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Desde que a (ótima) sequência de Blade Runner, Blade Runner 2049, estreou que pelo menos uma pergunta tem sido feita com bastante frequência pelos fãs da obra original. A parte 2 trata-se de um bom filme? Trata-se de uma continuação à altura do original?  Harrison Ford é ou não um replicante? Na verdade a pergunta que não saia da cabeça dos fãs da obra original é sobre qual versão do filme original lançado em 1982 Blade Runner 2049 segue como base para funcionar como continuação?

Vamos explicar. Com direção de Ridley Scott, o filme Blade Runner lançado em 1982, baseado no livro de Philip K. Dick Do Androids Dream of Electric Sheep?, se passa no ano 2019 sendo este um futuro bastante pessimista para a humanidade. Neste mundo sombrio, foram criados os replicantes, robôs extremamente perfeitos que não podem ser distinguidos dos seres humanos. Os replicantes são usados em trabalhos de risco nas bases interplanetárias e não podem habitar a Terra.

A ação do filme acontece quando o detetive Rick Deckard (Harrison Ford) é chamado para “aposentar” um grupo de replicantes considerados desertores e perigosos por se rebelarem contra as padronizações impostas. O filme é considerado uma das principais obras de ficção científica e se tornou referência. O problema é que desde 1982 que novas versões do mesmo filme são lançadas. Para se ter uma ideia do tamanho do problema, Além da versão original do cinema, outras seis versões foram liberadas ao público em relançamentos, DVDs, e Blu-Rays.

A confusão surgiu já na época do lançamento do filme. Para se ter uma ideia, existe a versão original (1982, 113 minutos) que foi usada apenas em exibições para teste de resposta da audiência inicialmente nas cidades de Denver e Dalas em março de 1982. No entanto o público não saiu muito satisfeito deste primeiro corte, o que já fez com que algumas mudanças fossem feitas mesmo contra a vontade de Ridley Scott gerando a versão lançada oficialmente nos cinemas no mesmo ano e com 116 minutos. Este primeiro corte foi considerado confuso, o que levou o estúdio a encomendar uma narração em off e de quebra um final feliz para Deckard e a replicante Rachael (Sean Young).

O problema é que a tal versão de 113 minutos foi depois exibida em festivais em 1990 e 1991, mas desta vez com resposta positiva da plateia, o que levou o estúdio para aprovar o trabalho em uma “versão de diretor” sendo lançado como uma Ultimate Edition de 5 discos em 2007.

Ainda em 1982, foi também lançada a versão para o mercado internacional, desta vez com 117 minutos e que incluía cenas de ação mais violenta do que a cópia lançada nas salas dos EUA. Já em 1986, quando foi exibido na TV e editada para atender restrições de transmissão para a TV, diminuíram as cenas de violência, palavrões e nudez.

Foi em 1992 quando surgiu um novo corte com pelo menos três grandes mudanças na trama e que dialogavam com a versão inicial de Scott. O disco, porém, não teve a participação direta do cineasta, que a considera um tanto apressada. A primeira mudança foi a remoção da narração em off feita por Deckard que naturalmente nunca foi necessária para a obra e apenas servia para deixar tudo muito explicado, algo desnecessário para este tipo de filme. O segundo ponto retirado foi o final feliz imposto pelo estúdio sendo esta remoção também positiva para a nova versão. O problema foi que a terceira mudança foi uma inclusão e embaralhou bastante a mitologia da obra.

Na tal nova sequência, Deckard sonha com um unicórnio. Ao deixar seu apartamento ao final do filme, Rachael encontra um origami de um unicórnio tendo sido este a última das figuras criadas por Gaff (Edward James Olmos), um projetor de replicantes. Uma das possíveis explicações da retirada desta sequência seria o fato da mesma deixar muito claro o fato de Deckard ser outro replicante. Na verdade, em 2000, Scott afirmou que Deckerd seria, de fato, um replicante. A declaração desagradou tanto Ford quando fãs por tal ideia derrubar a premissa implícita de homem x máquina.

Já em 2007 foi lançado a Final Cut, também conhecida como 25th Anniversary Edition. Trata-se da a única versão sobre a qual Ridley Scott teve controle artístico completo embora não exista nesta mudanças tão bruscas em relação à versão de 1992, mas sim ajustes na imagem através de uma restauração em 4k.

E para responder ao questionamento inicial deste texto, afinal, Blade Runner 2049 é a sequência de qual versão do primeiro filme. Em diversas entrevistas de divulgação, o diretor do novo filme Denis Villeneuve destacou que esta parte 2 tomou como ponto de referência a versão lançada em 2007. Ou seja, se você não viu o primeiro filme e quer ver o segundo, já sabe agora qual versão procurar.

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3 Comentários

  1. RESUMINDO o Filme de 2049 será uma versão culta e intelectual de “Exterminador do Futuro – GENESES”, onde temos um “Robo/Androide/Replicante/Meca/Seiláoquemais”, que envelheceu trinta anos… Velhice não polpa nem os não humanos mais…

  2. Filme incrível que fez com que eu me tornasse um fã alucinado de ficção científica, lembro quando assisti a primeira vez e fiquei embasbacado com os cenários aliados a trilha impecável de Vangelis e o clima chuvoso e escuro…

    1. Praticamente o senso comum de cyber punk na cultura de massa é todo alicerçado neste filme.

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