualquer lógica para o personagem atacar Laurie e suas amigas, já que não existia relação alguma entre elas e Michael, ou mesmo delas com a sua irmã. Aparentemente, as únicas razões do psicopata atacar este grupo foi o fato de Laurie se parecer ligeiramente com sua irmã e por ela ter sido a primeira garota a aparecer perante ele. E, mesmo considerando-se este aspecto, não havia razão alguma para que ele matasse também as suas amigas. Apenas nas continuações é que somos informados de que Laurie, na verdade, é irmã de Michael.

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Talvez esteja justamente nesta falta de lógica que o terror se revele mais avassalador: por não haver, a princípio, nenhuma razão nos atos do Michael Myers, qualquer jovem adolescente do final dos anos 70 poderia sentir-se como uma eventual vítima dos seus ataques, o que criou uma estranha “ligação” entre os atos do psicopata e a plateia, aumentando os efeitos de terror nesta mesma plateia, que era essencialmente jovem, e sua vontade de assistir ao filme – que acabou sendo um grande sucesso comercial.

Além desta ligação, começou também, com este filme, o choque que faria o sucesso do gênero nos anos 80: a vida descompromissada dos adolescentes (lindos jovens, alegres, sexualmente ativos e com tesão saindo por todos os poros) entrando em choque direto com a morte, trazida por esses psicopatas. O confronto entre o “leve” e o “pesado” continua, aliás, fazendo grande sucesso.

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E, além do mais, a criatividade do filme chega a ser tanta que é possível colocá-lo entre as melhores produções de terror da década de 70, em igualdade de condições com O Exorcista, A Profecia e Carrie, a Estranha, entre tantos outros.

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3 Comentários

  1. O psicopata mais conceitual, inexpressivo, emblemático e original de todos os tempos <3

  2. Melhor filme de psicopata. John criou um ícone e uma atmosfera única, com ambientes escuros que não atrapalham e sim ajudam, principalmente quando Michael surge da escuridão -algo que nunca ninguém conseguiu repetir. Enfim, Halloween é e sempre será um ícone do terror!

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